Sabia que você pode adotar uma nascente e preservar o Meio Ambiente? 5k231i
Projeto que envolve alunos da rede pública cuida de 17 áreas urbanas, com mais de 30 nascentes em recuperação 5y6kf
As imagens chocantes que assistimos nas últimas semanas sobre a tragédia no Rio Grande do Sul, atingido por uma enchente sem precedentes na história, nos leva a uma reflexão: onde precisamos melhorar para que o alimento continue chegando em nossas mesas e o planeta não se revolte contra nós?

Na Semana do Meio Ambiente procuramos reportar iniciativas que possam servir de exemplo. E, encontramos boas práticas no norte do Estado, região da Amazônia.
A floresta sempre foi alvo de exploradores inescrupulosos. Mas, em contra partida, tem muita gente trabalhando pela preservação de uma das maiores concentrações de biodiversidade do mundo.
Uma destas iniciativas está em Alta Floresta, município de quase 60 habitantes, a 800 km de Cuiabá.
Adote uma nascente 3q1f6b
A cidade que já teve problemas com abastecimento de água encontrou na força coletiva o alicerce para reverter a situação. Segundo o professor de história da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso), Vitale Joanoni Neto, no final da década de 60 o Governo Federal começou um programa de ocupação da região amazônica.
Surgiram então muitos projetos de colonização agropecuários no norte do Estado, um deles foi o de Alta Floresta, que 1976 já estava com o núcleo urbano formado.
“Na época, o Governo Federal criou órgãos de fiscalização para controlar a ocupação na região, mas o fluxo migratório foi muito maior que o esperado, o que acabou tendo um impacto negativo sobre o meio ambiente com desmatamento ilegal”, ressalta o professor.
Alta Floresta chegou a integrar a lista dos municípios com maior desmatamento do país e as nascentes, que são afloramentos do lençol freático que dão origem à água, foram fortemente atingidos. Mas uma iniciativa do poder público, abraçada pela comunidade na década ada está mudando e recuperando a paisagem.
O projeto “Adote uma Nascente”, ganhou força de lei em 2018. De acordo com a Lei, as nascentes podem ser adotadas. O projeto prevê duas categorias de voluntários: o adotante, responsável pelas ações de recuperação e preservação das nascentes, e os padrinhos que dão apoio às atividades.
Hoje, são 17 áreas urbanas inseridas no projeto com mais de trinta nascentes em recuperação.
Segundo a secretária municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Alta Floresta, Gercilene Meira Leite, o viveiro municipal atende duas demandas: a agricultura familiar e a produção de mudas nativas para o reflorestamento das nascentes.
Cada área tem um plano de ação feito por uma equipe técnica com estratégias de manejo e a seleção das mudas é feita de acordo com a necessidade de cada ambiente com as espécies que se adaptam melhor às condições do local.
No ano ado foram plantadas mais de 2 mil mudas no entorno das nascentes degradas. De acordo com a secretária, a recuperação das áreas só é possível graças ao engajamento da comunidade e o impacto é muito positivo.
A nascente adotada pelo ICV (Instituto Centro de Vida) há sete anos, já está totalmente recuperada com uma grande variedade de espécies. Segundo o responsável, o engenheiro florestal Vinícius Silgueiro, a biodiversidade que existe hoje no local é fundamental para melhorar a qualidade ambiental do espaço atraindo espécies da fauna que encontram alimento no local trazendo equilíbrio e agregando qualidade ao recurso hídrico.
“Um ambiente equilibrado influencia também na questão climática e ajuda a melhorar a qualidade das pessoas” alerta Silgueiro.
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Entre os voluntários está Escola Estadual Cecília Meireles, que adotou a nascente que fica do outro lado da rua. Os alunos fizeram a limpeza do local e o plantio de mudas nativas.
A iniciativa tem também uma função didática. Gabriel Henrique Vieira de Lima, de 13 anos, que se sente orgulhoso por estar participando do projeto.
Ana Carolina também já entendeu a importância de cuidar das nascentes. “A importância enorme. A gente não vive sem água, a gente não vive sem nosso oxigênio. A gente infelizmente polui, mas elas limpam e devolvem pra gente, então é maravilhoso ajudar”.
Vários municípios no país já tentaram implantar projetos semelhantes, mas onde a comunidade não abraçou a ideia as ações não avançaram. Em Alta Floresta a comunidade é a protagonista e mostra que a união é capaz de ajudar a construir um mundo melhor.