Quem é Pato Donald, mandante do atentado que matou adolescentes por engano 4f5q11
Kleverton Bibiano Apolinário da Silva é interno da Máxima de Campo Grande e carrega um histórico de violência interligado ao tráfico de drogas 6n6n6b
O assassinato de dois adolescentes de 13 anos chocou Campo Grande. Eles morreram em meio a um atentado, cujo alvo era outra pessoa. A ordem veio dentro do sistema prisional, indica a investigação policial.

Pouco mais de 24 horas depois, cinco pessoas foram apontadas pela polícia como os responsáveis pelo crime; o mandante foi identificado como Kleverton Bibiano Apolinário da Silva, o “Pato Donald”, de 22 anos, um interno da penitenciária estadual de segurança máxima de Campo Grande.
“Pato Donald” é dono de histórico de violência interligado ao tráfico de drogas. A principal linha investigatória policial atribui o atentado com dois mortos e um ferido à disputa pelo controle do tráfico no bairro mais populoso de Campo Grande, o Aero Rancho.
Kleverton tem 22 anos, e uma vida no crime iniciada ainda adolescente. A ficha criminal acumula crimes de ameaça, desacato, roubo e tráfico de drogas. É inclusive por esses dois últimos crimes que está preso.
Os dois casos aconteceram no mesmo ano, 2020. O primeiro em fevereiro, quando após denúncias da venda de drogas em uma casa do Jardim Nhánhá, a Polícia Militar apreendeu porções de cocaína e um revólver calibre 38.
Assim que os militares chegaram, dois homens pularam o muro e fugiram: um deles, no entanto, foi capturado e contou ser usuário e estava ali para comprar cocaína de Kleverton. O cliente deu outro detalhe; disse ter fugiu por medo, já que dias antes o traficante havia sido alvo de uma tentativa de homicídio. O motivo, segundo ele, era justamente a disputa pelos pontos de tráfico do bairro.
“Pato Donald” não foi encontrado neste dia, mas dentro da casa os policiais acharam um cartão do SUS (Sistema Único de Saúde) em seu nome. Isso, somado ao depoimento do usuário, deu origem a uma investigação na Denar (Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico).
Kleverton só foi encontrado e ouvido pelo caso depois de ser preso por roubo. No dia 15 de março negou tudo, inclusive estar no Nhánhá no dia da ação. Confirmou apenas ter sido alvo de “uns tiros”.
A versão não convenceu e ele acabou condenado a cinco anos de reclusão por tráfico e ano de detenção pelo porte de arma em regime semiaberto.
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O segundo caso aconteceu no dia 4 de março de 2020. Desta vez, Kleverton foi preso em flagrante por roubo.
A vítima do crime foi o dono de um Ford Ka. Ele foi contratado para levar Kleverton e um amigo em um endereço e, no meio do caminho, foi surpreendido pelos criminosos. Depois de ter arma apontada para a cabeça, conseguiu descer do carro.
“Pato Donald” assumiu a direção e levou o veículo, segundo o registro policial. Acabou preso ao parar em um posto de combustível. Na data, negou o roubo, embora tenha confessado o pagamento à vítima para para “ir atrás de um desafeto”.
A versão foi confirmada pela comparsa dele, com detalhes diferentes.
Ele confessou que a ideia inicial era matar um inimigo, mas como não acharam, Kleverton deu a ideia de roubar o carro. Foi o que fizeram. “Pato Donald” foi condenado pelo crime no ano ado, a seis anos e oito meses de reclusão no regime semiaberto.
O crime 4q1j6h

Agora, “Pato Donald” é apontado como o mandante da execução de Pedro Henrique Silva Rodrigues, de 19 anos, e que acabou na morte de Aysla Carolina de Oliveira Neitzke e Silas Ortiz Grizakay, ambos de 13 anos.
As provas foram encontradas no celular de Nicollas Inácio Souza da Silva, 18 anos, preso neste domingo (5) como um dos participantes da emboscada. Nas conversas por aplicativo de mensagem, Kleverton orienta o rapaz a esconder a arma e também garante que vai mandar dinheiro para ele.
“Fica de boa. Nós tá junto. Eu que coloquei você nessa”.
Kleverton em conversa com Nicollas por mensagem

Nicollas, segundo a polícia, pilotava a motocicleta usada no crime e levada João Vitor de Souza Mendes, de 19 anos, autor dos disparos e o único foragido.
Aysla Carolina de Oliveira Neitzke e Silas Ortiz Grizakay foram mortos na noite de sexta-feira (3) na rua Flor de Maio, no Jardim Aero Rancho.
Kleverton foi preso junto com mais três envolvidos no crime, Nicollas, um outro rapaz chamado Rafael de Sousa Mendes, de 18 anos e George Edilton Dantas Gomes, 40 anos. Um quinto envolvido está sendo procurado, como o atirador que disparou contra as vítimas.
“Pato Donald” foi ouvido pelo Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros). O conteúdo do depoimento não está no flagrante, e sim em uma peça de vídeo não divulgada.
Sobre o uso do celular pelo detento, evidenciado pelas conversas encontradas pelos policiais, a Agepen (Agência de istração do Sistema Penitenciário) informou que o fato vai ser investigado.