Investigação de crimes contra dignidade sexual "domina" campanha pelo governo de MS 2c252q

Faltando pouco mais de 2 meses para o eleitor escolher quem vai governar Mato Grosso do Sul a partir de janeiro de 2023, o foco da campanha eleitoral não tem nada a ver com os programas dos 8 pré-candidatos. Só se fala de investigação da Polícia Civil sobre crimes sexuais que tem o ex-prefeito de Campo Grande, Marcos Marcelo Trad (PSD), como personagem principal.

Coletiva da Polícia Civil
Coletiva da Polícia Civil sobre o caso. (Foto: Anderson Viegas)

Marquinhos, por meio de duas advogadas de defesa, ite relações extraconjugais, com duas mulheres, nega ter cometido crimes, e afirma estar sendo alvo de armação para atingir sua imagem na disputa eleitoral. Alega, inclusive, ter obtido comprovação de pagamento de valores às denunciantes para atacá-lo.

É uma verdadeira “guerra de versões”, a ponto de terem sido criados dois canais para denúncia.

Um número é da Polícia Civil, para receber informações de eventuais novas vítimas do ex-prefeito. O outro é da defesa do político do PSD, colocado à disposição de mulheres que, conforme afirmaram as advogadas, tenham sido coagidas a fazer acusações.

O escândalo já bateu na Justiça. Houve pedido de medidas protetivas por três mulheres e de apreensão do celular de Marquinhos. Mas o entendimento foi de não se tratar de caso de aplicação da “Lei Maria da Penha” e as solicitações foram rejeitadas.

A investigação u5227

Na Polícia Civil, o assunto é tocado como prioridade, tanto que uma entrevista coletiva foi dada nesta manhã pela cúpula da corporação. O diretor-geral, Roberto Gurgel, o diretor de Polícia Especializada, Edilson dos Santos, e a delegada-adjunta da Deam (Delegacia de Atendimento à Mulher), Maíra Machado, atenderam a imprensa no prédio da Diretoria. O espaço é raramente usado para esse fim.

As autoridades confirmaram a existência do inquérito, deram informações gerais sobre o assunto, divulgaram o número para receber denúncia, mas com o cuidado de não citar o nome do ex-prefeito, sob alegação do segredo de justiça. Os fatos são de 2020 e 2021.

O teor, porém, já havia vazado há alguns dias. Marquinhos, de 57 anos, figura em inquérito policial como suspeito de assédio sexual, tentativa de estupro, favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual e importunação sexual. As vítimas são 4 mulheres, com idades entre 22 e 31 anos.

Marquinhos Trad faz discurso em tom de despedida na Câmara Municipal
O ex-prefeito de Campo Grande Marquinhos Trad. Izaías Medeiros/ CMCG)

Elas disseram ter mantido relações sexuais com o ex-prefeito, inclusive dentro do gabinete dele no Paço Municipal, em troca de dinheiro e promessa de vantagens como emprego público. Uma chegou a ser encaminhada a um programa, o Proinc (Programa de Inclusão Social), destinado a dar oportunidade a jovens de baixa renda, com a contratação para serviços públicos.

Um caso mais antigo, investigado em 2018, envolvia assédio a uma adolescente de 17 anos, na época funcionária do Instituto Mirim. Essa investigação foi concluída e relatada à Justiça, onde correu em segredo. Conforme a defesa, foi arquivada.

Festa, droga e tapa na cara 7360e

A apuração policial também envolve um delegado de Polícia Civil e dois empresários. Eles teriam participado de uma festa em Coxim, com a presença de três garotas de programa, às quais foram pagos R$ 3 mil. Houve sexo consentido, mas segundo elas também aconteceu tentativa de abuso sexual.

O grupo, conforme o relato feito em peça investigatória oficial, foi e voltou de avião, saído do aeroporto Santa Maria em Campo Grande.

Uma das mulheres disse ter levado um tapa no rosto do delegado, em circunstância não esclarecida. Um dos empresários teria ofertado drogas às mulheres, comportamento considerado crime.

Em relação a esse episódio, os ilícitos apontados são favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração, oferecer droga eventualmente, e vias de fato (uma contravenção penal).

A representação legal de Marquinhos defende que esse fato seja apartado da investigação, até porque o prefeito nem estava presente.

Versão da Polícia Civil 4n2t3h


Na coletiva desta manhã, o diretor-geral da Polícia Civil adotou tom duro quando perguntado sobre conotação política na divulgação das apurações do caso.

“Não estamos tratando de um caso política. É um caso de polícia”, afirmou Gurgel. “Quem faz política é lá fora”, citou. “O que se fala e o que se propaga lá fora, é responsabilidade de quem fala e quem propaga”, declarou.

Nas explicações sobre o motivo da entrevista, Gurgel disse que a conversa com a imprensa foi convocada para prestar contas dos trabalhos “como instituição de Estado”, e também em respeito à imprensa, pois detalhes haviam se tornado públicos.

