Omertà: absolvidos Jamilzinho e outros 10 por obstrução de Justiça 5d4562
O juiz Roberto Ferreira Filho, da 1ª Vara Criminal de Campo Grande, decidiu na segunda-feira (25) pela absolvição do empresário Jamil Name Filho e outros 10 acusados de envolvimento com a suposta milícia do jogo do bicho que agia em Mato Grosso do Sul por obstrução de Justiça. Todos foram investigados na Operação Omertà.

“Após a constatação de que todos os demais acusados foram absolvidos das imputações formuladas pelo Ministério Público, não restam outros fatos a serem apreciados em face de Jamil Name Filho, já que este não teria sido o autor imediato de nenhuma conduta reconhecidamente típica”, afirmou o juiz na decisão.
A Justiça analisou a participação dos acusados em dois fatos:
- Remoção de materiais: responderam os guardas municipais Alcinei Arantes da Silva, Eltom Pedro de Almeida e Rafael Antunes Vieira, militar aposentado Adrison Correia e o empresário Jamil Name Filho;
- Interferência no depoimentos das testemunhas: responderam o policial civil aposentado Vladenilson Daniel Olmedo, o policial civil Márcio Cavalcanti da Silva, o advogado Alexandre Gonçalvez Franzoloso, os guardas municipais Rafael Carmo Peixoto Ribeiro, Rafael Vieira e Robert Vitor Koperski, segurança particular Flávio Narciso Morais da Silva e o empresário Jamilzinho.
Fato I 276624
No mesmo dia em que o arsenal foi descoberto, em 25 de maio de 2019, o MPE (Ministério Público Estadual) apontou que Jamilzinho tirou vários documentos da cobertura onde morava. No inquérito, imagens mostram outras pessoas o ajudando, com clara intenção de impedir que a polícia tivesse o à provas.
No dia 27 de setembro daquele ano, quando os policiais entraram no apartamento de Jamilzinho – cheio de portas reforçadas – nada foi encontrado. Mas, parte do material foi encontrada na casa do guarda municipal Eltom.
Fato II 2km4f
Segundo a denúncia do MPE, os guardas municipais Rafael Vieira e Robert, além de um segurança particular Flávio Narciso, teriam agido para intimidar testemunhas, logo após a apreensão de um arsenal da milícia em uma casa da família Name, no Jardim Monte Líbano.
Após a apreensão do arsenal da milícia em Campo Grande, o ex-guarda municipal Marcelo Rios – não denunciado -, que seria o encarregado do armamento, ou junto com a esposa a ser ameaçado por Rafael, Robert e Flávio.
O MPE apontou ainda que a intenção desses envolvidos era evitar que o casal falasse do envolvimento do Jamil Name (falecido) e do filho, levando a investigação a apontá-los como os donos das armas e também responsáveis pelas execuções apuradas na força-tarefa entre o Gaeco e a Garras (Delegacia Especializada em Repressão à Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros.
Pagamento e segurança 426o
O ex-guarda municipal Rafael Vieira e o policial civil aposentado Vladenilson foram até a residência da esposa de Marcelo, em setembro de 2019, dando a ela R$ 1.250, dinheiro este que seria enviado pelos patrões, sendo que ela receberia “mais dinheiro toda semana”, pedindo a ela para “confiar no Guri”, apelido de Jamil Name Filho. Ela ou então a ser escoltada pelo segurança Flávio.
Flávio, Rafael e Vladenilson também pediram para ela deixar a casa imediatamente e trocar de celular, já que Flávio teria afirmado a ela que corria risco de vida, caso falasse algo, ressaltando que ela seria a primeira a ser morta e depois Marcelo, na cadeia.
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Preocupado com a segurança da esposa, Marcelo chegou a pedir para os policiais irem até o imóvel dela, momento em que os policiais a encontraram dentro do carro do segurança Flávio. Na ocasião, a investigação aponta que Flávio mentiu, dizendo que era um vizinho, porém, os policiais não acreditaram e ela foi para delegacia. Na volta, sofreu nova ameaça.
Ainda conforme a investigação, consta que ela viu um homem batendo em seu portão. Era o guarda municipal Robert. Ele falou que sabia que ela tinha voltado na delegacia e a ameaçou. Robert estava acompanhado do policial civil Marcio Cavalcanti da Silva, considerado pelos investigadores, braço direito de Jamil Name.
Programa de proteção à testemunha 5u6p6p
Na sequência, a esposa de Marcelo Rios procurou o Gaeco em nome do marido. Eles queriam a concessão de benefícios por meio de colaboração premiada e a mulher então pediu para que entrasse no programa de proteção à testemunha. Mas, conforme a ata de reunião realizada no dia 7 de agosto, na sede do MPE, a mulher falou que a colaboração não seria possível porque o advogado Alexandre Franzoloso impedia o seguimento do processo e ele seria o “advogado da organização criminosa”.
Já no relatório do Garras, a denúncia afirma que “todas as vezes que Marcelo Rios falava com o advogado Alexandre Franzoloso, ele relatava aos policiais que teria de ficar a favor da organização criminosa para salvaguardar a vida da sua esposa e de seus filhos. Além de cair em prantos, dizendo que sabia que iria morrer, mas que pelo menos, sua família estaria salva”.
Ações da Omertà 6f241a
Essa é a terceira condenação relacionada à Operação Omertà. Já teve condenação na ação sobre o armamento encontrado na casa do Jardim Monte Líbano, em maio de 2019, e em um processo contra um militar condenado pela Auditoria Militar. Também foi arquivada essa denúncia da investigação contra o desembargador aposentado Joenildo de Souza Chaves.