A definição de tarefas de cada um dos integrantes do futuro Centro de Atendimento Integrado da Criança foi tema de encontro realizado na manhã desta segunda-feira (17), em Campo Grande, a pedido da Coordenadoria da Infância e da Juventude do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul). A necessidade da criação de um espaço para atender crianças vítimas de violência, surgiu após a morte da menina Sophia de Jesus Ocampo, de 2 anos.
Encontro sobre a Centro de Atendimento Integrado da Criança e do Adolescente (Foto: Divulgação/SCom TJMS)
Esta reunião marca o início da implantação dos serviços de atendimento à crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de violência. A ideia é que esse atendimento ocorra em um único local e conte com uma equipe multidisciplinar.
O secretário de Desenvolvimento Social de Feira de Santana (BA), Michael Farias, estava entre os convidados do encontro. Isto porque a cidade onde ele mora tem um centro integrado à criança e ao adolescente, semelhante ao que será construído na Capital de Mato Grosso do Sul, desde 2015.
O consultor da Unicef para crianças e adolescentes, Benedito dos Santos durante sua fala (Foto: Divulgação/SCom TJMS) “A gente trabalha a perspectiva que ao chegar no Centro Integrado essa criança vai ter o acolhimento inicial por uma equipe específica que vai verificar quais são as demandas dessa criança e, a partir daí, fazer os encaminhamentos dentro daquilo que foi pactuado no fluxo de atendimento integrado e nesse protocolo unificado para o atendimento sistêmico da criança e do adolescente. Se inova porque a criança não circula na rede, em lugares diferentes. Em apenas um lugar você vai ter a convergência das intervenções dos diversos órgãos, garantindo um atendimento muito mais eficaz e não permitindo que ocorra a revitimização da criança ou do adolescente”, declarou Michael Farias.
Esta questão do acolhimento foi abordada durante o encontro. O consultor da Unicef para crianças e adolescentes, Benedito dos Santos, falou que o centro integrado precisa investir em atendimento humanizado.
“Uma criança vítima de violência termina falando sobre o fato ocorrido uma, duas, três, até seis, oito vezes. O que significa isso ? Que cada vez que ela conta para alguém ela revive aquela história. O que era um episódio de violência pode se tornar um trauma muito grande. É importante ter um psicólogo, assistente social, um pedagogo, uma equipe multidisciplinar ali disposta a fazer esse atendimento. Esse grupo faz o que é chamado de contenção emocional ou, seja, amparo emocional imediato em uma situação de crise.O centro pode promover também as chamadas psicoterapias breves. Oferecer para a criança terapia. Hoje, infelizmente, as redes do Brasil não oferecem”, enfatizou o consultor da Unicef.
Com esta primeira reunião, a Coordenadoria da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul deu início ao alinhamento dos órgãos que vão atuar na Casa da Criança e do Adolescente.
“Se um dos elos se dissolve, a rede toda se compromete. Então cada parceiro tem que ter noção da importância dos compromissos que vai assumir, das tarefas que vai ter que cumprir. Às vezes a violência sexual contra criança e adolescente é escondida debaixo do tapete e hoje nós estamos vendo que as consequências disso são desastrosas. Nós precisamos enfrentar essa realidade”, declarou a desembargadora Elizabete Anache, coordenadora da infância e juventude do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.
O Centro de Atendimento Integrado à Criança e ao Adolescente deve ficar bem próximo de um outro núcleo de proteção, a Casa da Mulher Brasileira. A Sejusp ( Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) solicitou à União a doação de uma área de 5 mil metros quadrados, localizada do outro lado da rua da Casa da Mulher.
O Centro de Atendimento Integrado à Criança e ao Adolescente deverá ser construído nas proximidades da Casa da Mulher Brasileira (Divulgação/Google)
A estimativa é que o custo da obra fique em torno de R$ 5 milhões, sendo que o projeto e a verba já estão disponíveis. O que falta é um retorno do Governo Federal informando se fará a doação da área.
“Nós tratamos neste encontro não só sobre a criação desse Centro aonde todos os órgãos e instituições de proteção e defesa estarão prestando seus serviços, mas, principalmente sobre o fluxo desse atendimento”, disse o defensor público geral de MS, Pedro Paulo Gasparini.
Enquanto a União não der um retorno sobre a área não tem como estimar um prazo, de fato, para o início da obra. Outra reunião será realizada na tarde desta segunda-feira (17) no TJMS e, ao final do dia, uma carta será assinada por esses mesmos órgãos e será divulgada com as atividades de cada um.
