A vida não para 6u2t6v
O dinamismo da vida é composto de idas e vindas, de perdas e ganhos, de tristezas e alegrias, de términos e recomeços 19146j
Como disse Lenine “A vida não para”. O dinamismo da vida é composto de idas e vindas, de perdas e ganhos, de tristezas e alegrias, de términos e recomeços. É o sofrimento, porém, que impacta a saúde mental e é nele que devemos focar para minimizar os danos psíquicos.

Em determinados momentos da vida, as dores que sentimos se assemelham à dor da separação que, por sua vez, é comparada ao estado de luto, que não se refere apenas à perda por morte, mas também a diferentes perdas, aquelas que nos deixam um vazio, aparentemente, inável. Isso pode ocorrer ao término de determinada jornada, da qual não pretendemos nos desprender, muitas vezes atrelada ao ano civil.
Faz-se importante ter claro que nem todo fim de ano é um término, assim como nem todo começo de ano é um recomeço. Aqueles que julgam mortas suas expectativas em 2023, sofrem por isso, enfrentam uma verdadeira reação de luto pela perda de 2022, ando lentamente por seus estágios, mantendo fantasias de morte e ressurreição de suas ideias, planos e ações, não se permitindo ou adiando, indeterminadamente, o enterro de seus mortos.
O estágio de negação, que é a primeira fase do luto, geralmente é a mais curta, às vezes apenas de algumas horas. É quando ocorre uma reação de choque e de total descrédito ao fato ocorrido, em que aqueles, que enfrentam determinada perda, não entendem por que isso aconteceu e por que com eles. Frequentemente isolam-se da realidade que os cerca.
A raiva é o segundo estágio, período de tempo em que as pessoas, que experimentam alguma perda expressiva, quebram o isolamento, substituindo-o pela revolta, tentando achar culpados pela perda, com manifestações de ira e agressividade, muitas vezes voltando-se contra pessoas próximas e até mesmo contra Deus.
A barganha é o terceiro estágio, quando a pessoa, fantasiosamente, tenta voltar atrás, retroceder no tempo. Vem carregada de culpa, uma vez que chega a pensar que poderia ter agido diferente para evitar a perda. A barganha, geralmente, envolve algo milagroso, como uma ação divina.
A depressão (seria melhor chamá-la de tristeza) é o quarto estágio, quando há a certeza da perda. Aqui a tristeza é vivida isoladamente ou ainda com a presença de revolta. Observa-se que planos e sonhos ficaram para trás. Para muitos, vencer o sofrimento não é nada fácil, superar a perda, a ruptura de planos é sempre difícil. É necessário entender que, no momento, não há outra solução.
A aceitação é o quinto estágio, quando, além da certeza da perda, há também a certeza de sua irreversibilidade. É quando “cai, definitivamente, a ficha” e a vida volta, paulatinamente, à normalidade ou quase isso.
Cada estágio seguinte não faz que, necessariamente, desapareçam os anteriores, mas estes, quando presentes, perdem força em relação ao atual.
Todo luto a pelos cinco estágios e cada um deles pode ser breve ou prolongado. Para a saúde mental é importante que se chegue ao quinto estágio ou estágio de aceitação, quando elaboramos as perdas. Só conseguiremos fazer isso, se enterrarmos nossos mortos. Afinal, a vida não para.
Vamos ler a letra de Paciência, a melodia de Lenine e depois escutá-la. Feliz 2023 e que não precisemos viver nenhum luto neste, nem nos próximos anos.