Mecânicos são absolvidos depois de um ano na cadeia l40n
Justiça reverte decisão depois de condenar homens a 20 anos prisão 661l2
A confusão começou devido ao conserto de uma moto, em outubro de 2020, para o qual os dois mecânicos foram solicitados.
“Uma menina ligou para pegar a moto para consertar. Fui lá pegar a moto e levei para consertar. Ela disse que ia buscar no outro dia. Ela perguntou no dia seguinte se a moto estava pronta e eu disse que sim. Então, ela pediu para eu levar a moto até ela e pegar o dinheiro”, contou um dos absolvidos.
Os dois mecânicos e colegas de trabalho, então, foram levar a moto consertada para a cliente.

“Só que o pai dela apareceu para pegar a moto. Ela entregou metade do dinheiro e prometeu levar o restante no sábado. Porém, no sábado, chegou ela com a polícia na oficina. A PM também foi na casa da minha ex-mulher, revirou toda a casa”, narrou um deles.
De acordo com um dos mecânicos, os policiais perguntaram a respeito da arma do crime e ele respondeu que não tinha nenhuma arma.
“O policial começou a bater em mim na frente de um monte de gente. Não ando armado. Bateram minha cabeça na viatura”.
O jovem relatou ainda que ficou cerca de cinco dias na Delegacia de Poconé, sem tomar banho, escovar os dentes e bebendo pouca água. Depois disso, ou 15 dias na Cadeia Pública do Capão Grande, em Várzea Grande, e cerca de um ano na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá.
“Perdi a maior parte das minhas amizades. Até mesmo algumas pessoas da minha família viraram a cara para mim”, confidenciou.
O colega [outro mecânico] que também ficou detido pelo mesmo período, em uma cela separada, está em depressão.
“Ele nem consegue sair de casa. Eu ainda saio para ir ao mercado, às vezes. Até mesmo procurar serviço, mas não encontro”, detalhou.

Absolvição dos mecânicos 1s5w4e
Após recurso interposto pela Defensoria Pública, a Justiça absolveu os mecânicos, ambos de 22 anos, revertendo a decisão que os condenou a 20 anos de prisão pelo suposto crime de latrocínio, em Poconé (104 km de Cuiabá). Eles foram detidos no dia 31 de outubro de 2020 e soltos no dia 9 de novembro de 2021.
Os dois foram condenados a 20 anos de reclusão e pagamento de dez dias de multa por, supostamente, terem cometido o crime de latrocínio que vitimou um idoso.
Conforme a denúncia do MPE (Ministério Público Estadual), eles teriam recebido informações privilegiadas da jovem que mandou arrumar a moto de que o idoso teria recebido a aposentadoria e estaria guardando o dinheiro em casa.
Em depoimento, as testemunhas comprovaram que no dia do fato os acusados estavam na oficina mecânica onde prestavam serviço, não chegando próximo ao local onde o crime aconteceu.
Não bastasse isso, a própria testemunha indicada pelo Ministério Público não ratificou a versão apresentada na delegacia de que teria ado qualquer informação sobre a vítima.
Sabendo da condenação, a defensora pública Clarissa Maria da Costa Ochove interpôs um recurso de apelação, que foi acatado unanimemente pela 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) no dia 4 de novembro do ano ado, absolvendo os trabalhadores.