“Destruído”, pai de Sophia fala das tentativas de salvar a menina 5d5368
Técnico de enfermagem Jean Carlos Ocampo, narra os dias de tristeza sem a filha Sophia, morta com apenas 2 anos 2hu
“Eu estou destruído por dentro, porque ela era o meu bebê. Mexeram da forma mais cruel que tinha na minha filha, entendeu? É revoltante”.
O relato de indignação é também carregado de tristeza. Assim têm sido os últimos dias do técnico de enfermagem Jean Carlos Ocampo, o pai da menina Sophia, de 2 anos. Nesta sexta-feira (3), faz oito dias que ela se foi, vítima de violência física e sexual.
Jean Carlos já havia denunciado a suspeita de maus-tratos sofridos pela filha na polícia, mas esclarece que não chegou a fazer um pedido de guarda da Sophia na Justiça. Ele e o marido o recepcionista Igor de Andrade Silva Trindade, procuraram a Defensoria Pública, conseguiram organizar a documentação, mas não encontraram as testemunhas.

Sophia foi espancada e estuprada pelo padrasto, Christian Campoçano Leithein, de 25 anos, antes de ser morta no último dia 26 de janeiro. O laudo necroscópico, divulgado nesta sexta-feira (3), apontou sinais de violência sexual na menina, e informou ainda que não são recentes. Tanto Christian quando a mãe da menina, Stephanie de Jesus da Silva, de 24 anos, estão presos pelo crime.
A mãe tinha guarda unilateral da criança, ou seja, ela definia quando o pai poderia ver a filha.
No dia seguinte à morte de Sophia, Igor informou que a mãe da criança havia dificultado a situação, por preconceito. “Ela dizia que não deixaria a filha com dois homens“, disse Igor, à reportagem.
Sem preconceito, diz juíza 4r4r2j
Caso o processo de adoção tivesse andado, a orientação sexual do casal não seria um impeditivo, garante a juíza Katy Braun do Prado, da Vara da Infância, da Adolescência e do Idoso da Capital.
“Não havia nenhum impedimento para ele (Jean) ficar com a criança por conta da orientação sexual”, afirma a juíza.
Jean e Igor contam que começaram a suspeitas dos maus-tratos sofridos pela filha no fim de 2021, quando a menina chegou na casa do casal com hematomas pelo corpo – que foram registrados nessas fotos. Os dois dizem que procuraram o conselho tutelar, mas não conseguiram registrar denúncia.
“Quando a gente procura algum lugar pra poder nos orientar, esperamos que nos expliquem que é desse jeito e pronto. Mas aí ficam mandando de um lado para o outro… a gente fica sem norte, não sabe pra onde ir, não sabe o que fazer, quem deveria fazer, não fez”, desabafa Jean.
O primeiro boletim de ocorrência foi registrado na polícia e gerou um TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência) pra dar mais agilidade. O processo chegou até o Ministério Publica, mas foi arquivado pela Justiça por falta de provas. A alegação é que o pai teria recuado, dizendo que as agressões não voltaram a acontecer.
“Eu falei que ela não tinha na gravidade que estava, mas ainda tinha os roxos em si. Tanto que no dia dessa audiência, a mãe não compareceu”, acrescenta.
No Conselho Tutelar, uma denúncia só foi registrada em fevereiro do ano ado, mas Jean conta que nada avançou. Em novembro do ano ado, Sophia deu entrada na Upa (Unidade de Pronto Atendimento) do Bairro Coronel Antonino. Ela tinha uma fratura na tíbia. Por causa disso, o casal procurou a polícia pela segunda vez e registrou mais um boletim de ocorrência.

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Em nota, a Polícia Civil confirmou que o boletim foi registrado em 22 novembro de 2022 devido a fratura na perna da criança e que o pai suspeitava de maus-tratos. A polícia informou que o pai teria sido orientado que poderia solicitar medidas protetivas de urgência, mas ele teria se recusado.
Jean nega essa informação.
“O que a gente mais queria era tirar ela de la, independente se fosse ficar conosco, se fosse ficar no abrigo, para a avó materna, avó paterna. A nossa intenção sempre foi tirar ela desse lar, desse meio. nunca foi cogitado chegarem pra gente e perguntar da medida protetiva”, garante o técnico de enfermagem.
A Polícia Civil ainda afirmou que foi solicitado o exame de corpo de delito, mas o pai não levou a criança até o IMOL (Instituto Médico de Odontologia Legal). Jean conta que não conseguiu levar a filha para fazer o exame antes que Stephanie buscasse a criança.
Depois que foi denunciada por Jean após a fratura na perna da menina, Stephanie prestou depoimento na delegacia, disse que a menina havia caído no banheiro e levou a filha embora. Jean teria ficado alguns dias sem poder ver a menina, justamente porque a mãe teria se irritado com a denúncia
“O corpo de delito foi pedido mas a neném não ficava conosco direto. Então era assim, tudo escondido não tinha como eu pegar e ir. O corpo de delito eu não consegui fazer por conta disso, não tinha como eu pegar a neném, ir lá e levar”, comenta.
Nesta sexta-feira (3), saiu o laudo do exame necroscópico feito no corpo da menina. Segundo a polícia, sophia morreu devido a um trauma na coluna vertebral. O exame também apontou que a menina foi vítima de violência sexual não recente. O inquérito que apura a morte da criança foi concluído nesta sexta-feira e encaminhado a justiça.
A advogada do pai de Sophia diz que vai entrar na justiça para questionar possíveis omissões no atendimento do caso. Jean espera Justiça e que outras crianças não venham a sofrer violências como a filha dele sofreu, diante da inércia dos órgãos que mais deveriam protegê-la.
“A minha filha, ela não vai votar, sabe? Mas eu não quero que o que aconteceu com ela, aconteça com outras crianças”, conclui.
