A região onde o ataque de onça-pintada terminou com a morte do caseiro Jorge Ávalos, de 60 anos, na segunda-feira (21), já era intensamente fiscalizada para evitar a prática de ceva dos felinos.
Vista aérea da região de Touro Morto, no Pantanal de Aquidauana (Foto: arquivo/TV Morena)
A área onde o ataque aconteceu é banhada pelo rio Miranda e está no “coração” do Pantanal sul-mato-grossense.
O Programa +Natureza esteve na região do Touro Morto, no Pantanal em Aquidauana, no dia 23 de fevereiro de 2023. À época, a reportagem foi levada pela PMA (Polícia Militar Ambiental) até a área, onde há uma placa escrita: “Deixe a onça ser onça”.
“Cevar a onça nada mais é do que a pessoa disponibilizar um alimento para esse animal. Ela chegar aqui nas margens do rio e jogar uma piranha para esse animal [onça-pintada] se aproximar e ela [o turista] poder realizar a imagem desse animal”, disse o militar.
Placa colocada na região do Touro Morto, alertando a proibição da ceva de animais silvestres (Foto: arquivo/TV Morena)
Sergio reforça, ainda, que cevar animais silvestres é crime e o ato é proibido em toda região do Pantanal. “Esse animal acaba criando essa associação de uma embarcação com alimentação, uma alimentação fácil, porque esse animal não tem nenhum gasto energético para buscar. Esse animal fica vinculado a essa ação de barulho de embarcação e de jogar essa piranha. Uma pessoa desavisada que acaba encostando no barranco pode sofrer um ataque desse animal.
Apesar de proibida, a prática estava acontecendo e, de acordo com as autoridades, isso pode ter sido um fator que contribuiu para o ataque.
Área do Touro Morto é banhada pelo Rio Miranda, no Pantanal em Aquidauana (Foto: arquivo/TV Morena)
Captura da onça-pintada 3g3m4b
Durante coletiva de imprensa nessa quarta-feira (23), o secretário-executivo da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Artur Henrique Leite Falcette, confirmou que a onça estava sendo alimentada no local.
“Uma das poucas certezas que a gente tem em relação ao caso é que estava sendo feita ceva para o animal no local. Além de ser um crime ambiental, essa é uma prática que, como a gente pode ver, é perigosa e pode causar algum tipo de distúrbio de comportamento nesses animais que são cevados”, pontuou Falcette.
Conforme Artur, após ser avaliada no CRAS, a onça-pintada poderá ser encaminhada para instituições cadastradas de proteção a felinos em cativeiros. Não há garantia de que a onça retornará à natureza — muito menos ao seu território no bioma pantaneiro.
Vídeo: PMA
“O comportamento típico desse animal, ao se deparar com o ser humano, é o de fugir. Ela só ataca para se alimentar ou se estiver em uma situação de perigo — o que, entendemos, não foi o caso ocorrido ali no local”, afirmou.
A captura do felino aconteceu na madrugada desta quinta-feira (24), após armadilhas terem sido colocadas em volta da residência. A onça-pintada é um macho, de 94 quilos, e será encaminhada para o CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), onde será analisada para que seja entendido o comportamento anormal.
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