Saúde Mental 5m4268

Adolescência – A idade da rebeldia 5ja5f

Mais importante do que o conhecimento é o autoconhecimento e há muita resistência de o jovem autoconhecer-se profundamente nessa fase da vida 723ml

E de repente lá se vai a infância. O jovem experimenta sua segunda grande perda. A primeira foi quando deixou o aconchego seguro do útero materno, ainda sem defesas suficientes para enfrentar os perigos da vida aqui fora, os inimigos visíveis e invisíveis que o circundam. Agora perde a inocência, a proteção dos mais velhos e o perdão incondicional por seus erros.

Dr Marcos Estevão

A adolescência é um período de transição entre a ingenuidade infantil e a autossuficiência da juventude. É aí que surgem novas descobertas, novas experiências, novos conhecimentos, novas atitudes. Mais importante do que o conhecimento é o autoconhecimento e há muita resistência de o jovem autoconhecer-se profundamente nessa fase da vida. Ele se conhece superficialmente, olha-se no espelho e vê apenas o que pretende. A adolescência é uma época de mudanças físicas e emocionais e de busca por autonomia e identidade.

Mas, é o adolescente de hoje parecido com aquele do século ado? Certamente que não, apesar de que as características básicas da idade permanecem. As mudanças se devem aos aspectos sociais e culturais que também mudaram, além das novas tecnologias que surgiram.

Antes as regras sociais eram mais rígidas, estipulavam comportamentos e responsabilidades pré-estabelecidos. A trajetória do jovem seguia a educação formal, o trabalho com início ainda na adolescência e a precocidade na constituição de família. Os círculos sociais do jovem limitavam-se aos parentes, à vizinhança e à escola. Os diálogos desenvolviam-se face a face e eram frequentes as amizades que iniciavam na infância e perduravam por toda a vida. Encontros em casas de amigos, festas e esportes eram atividades comuns como meios de socialização no cotidiano dos jovens.

Sabe-se, porém, que a sociedade está em constante transformação. Hoje o ritmo do jovem é frenético, imerso num mundo digital. A interação entre os adolescentes deixou de ser face a face, dando lugar às redes sociais e seus inúmeros aplicativos. A princípio parece que a socialização é maior hoje do que no ado, visto a vastidão das conexões através das redes sociais, mas não há a solidez que antes existia, as relações são superficiais. O jovem tem dezenas, centenas, milhares ou milhões de amigos, mas poucos são como antigamente.

Há vantagens e desvantagens no mundo atual dos jovens. Entre os fatores positivos observa-se que em meio a esses relacionamentos, há comumente o contato com outras culturas e outros idiomas, que podem ser incorporados como novos conhecimentos. Entre os fatores negativos pontuam-se a exposição maciça de dados, o cyberbullying, as fake news e as comparações com falsos perfis de sucesso e beleza que provocam a angústia daqueles mais propensos à autodepreciação.

Hoje ainda há muitas pressões em relação ao futuro acadêmico e profissional do jovem, mas também aumentou consideravelmente o número de carreiras e estilos de vida ao seu alcance. Há maior preocupação e respeito do adolescente com sua individualidade, com sua opinião e com a expressão de sua identidade.

Apesar de tudo, permanece a busca incessante por aceitação do seu modo e de expressão contra as normas sociais, o que conceituou no ado e permanece conceituando no presente a adolescência como a idade da rebeldia. O comportamento rebelde de nossos jovens, com desafios a normas sociais, com imposição de seus pontos de vista, muitas vezes trazem desgastes em suas relações familiares e sociais.

Isso tudo associado às pressões e às competições da vida moderna talvez sejam fatores de aumento dos casos de ansiedade e depressão entre eles, o que tem preocupado muito a política de saúde mental dos adolescentes do mundo atual. Por isso, é de extrema importância que pais, educadores e toda a sociedade compreendam a dificuldade desta fase e que se empenhem em projetos que visem a melhora emocional dos jovens, permitindo que eles expressem seus sentimentos, sem deixar de lhes mostrar seus limites.

É importante incentivar o esporte, a rede presencial de amigos, a arte e a criatividade. A meditação, boa alimentação e respeito ao sono são também grandes ferramentas de apoio em prol da saúde mental. É necessário conversar com o jovem, incentivá-lo a reconhecer suas dificuldades e conversar sobre elas, buscando ajuda profissional se for necessário, pois quando os problemas começam a ser vistos e tratados precocemente, ainda na infância ou adolescência, cresce a possibilidade de uma vida adulta mais saudável.

Este conteúdo reflete, apenas, a opinião do colunista Saúde Mental, e não configura o pensamento editorial do Primeira Página.

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