Festa colorida dá espaço ao luto no dia em que Sophia faria 5 anos 4u5i
Pequena completaria cinco anos neste 2 de junho 6q6c4d
A preguiça típica de uma segunda-feira deu lugar à dor em um lar em luto há mais de dois anos em Campo Grande. O céu nublado traduzia sentimento que fez morada no coração de Jean Ocampo e Igor Andrade desde então. A pequena Sophia Ocampo, que teve seu rostinho tantas vezes estampando o noticiário, completaria cinco anos neste 2 de junho.
Sem a presença física da menina no cotidiano agora silencioso de ambos, o que restou foi ocupar o tempo que seria para organizar colorida festa, prestando homenagem em meio ao preto e branco do luto.
Junto a um vídeo mostrando momentos da curta estada da criança neste plano, Igor, companheiro de Jean, pai de Sophia, publicou um texto em que o remetente é o céu – leia na íntegra ao fim desta matéria.
História tão particular desta família se tornou pública porque a garotinha morreu vítima de violência quando ainda era praticamente um bebê, aos dois anos e sete meses. O crime, cometido por Stephanie de Jesus e Christian Campoçano, mãe e padrasto da vítima, ocorreu em janeiro de 2023.

Na calculadora implacável do tempo, em breve Sophia terá mais tempo de vida ceifada do que vivida. Os assassinos cumprem pena fruto de julgamento feito em dezembro ado. Os então réus foram submetidos ao juri popular e receberam juntos 52 anos de prisão em regime fechado.
Os dois respondem outra ação pelo crime de maus-tratos, este corre em segredo de Justiça e teve sua última audiência adiada.
Leia a carta abaixo:
Sophia faria 5 anos…
Hoje o dia é cinza. Pensamos em como estaríamos agora, provavelmente preparando uma festinha com seu tema preferido, enchendo balões, escolhendo o vestido mais lindo pra você usar… E você, toda animada, correndo pela casa, perguntando quantos presentes iria ganhar.
Mas o que temos hoje é o silêncio. Um silêncio que dói. Um vazio em nosso peito e nossa casa. Uma saudade que não dá trégua, que rasga o peito, que nos tira o ar às vezes.
E o que mais machuca é saber que tudo poderia ser diferente. Que você poderia estar aqui, viva, sorrindo, crescendo… Se o mundo tivesse te enxergado como criança. Se tivessem visto o nosso amor por você como o que ele sempre foi verdadeiro, inteiro, de dois pais que lutaram com tudo o que tinham pra te proteger. Mas não.
Essa cidade fechou os olhos pra você, filha. Não te viu como uma criança com direitos, com história, com futuro. Só viram dois homens lutando por uma filha (na verdade nunca me viram como pai afetivo). Só viram preconceito. Só enxergaram a nossa família como algo errado, quando tudo em nós era puro amor.
E por causa disso, perdemos você.
Hoje, não é só saudade. É revolta. É dor misturada com impotência. É grito engasgado na garganta. Porque você merecia viver. Merecia crescer cercada de cuidado, de festa, de tudo o que sonhamos pra você.
Você não está mais aqui nos nossos braços, filha, mas nunca deixou de estar com a gente. Você está em tudo … no céu que olhamos, no chocolate em que comemos, nos lugares que vamos, nas bolhas de sabão flutuando no ar, no cheiro do seu perfume, nas músicas que você gostava, nas lembranças que nos restaram e que guardamos com tanto carinho. Tem dias em que a gente fecha os olhos e quase escuta sua voz.
Faz falta te ver correndo pela casa, fazendo perguntas do tipo “como é xô nome?” rindo com aquele brilho no olho que iluminava tudo. Faz falta te dar colo, ouvir você chamando “papaieee, cadê o Ucho?”, sentir sua mãozinha segurando nosso dedo na hora de dormir mais.