Procurador vira réu por homicídio de morador em situação de rua em Cuiabá 37535i
Justiça aceita denúncia do Ministério Público e Luiz Eduardo Silva responderá por homicídio qualificado por motivo fútil 2h1u5
A Justiça de Mato Grosso aceitou a denúncia do Ministério Público e tornou réu o procurador da Assembleia Legislativa, Luiz Eduardo Figueiredo Rocha Silva, pelo assassinato de Ney Müller Alves Pereira, de 42 anos, morador em situação de rua. O crime ocorreu no dia 9 de abril, nas proximidades da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em Cuiabá.
Com a decisão, Luiz Eduardo responderá formalmente à ação penal por homicídio qualificado por motivo fútil e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, conforme apontou a 21ª Promotoria de Justiça Criminal de Cuiabá, do Núcleo de Defesa da Vida.

Segundo o Ministério Público, o assassinato foi motivado por vingança após Ney supostamente ter danificado o carro de luxo do procurador, uma Land Rover, enquanto ele estava com a família em um posto de combustíveis. Horas depois, Luiz Eduardo teria localizado a vítima e, sem dar chance de reação, disparou contra o rosto de Ney, que morreu no local.
“O denunciado deliberou suprimir o bem jurídico que ainda restava à vítima, matando-a de forma brutal e desumana, como se fosse um objeto descartável”, escreveu o promotor Samuel Frungilo na denúncia aceita pela Justiça.
Crime chocou pela brutalidade e pelo perfil do acusado 3v722e
O crime ganhou repercussão não apenas pela violência, mas também pelo perfil do autor. Luiz Eduardo é procurador efetivo da Assembleia Legislativa desde 2015, com salário mensal de R$ 44 mil, conforme o Portal da Transparência. Em 2023, ele foi homenageado com o título de cidadão mato-grossense.
Sem antecedentes criminais, com carreira sólida e estabilidade financeira, o servidor público agora responderá por um crime classificado como hediondo.
Após o assassinato, Luiz Eduardo se entregou à polícia e teve a prisão convertida em preventiva. Ele será transferido para a Penitenciária Major Eldo de Sá Corrêa, em Rondonópolis (218 km de Cuiabá), onde há estrutura adequada para recebê-lo, segundo a Polícia Civil.
Defesa nega execução e fala em disparo acidental 5o4i72
A defesa do procurador, feita pelo advogado Rodrigo Pouso, nega que o crime tenha sido premeditado. Segundo ele, o disparo teria ocorrido de forma acidental, no momento em que Ney se aproximava do carro em atitude agressiva. A defesa sustenta que não houve execução, mas uma reação impulsiva.
Apesar da alegação, o Ministério Público afirma que a vítima não tinha condições de reparar o dano causado ao veículo e que foi morta de forma covarde e sem chance de se defender. Ney vivia em situação de extrema vulnerabilidade, sem moradia ou o a tratamento para transtornos mentais, segundo a acusação.
A mãe da vítima, Iracema Alves, contestou a versão apresentada pela defesa, afirmando que o filho foi executado de forma cruel. Uma foto registrada após o crime mostra Iracema abraçada ao corpo de Ney, imagem que comoveu as redes sociais.
Na denúncia aceita, o Ministério Público também pede que, em eventual condenação, seja fixado um valor mínimo de indenização por danos morais e materiais aos familiares da vítima.