Cocaína - Não há paz com essa branquinha 1f6n1p
Não são raros os casos de overdose pelo consumo exagerado da droga em determinada ocasião ou pela associação com outras substâncias lícitas ou ilícitas de abuso 6l5l60
“Era um bom menino.” Assim que seu Cândido dizia quando se reportava a Cássio, seu único filho. E continuava: “Eu agradecia todos os dias pelo filho que Deus me deu. Hoje só peço misericórdia e que Ele opere um milagre em sua vida. Quero meu filho de volta. Quero ver de novo aquele sonho estampado em seus olhos”.
Cássio era um menino obediente, ia bem na escola. Os pais trabalhavam muito, mas queriam a companhia do filho nos finais de semana, nas férias e quando estavam em casa.

O menino sempre atendia os pais, até que aos 16 anos de idade veio a rebeldia, que parecia coisa de adolescente, contrariava os pais em tudo, perdeu o interesse pelos estudos, justo quando se aproximava o ano de pensar na faculdade. Estava tão próximo ao vestibular e não era hora para deixar a vontade de lado, deveria agora esforçar-se mais, já que sonhava em ser engenheiro civil como o pai.
A coordenadora do colégio entrou em contato com a mãe para contar que Cássio vinha faltando muito as aulas e que não era mais tão participativo em sala como no ano anterior. Isso preocupou muito o casal, que começou a vasculhar o quarto do rapaz e encontrou um envelope com um pó branco em seu interior. Procuraram um amigo policial, que lhes disse tratar-se de cocaína e que deveriam levar o garoto a um médico.
Cássio estava bem emagrecido, trocava a noite pelo dia e ficava hostil quando os pais tentavam impedi-lo de sair de casa. Descobriram que ele estava andando com outros rapazes, mais ou menos da sua idade, que eram consumidores do “pó” e que, inclusive, um deles havia sido preso por ter furtado pertences de dentro de um carro estacionado em via pública, isso para vender a preço de bagatela com a intenção de comprar droga.
Cássio estava rebelde, não aceitava qualquer intervenção dos pais no sentido de tratá-lo, até que quase foi morto por rapazes pertencentes a um grupo rival de outro bairro. Foi então que aceitou a ajuda oferecida pelos pais, sendo levado a um psiquiatra, quando iniciou um tratamento médico, sendo logo encaminhado pelo profissional à psicoterapia e ao grupo de apoio.
A cocaína pode ser aspirada, injetada ou fumada. Neste último caso, recebe o nome de crack, pasta-base, merla e oxi. Todos os modos de consumo podem causar dependência, todavia as formas de ação muito rápidas, como a injetável e a fumada são mais viciantes.
É uma droga de ação estimulante, cujos principais efeitos são: euforia breve, mais energia, diminuição da necessidade de sono e sensação de bem-estar, ideias de grandeza, impulsividade, agitação psicomotora e agressividade. Muitas vezes surgem sintomas psicóticos como falsas percepções e ideias de que está sendo perseguido. Há também prejuízo da atenção, concentração e memória, assim como da tomada de decisão.
Com o tempo, há necessidade de quantidade cada vez maior e quando o consumo é diminuído ou cessado temporariamente, surgem sintomas de abstinência da droga com falta de prazer e energia, agitação, ansiedade, depressão e até ideias de suicídio. O uso frequente pode causar sérios problemas na cavidade bucal e nasal, inclusive com a destruição do septo que separa as narinas.
Não são raros os casos de overdose pelo consumo exagerado da droga em determinada ocasião ou pela associação com outras substâncias lícitas ou ilícitas de abuso. Como a cocaína também age nos vasos sanguíneos, há risco de infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral.
Cássio hoje está bem melhor, aceitando o tratamento e compenetrado na sua recuperação. Terminou agora, a duras penas, o nível médio, mas prefere fazer um cursinho no próximo ano e só então realizar as provas do vestibular. Acha que agora não está preparado, porque pouco aproveitou os estudos dos últimos anos. Tomara que tudo dê certo.