1965: O ano da música brasileira 9n5o
De todas as boas safras musicais que o Brasil já teve, a de 65 foi a que mais trouxe resultados para a música brasileira no mercado fonográfico mundial. 5y4n5v
Preciso começar dizendo que não podemos comparar resultados de execução musical de 1965 e dos dias de hoje. Era muito mais difícil ar uma música naquela época.
Hoje todas as músicas do mundo estão no bolso e você não precisa nem tirar o celular pra pedir o que você quer ouvir. Verbalize “Toque Beatles”. E pronto.
Por isso, claro que muita gente vai dizer que algumas músicas brasileiras de hoje tiveram milhões de plays a mais que músicas de antigamente. Que “Ai Se Eu Te Pego” tocou em mais de 40 países e por isso ganhou o mundo. Podem dizer também que a música da Anitta foi a mais bem sucedida da história no mercado fonográfico mundial porque muitos influenciadores internacionais postaram ou porque ela deu entrevista para o Jimmy Fallon.
Agora, não podem falar sobre resultados na Billboard e nem sobre premiações do Grammy International. Nenhuma música brasileira foi tão bem-sucedida no mundo quanto essa que ficou 5 semanas no HOT 100 da Billboard americana, ficou entre as 30 mais tocadas no reino unido e faturou 2 Grammys Internacionais.
A obra em questão é considerada a segunda música mais executada do mundo, atrás apenas de “Yesterday” dos Beatles.
Foi a única vez na história em que o Brasil venceu duas das principais categorias do Grammy International (não é o latino, é O grammy): “Gravação do ano” e “Álbum do ano”.
Como se não fosse suficiente, a mesma música empurrou mais quatro indicações brasileiras no Grammy de 65: Melhor Performance Masculina Pop, Melhor Performance Feminina Pop e dois nomes para Artista Revelação.
A canção sobre qual estamos falando teve a melodia criada por Antônio Carlos Jobim e a letra versada por Vinicius de Moraes.

Mas esses dois dois não são os únicos responsáveis pelo sucesso estrondoso dessa música.
Em 1964, João Gilberto lançou um álbum em parceria com o saxofonista americano Stan Getz. “Getz/Gilberto”. Desse álbum saíram sucessos como “Desafinado”, “Corcovado” e a grande estrela da música brasileira e protagonista do nosso texto: “The Girl From Ipanema”.

Garota de Ipanema foi escrita em inglês porque foi dessa maneira que Gilberto e Getz a lançaram no mercado americano dentro desse álbum. Ela também foi cantada em inglês, alguns trechos.
No Grammy de 1965 concorriam na categoria gravação do ano:
“I Want To Hold Your Hand”- The Beatles
“People”- Barbara Streisand”
“Hello, Dolly!”- Louis Armstrong
“Downtown”- Petula Clark
“The Girl From Ipanema”- Stan Getz & Astrud Gilberto
Astrud Gilberto era a esposa de João Gilberto e cantou algumas cações do álbum, entre elas, “The Girl From Ipanema”. Astrud é venerada nos Estados Unidos até hoje. Nasceu na Bahia, mas morreu na Filadélfia. Os comentários das músicas de Astrud nos vídeos do You Tube são todos em inglês.

Vocês repararam na lista acima? “The Girl From Ipanema” ganhou de um dos maiores hits dos Beatles em 1965. Auge da banda.
Vou reformular a frase. Garota de Ipanema ganhou o Grammy de “gravação do ano” da banda de maior sucesso da história mundial, no auge.
Como se não bastasse esse feito, o álbum Getz/Gilberto, levou pra casa também o troféu de “Álbum do ano”, considerado por muitos o mais importante prêmio do Grammy. É como se fosse para o cinema o Oscar de melhor filme.

Depois disso tivemos outros brasileiros sendo premiados no Grammy International, mas nunca mais nessas duas categorias. Nunca mais também tivemos mais de 3 indicações ou 2 prêmios de uma vez.
Um feito recente que precisa ser lembrado é a indicação de Anitta na categoria “Artista Revelação” em 2023. Essa também é uma categoria muito concorrida e importante.
O legado que os resultados de 1965 deixaram pra música brasileira são muito presentes até hoje. Garota de Ipanema é a cara da música brasileira. E vai continuar sendo pelo menos até termos outro 1965 na nossa música. Será que um dia teremos outro 1965 na música brasileira?
Comentários (9) 2v4067
Anita, artista revelação…ok! A segunda classificada deve ser um horror…
Izaurinha Reis
Maravilha esse comentário sobre música 1965. Tiro o chapéu para Toca Raul.
Viva a nossa Música Popular Brasileira dessa época,pois minha infância,adolescência,juventude,foi ouvindo essas pérolas musicais e creia:até hoje curto com paixão,amor e saudade.As”musicas”de Hoje, meu Deus,dá dó. Que safra péssima de música, heim? Falta a essência do amor, do romantismo, do respeito, enfim:de todo sentimento que dá a gostosura,a sensibilidade,e a leveza de ouvir cada vez mais e mais.
Parabéns pra você e por esta magnífica Coluna Toca Raul.
Minha iração e meu abraço amigo. Deus lhe abençoe grandemente.
Certa vez estava indo de Sevilha a Lisboa de ônibus. Mas na fronteira dos dois países tive que descer e esperar o outro para Lisboa. O local era um boteco de beira de estrada. Junto comigo havia 3 jovens apenas. Um israelense, uma japonesa e uma australiana. Ficamos ali conversando quando alguém sugeriu que cada um cantasse uma música de seu país e explicasse o porquê. O israelense cantou uma música que dizia, segundo ele,sobre o ano seguinte que eles ganham após servir o exército e geralmente todos saem fazer uma viagem. A japonesa cantou uma música e disse que se falava das floradas das cerejeiras. A australiana eu não me lembro sobre o que era sua música. Na minha vez cantei o quê? Garota de Ipanema. Em português mesmo porque na época não sabia a versão em inglês. Eles me disseram a letra e eu disse que a versão em inglês não era fiel à letra em inglês mas isso para poder a música encaixar. Atenção: a única que os 3 sabiam.
Quanta baboseira!!!!!
Matéria e comentários.