Graziela Pinheiro: começa júri de marido que matou e sumiu com o corpo da esposa 1m55g
Júri do caso Grazi é realizado em Campo Grande 392i1l
Perto de completar dois anos do dia em que Graziela Pinheiro Rubiano desapareceu, Campo Grande julga o companheiro dela, Romulo Rodrugues Dias por assassinato. O corpo da mulher nunca foi encontrado, mas as versões impossíveis para o sumiço da companheira e até o comportamento “básico” de feminicidas, levou a polícia a uma grande quantidade de sangue na casa que foi do casal. Nesta sexta-feira (11), são essas gostas de DNA que fazem o homem de 35 anos sentar no banco dos réus do Tribunal do Júri.

Foram as amigas de Grazi que notaram sua ausência, no início de abril de 2020. Na época, ela frequentava um curso técnico de enfermagem e não apareceu para apresentar um trabalho, coisa que não era comum. Sem conseguir contato, as colegas foram a casa dela e ouviram de Romulo que ela havia ido embora. A história estranha fez com que procurassem a polícia.
As investigações começaram na DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio), no setor de pessoas desaparecidas. Romulo foi chamado e cada dia contava uma versão. Tentou de tudo: usou vídeos íntimos e inventou um suposto relacionamento homoafetivo para desmoralizar a companheira e justificar a ideia de que ela havia fugido da cidade. Mas não deu certo.
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“A maneira que o indiciado se portou durante toda a investigação foi confusa e não colaborativa. Com o desaparecimento de sua esposa não notificou a polícia e pôs-se a difamá-la entre pessoas que eram do convívio dela. Trouxe versões controversas à polícia e mudou aspectos muito relevantes da narrativa conforme pontos eram provados impossíveis”, lembrou o delegado Carlos Delano, responsável pela apuração do caso.
Usando a tecnologia, a polícia refez os últimos os de Grazi e Romulo. As evidências levaram as equipes na residência do casal, onde aparentemente nada estava errado. Com luminol, no entanto, a presença de sangue foi constatada em todo o fundo do imóvel, nas pias do tanque e no porta-malas do carro.
Em um trabalho minucioso, a polícia conseguiu coletar uma gota de sangue, viajou até o interior de São Paulo para encontrar a filha com quem Grazi a muito tempo não falava e com ajuda dela, confrontaram o DNA encontrado ali: não havia dúvidas, o sangue era de Grazi. La foi morta e levada no porta-malas até o ponto em que o corpo foi abandonado.
“Além disso, dados colhidos de seu comportamento na internet e exames realizados em sua casa permitiram evidenciar, interpretados conjuntamente, indícios suficientes para indiciá-lo pelo homicídio de Graziela, mesmo sem que se tenha encontrado o cadáver. Certamente o indiciado não contava com o aprofundamento do trabalho investigativo em detalhes de seus atos no dia do desaparecimento da vítima e nos dias que se seguiram, que permitiram evidenciar a materialidade do crime e que convenceram o Ministério Público e o Judiciário a levar o suspeito a julgamento no júri popular”.
O júri 4t5t
Nesta sexta-feira será o promotor Douglas Oldergado que representará a família de Grazi e o Estado em plenário. Com mais de 800 júris no carreira, não é a primeira vez que ele fala por uma vítima que nunca foi encontrada.
Na história de Campo Grande, casos parecidos foram julgados. Douglas trabalhou em pelo menos dois deles: o do menino Dudu, morto aos 10 anos e das vítimas do serial killer Luiz Alves Martins Filho, o Nando, apontado como autor de pelo menos 13 assassinatos.
“Diante de um punhado de plenários, existe o fato de não termos um cadáver localizado. Isso é um fato incomum. Mas também não é inédito. Na verdade, isso é exatamente a consumação do crime conexo de ocultação de cadáver. Quando trabalhamos no caso Dudu em 2010, tinhamos apenas restos de ossos que a perícia sequer concluiu serem humanos. No caso Nando tivemos 3 das vítimas que não foram localizadas, mas mesmo assim fizemos os júris e as condenações vieram.
É incomum, dá argumento à defesa. Mas não é raro, já aconteceu e dá pra lidar com isso”.
Hoje, o promotor acredita que as provas do processo e todo o caminho percorrido pela justiça até o júri serão suficientes para trazer a verdade desse crime aos jurados.
“O caminho pro convencimento do júri a sempre pelo que é mostrado pela prova que o processo contém. É por isso que, quando a prova não mostra a culpa, se pede a absolvição. E quando a prova mostra a culpa, se pede a condenação.O desafio é sempre o mesmo: Construir uma estrutura de convencimento que resista às teses defensivas que virão depois”.
Enquanto isso, a defesa tenta provar que Romulo não é o assassino da mulher, ao contrário disso, que ela está viva.