Pantanal pode ter pior seca da história com danos irreversíveis, diz estudo f4z6f
Segundo estudo, o pulso de cheias não ocorreu neste ano, mesmo nos meses em que são esperados os maiores alagamentos e a tendência é que o cenário piore até outubro 615g1e
Desde 2019, o Pantanal enfrenta o período mais seco dos últimos 40 anos e, em 2024, o bioma poderá ter a pior crise hídrica já observada, de acordo com um estudo inédito, lançado nesta quarta-feira (3).
Para se ter uma ideia, o estudo mostra que as principais inundações do bioma – que deveriam acontecer nos primeiros quatro meses do ano – foram menores do que o período de seca do ano ado.

Crise hídrica no Pantanal 2pf3o
O estudo, que utilizou dados do satélite Planet, foi encomendado pelo WWF-Brasil e realizado por uma empresa especializada, com financiamento do WWF-Japão.
Segundo Helga Correa, especialista em conservação do WWF-Brasil, a alta sensibilidade do satélite possibilitou um mapeamento da área coberta pela água quando os rios transbordam.
Ao analisar os dados, pesquisadores observaram que o pulso de cheias não aconteceu neste ano, mesmo nos meses em que são esperados os maiores alagamentos – indispensáveis para a manutenção do sistema pantaneiro, com afirmou Helga.
Um exemplo disso é a seca no Rio Paraguai, que está 4 metros abaixo do esperado para 2024, nível que não ou de 1 metro no ano ado, conforme o estudo.

A maior preocupação, como explica Helga, é que a tendência daqui para frente é que a seca no bioma piore até outubro, o que levanta um alerta para a necessidade de prevenção e possibilidade de grandes incêndios.
Os dados mostram, ainda, que de janeiro a abril deste ano, a área alagada no Pantanal foi de 400 mil hectares, em pleno período de cheias, o que fica abaixo da média de 440 mil hectares cobertos por água na estação seca de 2023.
O futuro do bioma 6c2w5o
Com os dados, os pesquisadores chegaram a uma conclusão preocupante: o Pantanal está cada vez mais seco, fator que o torna mais vulnerável, aumentando as ameças à biodiversidade e recursos naturais.
Considerado a maior planície alagada do mundo, o Pantanal é uma das áreas com maior variedade de biodiversidade ainda preservadas, como afirma Helga Correa.
Mas, diante dos dados, surge outra preocupação: o cenário de poucas cheias e secas extremas, durante anos seguidos, pode mudar permanentemente o ecossistema do bioma.

Além dos eventos climáticos que agravam a seca e reduzem a água disponível no Pantanal, as ações humanas também afetam diretamente o bioma, como a construção de barragens e estradas, o desmatamento e as queimadas, segundo a especialista.
Numa tentativa de amenizar os impactos, o estudo traz uma nota técnica com uma série de recomendações, como:
- mapear as ameaças que mais afetam os corpos hídricos do bioma, considerando, principalmente, a dinâmica na região das cabeceiras dos rios;
- fortalecer e ampliar políticas públicas para frear o desmatamento;
- restaurar as APPs (Áreas de Proteção Permanente) nas cabeceiras, para melhorar a infiltração da água e diminuir a erosão do solo e o assoreamento dos rios, aumentando a qualidade e a quantidade de água tanto no planalto quanto na planície;
- apoiar a valorização de comunidades, de proprietários e do setor produtivo que desenvolvem boas práticas e dão escala a ações produtivas sustentáveis.
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Tragédia no Pantanal em 2023 26195g
Em 2023, a área queimada do Pantanal foi três vezes maior que a registrada em 2022.
O fogo, potencializado pela estiagem do fim do ano ado, principalmente em novembro, invadiu áreas do Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro (MS) e do Parque Estadual Encontro das Águas (MT), concentrou 60% de toda a área queimada no bioma Pantanal.
Os incêndios no Pantanal consumiram mais de 1,2 milhão de hectares, que representa 8,56% de todo território, conforme o LASA/UFRJ (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Na época, o Instituto SOS Pantanal registrou imagens que mostram dezenas de animais mortos no Parque das Águas, no Pantanal mato-grossense.


*Com informações da Agência Brasil*