Ataques de peixes são resultado de ação humana e podem ameaçar bioma 4a4ld
Principal preocupação é com a proximidade de lagoa artificial com o Rio Formoso 332j1q
A série de ataques de peixes a turistas em Bonito acendeu o alerta de ambientalistas e órgãos de fiscalização. Segundo o biólogo José Sabino, professor visitante da Unicamp e colaborador das investigações do Ibama na região, os peixes responsáveis pelos acidentes não são nativos da Serra da Bodoquena e teriam sido introduzidos de forma artificial por ação humana.

“Esses peixes foram trazidos para cá, eles não chegaram aqui naturalmente. Seja o pacu, que é um peixe de planície não vem para as cabeceiras, que é a região de planalto. Eles foram trazidos para cá pela ação humana, às vezes com boas intenções para incrementar o eio”, explicou.
Os casos mais graves ocorreram no balneário Praia da Figueira, onde há uma lagoa artificial. Estima-se que cerca de 90% dos acidentes tenham acontecido nesse local.
Alguns visitantes relataram mordidas com amputação de dedos, o que indica a presença de peixes grandes e com capacidade de causar ferimentos severos.
Espécies como pacu e tambaqui, que podem estar na lagoa, são naturais de outras regiões do Brasil e não ocorrem nas cabeceiras dos rios de Bonito, onde cachoeiras impedem a migração natural desses animais.
Risco ambiental 85u3f

A principal preocupação é com a proximidade da lagoa artificial com o Rio Formoso, um dos mais importantes cursos d’água da região.
Caso os peixes escapem da lagoa, há risco de invasão das espécies exóticas no ambiente natural, o que pode gerar desequilíbrios graves no ecossistema.
“Os peixes invasores, eles podem causar danos à biodiversidade de um modo geral, porque no caso específico do Tambaqui ou do Pacu, são peixes que se alimentam, além de frutos, de plantas. E uma das coisas mais bonitas da região de Bonito são os jardins submersos, aquelas formações de plantas, que então seriamprejudicadas pela ação de peixes herbívoros”, alertou Sabino.
Além de frutos, essas espécies herbívoras também se alimentam de plantas, o que pode afetar diretamente a vegetação dos rios e prejudicar a experiência dos visitantes.
O biólogo defende a realização de um diagnóstico ambiental detalhado para confirmar quais espécies estão presentes na lagoa e se já houve algum tipo de dispersão para o rio.
Entre as medidas emergenciais, está a instalação de barreiras físicas, como telas de contenção, para evitar novos ataques e conter a proliferação dos peixes.
“Estamos falando de um atrativo que recebeu cerca de 100 mil visitantes só em 2024. Um acidente pode parecer estatisticamente pequeno, mas para quem perdeu um dedo, isso é grave. Além disso, falta orientação e limpeza no local, o que também estressa os animais”, destacou.
Investigação e interdição 666c26
Após os relatos de ataques, o Ibama e o Ministério Público Estadual realizaram ações de fiscalização no balneário.
Nesta quarta-feira (16), agentes voltaram à Praia da Figueira para tentar capturar os peixes e analisar as espécies envolvidas nos incidentes.
O balneário foi interditado no fim de março, após os primeiros casos virem à tona. Na época, o proprietário, Rafael Braga, reconheceu a presença de pacus no lago, mas afirmou que os animais foram adquiridos de forma legal.
O Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) determinou a instalação de uma barreira física para impedir que os peixes entrassem na área de banho. Após vistoria, o local foi liberado, mas a investigação segue em andamento.