Justiça ouve testemunhas que acusam deputado de MS de chefiar bicho 6e232i

Jamilson Name é acusado pelo Gaeco de ter assumido o controle da exploração do jogo do bicho em Campo Grande depois da prisão do pai Jamil Name, já falecido, e do irmão, Jamil Name Filho, que está na cadeia desde setembro de 2019 6c3y1b

A Justiça concluiu nesta terça-feira (10 de outubro) o depoimento das testemunhas de acusação de ação penal com 17 réus, entre eles o deputado estadual Jamilson Name (PSDB) e o irmão dele, Jamil Name Filho, o Jamilzinho, que está preso há quatro anos.

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Jamilson Name, deputado do PSDB, e o irmão Jamilzinho, são alvos em ação movida pelo Gaeco. (Fotos: divulgação/reprodução de vídeo de processo)

O deputado é acusado pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) de ter assumido o controle da exploração do jogo do bicho em Campo Grande depois da prisão do pai Jamil Name, já falecido, e do irmão, Jamil Name Filho, que está preso desde setembro de 2019. Na mesma ação, Jamilson é réu por lavagem de dinheiro vindo da jogatina, junto com o irmão.

Por causa dessa acusação, R$ 18 milhões de empresa da família estão bloqueados por decisão judicial. Pelos cálculos apresentados, a movimentação diária da jogo de azar baseado em numerar bichos, para fins de sorteio, era próxima de R$ 50 mil.

O esquema denunciado aponta o uso da Pantanal Cap, empresa de título de capitalização operante até 2020, como uma espécie de fachada para as operações ilegais da família Name.

Para o Gaeco, a operação do jogo do bicho e da venda de títulos de capitalização compunham o mesmo negócio, inclusive com a mistura entre o dinheiro de um e outro, para disfarçar a origem ilegal de parte dos valores movimentados.

Esse processo é derivado da 6ª fase da operação Omertá, chamada de “Arca de Noé”, que foi às ruas em 2 de setembro de 2020, quando prendeu treze pessoas e fez buscas em dezessete endereços ligados à exploração do jogo do bicho e à empresa de capitalização.

Instrução processual 574z4w

Entre segunda-feira (9 de outubro) e esta terça-feira, foram duas audiências para ouvir as testemunhas de acusação do Gaeco. Foram quatro depoimentos, todos de policiais envolvidos nos serviços de investigação.

Na segunda-feira, falaram em juízo dois delegados da força-tarefa dedicada às apurações da operação Omertà, Daniela Kades e Tiago Macedo, além do investigador Giancarlos de Araújo e Silva, do Garras (Delegacia Especializada de Pressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros).

mapa do bicho
Mapa elaborado pelo Garras mostra como era a distribuição do jogo do bicho em Campo Grande. (Foto: reprodução de processo)

Relatório produzido pelo Garras durante a Omertà indicou a existência de 200 pontos de aposta no bicho espalhados por Campo Grande.

Parte desses postos ocupava as conhecidas bancas, em sua maioria de cor laranja, instaladas na calçada, irregularmente, durante décadas. Essas bancas foram retiradas depois da operação Omertà.

Em seus depoimentos, os policiais afirmaram que foram colhidas provas, notadamente conversas por celular, dando conta da chefia na exploração do jogo do bicho pela família Name, e ainda o uso da Pantanal Cap para parte das ações.

Uma das evidências citadas foi uma negociação para troca da frota de motocicletas usadas pelos funcionários do bicho para fazer o chamado “recolhe”, três vezes por dia, ando nos pontos de aposta.

Conversas identificadas pelo Gaeco mostram que a família Name compraria 50 motos novas para esse trabalho.

Outra operação descoberta, segundo a investigação, foi a de informatização das apostas, por meio da contratação de serviços de empresa vinda do Pernambuco com esse fim.

Está entre as provas citadas uma máquina de impressão, do tamanho da palma da mão, apreendida em endereço do deputado Jamilson Name.

Um dos gerentes do jogo do bicho, conforme a acusação, estava responsável por comprar 200 máquinas desse modelo, a fim de modernizar o sistema de apostas no jogo de azar.

Tal movimentação, ainda conforme a denúncia, ocorreu justamente depois da deflagração das primeiras fases da Omertà, que começou para combater milícia armada acusada de matar inimigos da família Name, e ampliou seu alcance aos negócios ilegais atribuídos ao clã.

Os réus aguardam em liberdade o andamento da ação. Jamil Name Filho está preso por outros processos. Em julho, também no âmbito da Omertà, ele foi condenado como mandante do assassinato do estudante de Direito Matheus Coutinho Xavier, aos 20 anos, crime ocorrido no dia 9 de abril de 2019. Ele tem outras duas condenações, totalizando pena superior a 40 anos em razão das ações da Omertà.

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O deputado Jamilson Name chegou a ser alvo de pedido de prisão, não acatado pela Justiça. Em fevereiro de 2021, o juiz Roberto Ferreira Filho determinou que ele usasse tornozeleira eletrônica. A Assembleia Legislativa, na época tentou impedir a medida, mas acabou sendo derrotada pelo entendimento do Judiciário.

Jamilson ficou com o monitoramento eletrônico entre fevereiro e março, quando conseguiu decisão favorável.

O que diz a denúncia 5b6s4x

“JAMILSON LOPES NAME sempre esteve à frente da PANTANAL CAP, que há tempos foi utilizada para operacionalizar o jogo do bicho, comandado por JAMIL NAME e JAMIL NAME FILHO, seu pai e irmão, como ainda para lavar o dinheiro obtido com a atividade ilegal”, diz trecho da denúncia à Justiça.

“Durante as investigações, restou comprovado também o envolvimento de JAMILSON LOPES NAME, que é filho e irmão, respectivamente, de JAMIL NAME e JAMIL NAME FILHO, no crime de organização criminosa, exploração de ilegal de jogo de azar, lavagem de capitais, entre outros ilícitos”, prossegue a peça processual.

Nas palavras do Gaeco, “a organização criminosa exerce as atividades da PANTANAL CAP, que comercializa títulos de capitalização, juntamente com a exploração ilegal de jogos de azar, valendo-se da mesma logística estrutural e de pessoal”.

Defesas questionam provas u5mr

Desde o início dessa fase da Omertà, as defesas dos réus alegam não haver provas dos crimes apontados.

Foi essa a tônica das perguntas feitas para os policiais em seus depoimentos.

Em síntese, os advogados insistiram em perguntas para calçar a tese da falta de evidências diretas da atuação dos réus de chefiar o esquema, o deputado Jamilson Name e o irmão Jamilson Name Filho.

A reportagem procurou o deputado Jamilson, que revelou tranquilidade quanto ao andamento da ação.

“Tenho convicção da minha inocência. Estou muito tranquilo”.

“A defesa de Jamil Name Filho informa que confia na sua inocência e vai manifestar apenas nos autos, tão logo finalize as audiências marcadas”, informou o advogado João Paulo Delmondes, representante de Jamil Name Filho na ação.

´O próximo o está marcado para 6 de novembro, quando serão ouvidas as testemunhas de defesa. Depois, será realizado o interrogatório dos réus, as partes são chamadas para apresentar suas alegações finais e o juiz responsável sentencia o caso.

Não há previsão de quando todo esse trâmite termina.

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