Saúde Mental 5m4268

Anorexia Nervosa 1g1m1y

Conta D. Ana que Laura era bem “pesadinha” quando criança, comia de tudo. Aos 10 anos, na escola, já sofria bullying, sendo chamada o tempo todo de “gordinha” pelos colegas e até mesmo por familiares, o que parecia não lhe trazer qualquer incômodo até aquele momento da sua vida.   Aos 12 anos veio a menarca […] 193h6c

Conta D. Ana que Laura era bem “pesadinha” quando criança, comia de tudo. Aos 10 anos, na escola, já sofria bullying, sendo chamada o tempo todo de “gordinha” pelos colegas e até mesmo por familiares, o que parecia não lhe trazer qualquer incômodo até aquele momento da sua vida.  

Aos 12 anos veio a menarca e cerca de um ano depois, já mais mocinha, ela ou a afirmar que havia decidido ter o corpo de uma modelo e que ninguém a chamaria mais de “gorda”.  

Aos 14 anos, Laura ou a comer quase nada em relação ao que comia antes. Todos viam aquilo como o cumprimento de uma promessa, que ela havia feito um ano antes. De obesa transformou-se em magra e de magra em magérrima.  

Aos 16 anos de idade, a adolescente estava desnutrida e anêmica. Há alguns meses havia deixado de menstruar. A tristeza fazia parte de sua vida, isolava-se em casa, saindo apenas para frequentar a escola, ainda assim com repetidas ausências às aulas. Evitava pessoas, inclusive seus amigos mais chegados e frequentemente planejava sua própria morte. 

Engajava-se em dietas de baixíssima caloria para perder peso, pois achava-se “gorda”. Mesmo que lhe dissessem o contrário, continuava a achar-se obesa, com temor ilógico de aumentar ainda mais o peso que não tinha. Evitava olhar-se no espelho, principalmente quando despida; achava-se feia e parecia rejeitar a si própria.  

Desde seus 14 anos de idade, seu pediatra vinha lhe indicando tratamento psiquiátrico, mas apenas aos 17 anos os pais resolveram levá-la a esse profissional. Laura estava sofrendo de anorexia nervosa.  

A anorexia nervosa é uma enfermidade psiquiátrica, que tem início geralmente na adolescência e acomete principalmente o sexo feminino. Sabe-se que sua causa se deve à predisposição genética, associada a fatores ambientais. É uma enfermidade grave, com sérios prejuízos ao corpo e à mente haja vista a carência de nutrientes autoinfligida, com elevado risco de letalidade, tanto por complicações clínicas quanto por suicídio.  

Há uma alteração gritante da imagem corporal e a pessoa anoréxica (ou anorética) não consegue se ver como realmente está, patologicamente magra, às vezes caquética e, pior, teme ganhar peso e luta contra esta possibilidade, daí a restrição alimentar severa a que ela mesma se impõe.  

São pessoas que desenvolvem frequentemente quadros depressivos e isolam-se de amigos e familiares, muitas vezes porque não toleram cobranças que não vê como lógicas como, por exemplo, quando lhe dizem que está magra e que precisa alimentar-se melhor.  

A desnutrição traz carências múltiplas (de proteínas, carboidratos, vitaminas, etc.) e alterações hormonais, sendo a suspensão da menstruação ou amenorreia comum nesses quadros.  

O tratamento não é fácil, exatamente pela não aceitação da doença, e muitas vezes só é conseguido já em estágios mais graves, com complicações clínicas, quando já há necessidade de hospitalização. Muitos pacientes vão necessitar de cuidados maiores em unidades de terapia intensiva e, infelizmente, alguns vão evoluir para o óbito. Nos casos menos graves, há necessidade de acompanhamento pediátrico ou clínico, juntamente com tratamento psiquiátrico e apoio psicológico individual e familiar. 

Laura foi um caso grave, que necessitou de hospitalização clínica, seguida de tratamento psiquiátrico, também hospitalar. Felizmente não chegou a necessitar de cuidados em unidade de terapia intensiva. Hoje, com 24 anos de idade, mantém tratamento psiquiátrico e psicológico ambulatoriais, ainda com grande esforço para não ganhar muito peso, porém sem atingir níveis patológicos de desnutrição. Acabou de graduar-se em enfermagem e está à procura de trabalho para exercer sua profissão. Laura é uma das vencedoras no enfrentamento a essa doença, mas não podemos esquecer que nem todas as histórias terminam assim. 

Este conteúdo reflete, apenas, a opinião do colunista Saúde Mental, e não configura o pensamento editorial do Primeira Página.

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