Ex-aluno de Ledur diz em depoimento que pediu "pelo amor de Deus" para não morrer 31s4

A audiência foi conduzida pelo juiz Marcos Faleiros, da 11ª Vara da Justiça Militar, de forma virtual t29i

Durante depoimento prestado nesta segunda-feira (18) o ex-aluno do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso, Maurício Júnior dos Santos, afirmou que pediu “pelo amor de Deus” para não morrer afogado pela 1º Tenente BM Izadora Ledur de Souza Dechamps, de 33 anos.

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Izadora Ledur já responde a segundo processo por tortura e maus-tratos contra alunos do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso (Foto: Reprodução)

A militar foi denunciada por ele e responde por suposto crime de tortura. A audiência foi conduzida pelo juiz Marcos Faleiros, da 11ª Vara da Justiça Militar, de forma virtual. Ledur já respondeu pelo mesmo crime, que terminou com a morte do também aluno Rodrigo Claro. Ele morreu após um treinamento aquático e a militar foi condenada em 2020 a um ano de prisão por tortura e maus-tratos.

Durante seu depoimento, Maurício disse que também estava em um treinamento aquático, realizado na Lagoa Trevisan, em Chapada dos Guimarães, quando foi afogado pela, à época, instrutora Ledur.

“Ledur, pelo amor de Deus! Para, para, para que você vai me matar. Eu vou morrer, mas ela me afogou de novo, me afundava e comecei a engolir água”, disse ele.

O ex-aluno disse que chegou a perder a consciência e que foi socorrido por colegas, sendo encaminhado a uma unidade de saúde em uma ambulância, que estava presente no dia da prova. “Os meus colegas disseram que teve uma hora que eu afundava e não voltava. Fui perdendo a consciência aos poucos. Só me lembro de estar me debatendo, e de vomitar aquela água”, completou.

Conforme Maurício, Ledur foi ver seu estado de saúde na ambulância e teria xingado o então aluno de “bichinha”. “Ela queria que eu voltasse, queria me pegar de novo, me xingava, vomitei e desmaiei de novo. A Ledur foi pra ver como eu estava, e eu vi ela perguntando como eu estava, e eu só me lembro que ela falou: ‘mas é uma bichinha mesmo’”.

Maurício foi brigadista em Sorriso, a 420 km de Cuiabá, e disse em juízo que teve seu sonho destruído, ando a apresentar problemas psicológicos depois das supostas torturas que sofreu. Ele foi considerado inapto no curso e não seguiu a carreira no Corpo dos Bombeiros.

“Eu podia ter morrido. Só não morri porque ela não era a comandante do meu pelotão, era a instrutora. O Rodrigo Claro não teve a mesma sorte, porque ela era a comandante do pelotão dele, né? Os que tinham mais dificuldade com água eram os mais perseguidos por ela. Ela não itia essas dificuldades, parece que ela precisava punir alguém. Era para eu ter morrido em março daquele ano, e não o Rodrigo. Todas as instruções com ela, eram nessa pegada”, disse.

Ameaças 1qo5k

Maurício contou em depoimento que pediu desligamento quando faltava um mês para sua formatura como soldado do Corpo de Bombeiros. “(…) porque eu recebi ameaças de que no campo final ela iria me pegar. Que eu não iria escapar”, completou.

O sargento do Corpo de Bombeiros Larsson Silva estava na mesma turma de Maurício Júnior. Ele contou que o aluno era classificado como destaque negativo. Segundo ele, Maurício tinha dificuldade com exercícios na água. Porém, o aluno nunca falou sobre a existência de algum problema de saúde que pudesse atrapalhar o desempenho.

Lardsson disse que Ledur era a instrutora mais ‘caxias’ em questões de salvamento aquático. “A tenente era a que cobrava um pouco mais, mas nada que fugia do padrão, a não ser os ‘caldos’ (quando uma pessoa é submetida a afogamentos)”.

Sessões de afogamentos 6z4z5v

Já o soldado Luiz Henrique Falaschi Angélica disse que era o ‘canga’, ou seja, o parceiro de trabalho do aluno Maurício Júnior. Ele contou que Maurício foi o primeiro a pegar a boia ecológica para terminar a travessia e chegar ao local da flutuação, e quando começou a sessão de caldos, o candidato a soldado pediu para a tenente Ledur parar.

“Ele encostou nela, foi quando tudo piorou,. Ela questionou o motivo dele encostar em uma superior. jogou ele pra mim e disse ‘se vira com o seu canga’. Ele só chamava pela mãe, começou a vomitar muito e me falou que a cabeça dele ia explodir. O tenente que estava de barco pegou ele e levou o Maurício para atendimento médico”, disse o soldado.

Segundo Luiz Henrique, apenas três alunos foram submetidos às sessões de caldos.

Quem também testemunhou foi o soldado Ewerton Camargo. Ele criticou a falta de apoio do Corpo de Bombeiros nos dias de realização do curso. Segundo ele, Maurício foi levado para atendimento hospitalar em carro dos próprios candidatos a bombeiros.

Ele disse que sempre ajudava os alunos que tinham mais dificuldade em aulas aquáticas. No entanto, lembra que no dia não deixaram ajudar o aluno Maurício. Afirmou no depoimento que a tenente Ledur cobrava sempre do aluno Maurício.

O soldado Willian Candioto disse que estava na Lagoa Trevisan, mas não participou do teste por não estar em boas condições físicas. Ele contou que ajudou a levar o aluno para atendimento médico, afirmou que a pressão arterial de Maurício estava alterada, mas ele estava consciente.

Maurício Júnior disse vem de família de militares e que sempre sonhou em ser bombeiro, contou que chegou a enviar e-mail para o Corpo de Bombeiros para questionar sobre como era o processo de seleção. Contou que tinha dificuldade na natação e estava treinando para melhorar o desempenho.

Falou sobre suas dificuldades em disciplinas na água e contou que os colegas já haviam alertado sobre o tratamento dispensado pela tenente Ledur na disciplina de salvamento aquático.

Foi agendada nova audiência de instrução para o dia 22 de novembro, às 13h30.

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