5 anos após ter sido assassinada, a voz de Marielle Franco ainda ecoa 1b6d1u

“Não serei interrompida”, foram as palavras ditas por Marielle, em tons exaltados durante sessão na Câmara, poucos dias antes de ser assassinada, em 8 de março de 2018. 351l

“Não sou livre enquanto outra mulher for prisioneira, mesmo que as correntes dela sejam diferentes das minhas”, disse Marielle Franco, 30 minutos antes de ser assassinada, no dia 14 de março de 2018 no Rio de Janeiro. Os tiros que mataram a vereadora e o motorista Anderson Gomes interromperam trajetórias, mas não foram capazes de silenciar as pautas que ela representava.

Marielle foi assassinada no dia 14 de março de 2018 no Rio de Janeiro. (Foto: Divulgação).
Marielle foi assassinada no dia 14 de março de 2018 no Rio de Janeiro. (Foto: Divulgação).

Desde então, o grito “Marielle, presente!” ou a ser ouvido em manifestações pelo país, em homenagem e memória a quem dedicou boa parte da vida na luta contra desigualdades na sociedade.

Até hoje a polícia não identificou o motivo e nem os autores dos assassinatos.

As palavras ditas por Marielle no encerramento do evento Jovens Negras Movendo as Estruturas eram emprestadas da norte-americana Audre Lorde, ativista pelos direitos das mulheres, negros e homossexuais. Na sequência, ela se despediu com a frase “Vamos juntos ocupar tudo”.

Eram frases que simbolizavam identidades expressas com orgulho e que marcaram a trajetória de seus 38 anos de vida, dedicados à defesa de minorias e de grupos socialmente oprimidos.

A morte ecoou o nome da vereadora pelo mundo. De um crime, surgiu um símbolo e inspiração para os que defendem os direitos humanos e a justiça social.

Rosto da vereadora ou a estampar murais e grafites em diferentes partes do Brasil. (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil).
Rosto da vereadora ou a estampar murais e grafites em diferentes partes do Brasil. (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil).

O dia 14 de março virou “Dia Marielle Franco – Dia de Luta contra o genocídio da Mulher Negra” no calendário oficial do Estado do Rio de Janeiro e ainda poderá se tornar uma data nacional, caso o projeto de lei enviado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Congresso Nacional, na semana ada, seja aprovado.

A proposta de Lula é que a data tenha como foco: o enfrentamento da violência política de gênero e raça.

Nesses cinco anos, o rosto de Marielle ou a estampar murais e grafites em diferentes partes do Brasil, geralmente acompanhados de pedidos de justiça.

Em 2018, manifestantes colaram uma placa com o nome dela em cima da sinalização da praça Marechal Floriano, no Centro do Rio.

Na época, dois deputados de extrema-direita, Rodrigo Amorim e Daniel Silveira, quebraram a placa em um ato de campanha eleitoral. Como resultado, uma grande mobilização, que incluiu financiamento coletivo para garantir a produção de outras milhares de placas iguais à original.

Placa em homenagem à vereadora Marielle Franco no centro da cidade que foi destruída. (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil).
Placa em homenagem à vereadora Marielle Franco, no centro da cidade, que foi destruída. (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil).

Em 2021, a prefeitura do Rio inaugurou oficialmente uma placa na mesma praça. Um ano depois, uma estátua de bronze da vereadora foi colocada no Buraco do Lume, também no Centro, no lugar onde ela costumava se reunir com eleitores e ativistas.

Estátua de bronze de Marielle Franco, colocada no Buraco do Lume, no Centro do Rio de Janeiro. (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil).
Estátua de bronze de Marielle Franco, colocada no Buraco do Lume, no Centro do Rio de Janeiro. (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil).

Para além do solo brasileiro 655m5p

Marielle Franco também virou nome de prêmios: um que contemplava os melhores ensaios feministas de uma editora de livros e outro, aprovado na Câmara dos Vereadores de São Paulo, para celebrar defensores dos direitos humanos na cidade.

Escolas de samba prestaram homenagens no Carnaval de 2019. No Rio, a Estação Primeira de Mangueira citou a vereadora no samba-enredo sobre heróis da resistência. Em São Paulo, o rosto dela foi o destaque de uma ala da Vai-Vai, que apresentou enredo sobre lutas do povo negro.

Além disso, um auditório da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) foi batizado com o nome dela, assim como a tribuna da Câmara Municipal do Rio de Janeiro.

O assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes completa cinco anos nesta terça-feira (14). (Foto: Guilherme Cunha/Alerj).
O assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes completa cinco anos nesta terça-feira (14). (Foto: Guilherme Cunha/Alerj).

O nome Marielle foi reconhecido para além do território nacional quando uma oficina de arte digital foi realizada em Nairóbi, no Quênia, com o nome da vereadora.

Um terraço da Biblioteca Municipal Delle Oblate, em Florença, Itália foi batizado com o nome dela. O mesmo ocorreu com um jardim suspenso em Paris, na França.

O legado de Marielle também foi simbolizado, através de seu nome, em uma parada de ônibus em Grenoble, no sudeste da França; em uma rua em Lisboa, Portugal; numa bolsa de estudos na universidade Johns Hopkins, em Washington, DC, Estados Unidos.

O rosto da “mulher, negra, mãe e cria da favela” como ela mesma se definia, foi pintado em um mural em Berlim, Alemanha, e em um grafite na fachada do Museu Stedelijk, em Amsterdã, Holanda.

Legado político 295g9

Para além das homenagens, o legado de Marielle continuou vivo, principalmente pela ação política direta das que assumiram as pautas que ela defendia.

Mônica Benício foi eleita vereadora no Rio pelo PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) em 2020 com 22.919 votos. Na campanha, prometeu representar os projetos de Marielle, focar nos direitos humanos e nas demandas do universo LGBTQIA+.

Em 2019, três assessoras diretas da Marielle – igualmente negras e vindas de favelas – assumiram mandatos como deputadas estaduais. Renata Souza, Dani Monteiro e Mônica Francisco fizeram parte da bancada do PSOL na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).

Na eleição seguinte, em 2022, as duas primeiras tiveram um aumento expressivo de votos e conquistaram um segundo mandato. Renata Souza, saiu de 63.937 para 174.132 votos; Dani Monteiro, de 27.982 para 50.140 votos.

Renata Souza e Dani Monteiro estão entre as 44 pessoas eleitas em 2022, no Congresso Nacional e nas Assembleias Legislativas do país, que adotaram as diretrizes da Agenda Marielle Franco.

O projeto, criado em 2020, reúne vários compromissos políticos inspirados no legado da vereadora, como antirracismo, feminismo, direitos LGBTQIA+, saúde e educação pública, justiça ambiental e climática, além de demandas de moradores de favelas e periferias.

Anielle Franco, irmã de Marielle e ministra da Igualdade Racial, fala da trajetória da vereadora como um ato que serviu para “abrir caminhos”, trazendo uma visão fortalecida para mulheres, principalmente para mulheres negras, mas também para todas as que se reconheciam nela e na luta dela.

Voz que ainda ecoa 4h5d3k

Apesar de ter seu trabalho político interrompido, nove dos 19 projetos de lei criados por Marielle foram aprovados após seu assassinato.

Nove dos 19 projetos de lei criados por Marielle foram aprovados após seu assassinato. (Foto: Agência Brasil).
Nove dos 19 projetos de lei criados por Marielle foram aprovados após seu assassinato. (Foto: Agência Brasil).

Em 13 meses de mandato, Marielle se envolveu oficialmente em 118 proposições na Assembleia do Rio, entre projetos, moções, requerimentos, ofícios e emendas.

Em destaque estão os projetos de lei: foram 17 ordinários – oito deles iniciados apenas por ela e oito em conjunto com outros vereadores – e um pela Comissão de Defesa da Mulher, da qual era presidente. Também houve a apresentação de um projeto de lei complementar.

Outras nove leis foram aprovadas depois da morte da vereadora. Entre os temas, predominaram: direitos humanos, cidadania, saúde, educação e direitos das mulheres. A continuidade dos projetos políticos confirma as palavras da própria Marielle, ditas em tom exaltado durante sessão na Câmara poucos dias antes de ser assassinada, em 8 de março de 2018: “Não serei interrompida”.

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Marielle nasceu em 27 de julho de 1979, filha de Marinete da Silva e de Antônio Francisco da Silva Neto.

Mulher negra, que cresceu no Conjunto Esperança, no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio de Janeiro.

Na adolescência, alternou momentos em que trabalhou com o pai, frequentou grupo jovem da igreja católica e até foi dançarina da equipe de funk Furacão 2000. Com 19 anos, tornou-se mãe de uma menina, Luyara Santos.

Em 2005, perdeu uma amiga, baleada durante tiroteio na favela, foi essa experiência que acirrou o desejo de militar em defesa dos direitos humanos.

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