Foi citado também por ele um grupo de vereadores de Campo Grande que pediu explicações ontem sobre o inquérito.

“A Polícia Civil não foi atrás de absolutamente ninguém, e sim nos fomos procurados, só que todo e qualquer fato que nos é apresentado, seja por A ou por B, nós vamos apurar”, assegurou.

A delegada Maíra Machado, sempre ressaltando tratar-se de documentos sigilosos, relatou estar apurando crimes contra a dignidade sexual, assédio, estupro na forma tentada e favorecimento à prostituição.

Primeiro, contou, chegaram 4 vítimas. “Depois outras vítimas”, disse. Instigada a falar o total de vítimas, rejeitou o pedido, novamente em razão do segredo de justiça imposto aos autos.

Por enquanto, disse, estão ocorrendo oitivas e diligências.

Quando ao canal aberto para novas vítimas, observou ser essa uma providência rotineira. “É assim que todas as campanhas, palestras, deixamos um canal para vítimas”.

Existe, ainda, a suspeita de cometimento de agressão à Lei de Improbidade istrativa por parte do ex-prefeito de Campo Grande, em razão do uso do espaço público e de sua função para beneficiar as mulheres com quem manteve relações

Vítima, é vítima 2e551n

Maíra Pacheco citou o tempo de trabalho na área de combate à violência contra a mulher, 7 anos, para citar que a única materialidade de crimes sexuais do tipo costuma ser a palavra da vítima. “São crimes cometidos dentro de quatro paredes”, lembrou.

“Devemos ter o maior respeito pelas vítimas. Existe no Brasil, até por conta de um sistema patriarcal, uma cultura do estupro, onde, quando se denuncia o crime contra dignidade sexual, a primeira pessoal julgada é a vítima”, asseverou.

Novamente perguntada sobre números, respondeu apenas “algumas”. O número total não poderia ser fornecido, reforçou.

Versão da defesa de Marquinhos 1m655b

O ex-prefeito de Campo Grande, que disputa o cargo de governo do Estado em outubro, escalou as advogadas Andrea Flores e Rejane Alves de Arruda, para apresentar suas argumentações sobre as suspeitas de crimes contra a dignidade sexual.

Segundo as profissionais do Direito, o cliente é vítima de uma armação e providências serão tomadas. “Vamos solicitar abertura de inquérito para investigar denunciação caluniosa e já temos a autoria dela”, afirmou Andrea Flores.

Advogadas
Advogadas Andrea Flores e Rejane Alves de Arruda. (Foto: Anderson Viegas)

A advogada disse que o ex-prefeito só procurou o escritório depois da divulgação de trechos dos documentos, em tese sigilosos.

“Vamos provar que houve crime sim, mas não foi Marquinhos quem praticou, mas estas pessoas que estão fazendo armação e são ligadas a candidato opositor”, afirmou.

Ela lembrou que durante o inquérito, a delegada responsável chegou a pedir medida protetiva de urgência para as mulheres, “o que foi indeferido pela justiça por entender que não era caso de violência doméstica, familiar ou intima de afeto”.

Informou, ainda, que na segunda decisão, a juíza negou apreensão do celular de Marquinhos. Na avaliação da defesa, isso demostra fragilidade na investigação.

“Pessoas estão sendo aliciadas, recebendo dinheiro para chegar em autoridades e contar mentiras, histórias fraudulentas, para formar um inquérito contaminado de mentiras ”, acusou Rejane Alves.

Há, segundo a dupla de advogadas, provas de armação nos depoimentos. São relacionados, sem apresentação, comprovantes de transferência bancária e propostas financeiras em troca de fotos ou vídeos.

“Temos certeza de que há uma armação feita pela oposição, cooptada através de uma cafetina, para que garotas de programas venham fazer estas falsas denúncias. Já está comprovado e vamos, na medida do possível, trazer à tona. Vamos tomar todo cuidado em proteger estas moças, que são vítimas desta armação. Elas poderão nos contatar. Somos mulheres e vamos protegê-las. Que quiser nos procurar, contar que foram cooptadas, ofereceram tanto, estou com medo, vamos ajudar. Vamos protegê-las, atender estas mulheres e acompanhar no que for preciso”, prometeu.

Sobre o vazamento das informações, os delegados garantiram não ter saído da Polícia Civil, e afirmaram que outras partes têm o aos autos. Não foi anunciada abertura de apuração de responsabilidade.

O inquérito tem prazo de conclusão de 30 dias, a partir da abertura. Esse tempo pode ser prorrogado, conforme pedido da autoridade policial. Depois, o documento é relatado ao Judiciário e fica a cargo do Ministério Público de Mato Grosso do Sul apresentar ou não a denúncia.

Números 2o5b1w

67 99324-4898 é o telefone anunciado pela Polícia Civil para denúncias em relação ao ex-prefeito Marquinhos Trad.

67 99968-5685 é o telefone anunciado pelas advogadas do ex-prefeito, com o objetivo de receber informações sobre mulheres supostamente coagidas a fazer denúncias.

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