COP 28: representantes de comunidades tradicionais falam sobre esperanças e desafios
Laura Ferreira da Silva, Aluízio de Azevedo Silva Junior e Lidiane Taverny Sales participam pela primeira vez do maior evento climático, a COP28
O Primeira Página e o ICV (Instituto Centro de Vida) conversaram com representantes de comunidades tradicionais de Mato Grosso, que participam pela 1ª vez de uma COP (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas). Neste ano, o evento é realizado nos Emirados Árabes Unidos, em Dubai, e os representantes apontaram esperanças e desafios.
Laura Ferreira da Silva ressaltou que é a única representante quilombola de Mato Grosso a participar da COP e que foi importante debater a questão climática, porque é algo que vem interferindo, principalmente, nos territórios tradicionais.
“Estar na COP é uma reafirmação que nós precisarmos estar cada vez mais debatendo e fazendo esses questionamentos sobre as questões climáticas, que também tem interferido no nosso modo de vida, principalmente no Bioma Cerrado e Pantanal. Cada ano que a é mais terrível essas questões de injustiças climáticas, que a gente vem sofrendo, principalmente em decorrência de todo o racismo ambiental”.
A participante ainda cobrou um olhar dos órgãos governamentais para as comunidades tradicionais de Mato Grosso.
“Nós, de comunidades tradicionais, temos feito a nossa parte e o governo também precisa fazer a sua parte, que é de conscientização e de conservação”, ressaltou.
Já Aluízio de Azevedo Silva Junior lembrou que é a primeira vez que um representante de comunidade cigana participa da COP, mas cobrou que mais representantes desse segmento possam estar nas discussões da conferência.
“Acredito que a inclusão de mais povos tradicionais é uma questão superimportante, porque afinal de contas, os povos tradicionais são as pessoas que estão nos territórios, que tem maior contato com a natureza, ligação com a questão ambiental e já fazem um trabalho de defesa de seus territórios, da construção de uma sociobioeconomia, baseada na floresta”.
Lidiane Taverny Sales, também participa pela 1ª vez de uma COP, e disse que é uma grande responsabilidade participar da conferência representando o Comitê Estadual de Povos e Comunidades Tradicionais de Mato Grosso.
“É uma experiência que a gente leva pra vida e eu também tenho a responsabilidade de voltar para o meu território tentando fazer uma articulação, em que em uma próxima COP, a gente possa de fato incidir e sentar na mesa de negociação, de diálogo, de proposição de caminho. Uma vez que somos nós, povos e comunidades tradicionais, detentores do conhecimento socioambientais para combater a alteração do clima”.
A conferência segue até esta terça-feira (12) e a expectativa, de acordo com o IPCC ( Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas), é de que mais ações concretas ocorram, em comparação com a COP 27.
