Feito em vários países, álbum de Terminal Guadalupe é retrato do Brasil 5p957
Com os integrantes da banda morando no Brasil, Portugal e Alemanha, o jeito foi se reunir pela internet para conseguir concluir o novo álbum 6ww3f
Os integrantes da banda Terminal Guadalupe precisaram usar da tecnologia para superar as barreiras físicas criadas pelas fronteiras e a pandemia. Com cada um morando em um país, o jeito foi se reunir no WhatsApp e aprender a lidar com a criação de forma diferente.

Prova de que o esforço recompensa é o lançamento do disco “Agora e Sempre” (Loop Discos, 2022), o primeiro após um hiato de 15 anos.
“O processo de criação do álbum foi inédito na história da banda, nunca tínhamos participado de uma experiência parecida onde todos os integrantes estavam distantes um do outro, precisamos trocar muitas mensagens no Whats e exigiu principalmente paciência e concentração, porque era preciso separar as ideias, trabalhá-las, e desenvolver as músicas dentro do que os colegas da banda tinham feito”, afirma o pantaneiro, radicado em Curitiba, e vocalista da banda, Dary Esteves Jr.
Um em cada canto 164ea
Em Portugal, o paulistano Allan Yokohama (guitarra, violão, programações e voz) esculpia os arranjos, entre ritmos latinos, batidas programadas e violões distorcidos. Na Alemanha, o curitibano Fabiano Ferronato (bateria) criava as fundações das músicas novas, com vigor, pulsação e silêncios. No Brasil, o pantaneiro – radicado em Curitiba – Dary Esteves Jr. (voz) modulava o discurso sem renunciar a canções.

O grupo de Whats, inicialmente, só ficou completo com a chegada do carioca Marcelo Caldas (baixo), da banda portuguesa The Invisible Age. Ele era velho conhecido da estrada: foi integrante do grupo Glam Cabaret, que dividiu palcos com o Terminal Guadalupe em 2006 e 2007. Foi Marcelo quem também trouxe o produtor Iuri Freiberger.
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“Foi necessário um produtor para colocar todas as ideias em ordem. A participação do produtor foi fundamental, porque sem ele não seria possível unir todas as ideias e dar uma unidade sonora, uma cara a mais para o disco. O produtor Iury foi fundamental, ele divide com o guitarrista Allan Yokohama a produção”, ressalta Dary.
Apesar disso, o vocalista confessa que sentiu falta da presença física dos companheiros. “Eu senti falta da presença, dos integrantes da banda, isso me marcou profundamente, não tê-los por perto”, pontua.
Brasil inspira 6w4qr
Para Dary, viver todo esse processo de criação durante a pandemia influenciou diretamente na produção do álbum, um retrato denso, sombrio, algo melancólico, mas com um fio de esperança.
O novo álbum traz canções em português, inglês, espanhol e italiano, fruto do esforço da banda para se comunicar com novos e diferentes públicos. Em “Ahora Y Siempre”, por exemplo, o convidado é o cantor e compositor uruguaio Dany López. Em “Privè”, a participação foi do cantor e compositor carioca Franco Cava, muito querido na Itália.
“As músicas transitam por universos diferentes, mas sempre chamam as coisas pelo nome, com a crueza de sentimentos que a realidade impõe. Isso torna o disco muito pesado ao mesmo tempo em que deixa claro: desistir não é uma opção. Buscamos forças. E recorremos a ironia, crítica e esperança para equilibrar as emoções”, frisa Dary.
A banda defende que usa bases de cúmbia, flamenco, kraut-rock, sessentismo lo-fi e pop contemporâneo nas letras de “Agora e Sempre”, que resgata um discurso histórico de Ulysses Guimarães: “Amaldiçoamos a tirania onde quer que ela desgrace homens e nações, principalmente na América Latina”.
Por enquanto ainda não há data para shows no Brasil. A banda está dedicada a divulgar o álbum e produzir o clipe da música “Exílio”.