Brigadistas treinam trabalhadores rurais para conter incêndios no Pantanal 305x5c
Em 2020, três milhões de hectares de vegetação foram destruídos pelas chamas no Pantanal 6k1z5c
No Pantanal mato-grossense, as pastagens e a vegetação nativa ainda estão verdes graças às chuvas que, este ano, caíram até o mês de maio. Um cenário diferente dos dois anos anteriores, quando a seca prolongada favoreceu os incêndios florestais.

No entanto, nesse período de estiagem aumentam os riscos de incêndios. Para evitar tragédias ambientais como a de 2020, quando o fogo destruiu boa parte do Pantanal, produtores rurais da região de Poconé, a 104 km de Cuiabá, estão recebendo apoio de uma brigada de combate aos incêndios.
Sandro Sebastião Gomes da Silva é dono de cinco fazendas para criação de gado na região de Poconé, e viu de perto a destruição causada pelo fogo. “O prejuízo foi muito grande. É incalculável, não só para mim, como para todo o Pantanal, principalmente para a fauna e para a flora. Porque o que eu notei é que morreram quase todos os bichos da bacia do Paraguai. Nós temos uma propriedade, e morreu quati, queixada, sucuri, jacaré… E todos fazem parte da cadeia alimentar da onça-pintada. Então, causou um desequilíbrio muito grande”.
Em 2020, três milhões de hectares de vegetação foram destruídos pelas chamas no Pantanal. O incêndio é considerado a maior catástrofe ambiental que o bioma já sofreu. Para evitar que uma nova tragédia se repita, iniciativas foram tomadas. Uma delas é a atuação da brigada de prevenção e combate aos incêndios, que é custeada por uma empresa do setor frigorífico.
É uma forma de compensação pelos impactos ao meio ambiente causados pela atividade econômica. Os brigadistas percorrem as propriedades rurais cadastradas e ensinam aos trabalhadores técnicas básicas de enfrentamento do fogo na vegetação do Pantanal.

Pantaneiros têm aulas teóricas e práticas para manusear os equipamentos usados para acabar com as chamas. Luiz Carlos de Oliveira é trabalhador rural e gostou do aprendizado e diz que está sempre atento a qualquer sinal de fogo no campo.
“Principalmente de agora por diante, que é muito perigoso. Qualquer coisinha pega fogo e se alastra. e acaba envolvendo todo mundo. Tem que prestar muita atenção no que está acontecendo”.
A brigada tem 146 fazendas cadastradas que, juntas, somam três milhões de hectares em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. As visitas às propriedades também servem para identificar pontos de risco de incêndio, como as áreas abaixo de fiações elétricas, como explica Isafaz Balke, líder da brigada.
“Nós fizemos um plano de prevenção e combate a incêndio florestal para uma propriedade. Quando a gente faz esse plano, fazemos um raio-x, levantamos um diagnóstico e identificamos todos os pontos. Por exemplo, a rede de energia. Aconselhamos que onde há transformadores, é necessário tirar toda vegetação em volta para não ser queimada em caso de um curto”.
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Márcio Granja de Souza Vieira perdeu 3 mil hectares de pastagem para o fogo em 2021. Ele cria gado em quatro fazendas visitadas pelos brigadistas, e acredita que agora esteja mais preparado para evitar o prejuízo.
“A brigada é uma parceira que vem nos trazendo confiança. Temos números de contato, qualquer coisa a gente os aciona. E eles são preparados para isso, não é? Então eles vêm para a propriedade rural, e a gente também vai junto com eles para ajudar no que puder”.