Grupo faz protesto na ALMT após deputado comparar mulheres a vacas 1b3239
Entidades defenderam a abertura de um processo de cassação do mandato do deputado 3fc37
Mulheres fazem protesto nesta quarta-feira (7) na ALMT (Assembleia Legislativa de Mato Grosso) em repúdio às declarações do deputado estadual Gilberto Cattani (PL), que comparou as vacas que cria a mulheres. Após repercussão negativa, o deputado pediu desculpas às vacas pela comparação. (Veja abaixo).
A fala de Cattani é considerada violenta pelos movimentos de mulheres do estado. O grupo pede a cassação do mandato do deputado estadual. A equipe do Primeira Página entrou em contato com o deputado para falar sobre a manifestação, mas ele informou que não vai se manifestar sobre o caso.
“Nós consideramos que é um desrespeito um deputado que ofende mulheres estar como presidente da comissão de direitos das mulheres. Nós exigimos que o deputado Cattani seja retirado dessa comissão porque não representa os direitos das mulheres”, disse a professora Patrícia Souza, que participa da manifestação.
Além disso, a educadora exigiu respeito do parlamentar. “Nós não somos vacas que eles colocam pra reproduzir, nós somos seres humanos e nós exigimos respeito desta Casa e o decoro que cada parlamentar diz ter, quando assume o cargo público”.
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Outras entidades, como a Defensoria Pública de Mato Grosso e a Seccional no estado da Ordem dos Advogados do Brasil defenderam a abertura de um processo de cassação do mandato do deputado.
O Ministério Público já aceitou a denúncia de “discriminação de gênero” feita pela OAB-MT.
Após pedido da OAB-MT e da Defensoria Pública do Estado, a presidente em exercício da ALMT, deputada Janaina Riva (MDB), determinou a instalação de Comissão de Ética para investigar falas machistas do deputado Cattani.
A Comissão de Ética da Casa ainda não foi instalada, mas a presidente da ALMT determinou que os partidos e blocos façam suas indicações. A presidente interina já havia criticado as falas de Cattani. Em nota, disse que repudia qualquer comparação entre mulheres e animais.
Para ela, ao tratar pautas femininas com tanta banalização e deboche, demonstra o quanto ainda é preciso avançar em políticas públicas que combatam a misoginia e o preconceito.
A fala do deputado foi feita em audiência de instalação da Frente Parlamentar de Combate ao Aborto – “Pró-Vida”, no dia 15 de maio. (Veja o vídeo)
Crime 683z4l
Além de enviar o caso para análise da ALMT, a OAB também pediu uma investigação criminal sobre as falas do deputado.
O Ministério Público atendeu ao pleito e determinou uma investigação do Naco (Núcleo de Ações de Competência Originária).
A polêmica 1o3q15
Cattani se manifestou contra o aborto na audiência e usou a comparação com uma vaca para demostrar a ordem natural e fazer críticas aos movimentos feministas.
“A partir do segundo que a minha vaca foi fecundada pelo sémen do touro, eu tenho um bezerro a mais na minha fazenda, é só esperar 9 meses, ele vai nascer e assim por diante. Conosco, ser humano, é a mesma coisa”, disse. (Veja o vídeo)
Ainda argumentando o seu pensamento sobre o assunto, Cattani disse que existem duas espécies no mundo, a primeira com o útero para dentro e outra com o útero para fora, como as galinhas. Em seguida, falou sobre a formação do pintinho dentro do ovo.
Seguiu dizendo que a humanidade está libertina, ou seja, as pessoas estão desprovidas da maioria dos princípios morais e senso de responsabilidade.
“Nossa sociedade está doente. As pessoas não dão mais valor à família, aos valores familiares, pelo respeito ao pais e os pais com os filhos, não ensinam como se respeitarem, ficam se doando, se menosprezando por aí”, disse.
Argumentou, sem mostrar a fonte, que na maioria das vezes a gravidez é resultado de estouro de camisinha.
Criticou a falta de políticas públicas do estado brasileiro e disse que há políticas públicas para destruir as famílias.
Afirmou que, hipoteticamente, a distribuição de camisinha nas escolas, que, segundo ele, leva a entender que os jovens devem fazer sexo.
Para ele, a sociedade precisa mudar “para que não cheguemos ao cúmulo da mulher pensar que pode matar uma criança que está em sua barriga”.
Também fez críticas ao ministro do Direitos Humanos, Silvio Almeida, que em audiência do Congresso Nacional, se negou a receber um boneco representativo de um bebê de semanas.