Caso Sophia: adiada audiência sobre tortura e maus-tratos antes de morte q4uz
Nova data ainda não foi marcada pela Justiça, que vai apurar agressões sofridas pela menina anos antes do crime que tirou a vida de Sophia 5rj5k
A audiência que apuraria denúncia por maus-tratos e tortura sofridos pela pequena Sophia, morta em janeiro de 2021, foi adiada pela Justiça nesta terça-feira (8). O padrasto da menina, Christian Campoçano Leithem, responderá por agressão a enteada, enquanto a mãe, Stephanie de Jesus, é acusada por omissão de socorro.

A informação foi confirmada pela advogada de defesa dos pais da vítima, Janice Andrade. Ao Primeira Página, ela contou que o adiamento aconteceu após Christian revogar a procuração dos advogados que o defenderam no primeiro julgamento.
Dessa forma, a Justiça concedeu, ao acusado, prazo de 5 dias para constituir nova defesa. Caso isso não aconteça, será designado um defensor público para atuar no caso.
Por conta disso, uma nova data não foi divulgada para que a audiência aconteça. Nas redes sociais, os pais de Sophia, Jean Ocampo e Igor de Andrade publicaram um desabafo quanto ao adiamento.
“Mais uma estratégia fraca da defesa, que parece se preocupar mais em ganhar tempo do que em colaborar com o processo de forma transparente e responsável. Não é surpresa alguma, já virou rotina! Sempre que possível, recorrem a artifícios para empurrar com a barriga aquilo que deveria ser enfrentado de frente. A diferença entre adiar e resolver é coragem. E, pelo visto, isso ainda está em falta por lá”, escreveram.
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O caso 2w4a2h
Segundo o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), Christian submeteu Sophia a intenso sofrimento físico, com uso de violência como forma de castigo.
A denúncia indica que a menina deu entrada em uma unidade de saúde da Capital com uma fratura incompleta na tíbia esquerda, entre os dias 17 e 18 de novembro de 2020. Na ocasião, a mãe afirmou que a filha havia caído no banheiro, mas a investigação apontou uma outra versão para o ferimento.
Durante o processo, foi colhido um depoimento especial do filho de Christian. À época com cerca de seis anos, ele relatou que viu o pai agredindo Sophia com chutes, como punição por ela ter deixado cair um brinquedo, “uma casinha grande”.
“Foi meu pai, meu pai que chutou ela pra rua, chutou ela duas vezes, aí deixou ela machucada”, declarou o menor em depoimento.
O pai biológico de Sophia, Jean Carlos Ocampo da Rosa, também prestou depoimento. Ele relatou que, na época dos fatos, ouviu da filha que a fratura havia sido causada por Christian.
Jean também afirmou ao Ministério Público que a menina demonstrava medo de voltar a conviver com a mãe e o padrasto, dando indícios de que era vítima de violência por parte de ambos.
Entre as testemunhas arroladas pelo MPMS para esta nova audiência estão Jean Carlos Ocampo da Rosa, a avó materna da vítima, um médico e o próprio filho do acusado, o menino, que já prestou depoimento em formato especial.
A audiência está prevista para ser realizada no Fórum de Campo Grande e deve esclarecer detalhes sobre as agressões que antecederam a morte da criança.
Condenações 705r10
Mãe e padrasto da menina Sophia, Stephanie de Jesus e Christian Campoçano Leithem foram condenados a 52 anos de prisão pela morte da criança, que à época tinha 2 anos e 7 meses de idade.
Christian foi condenado a 32 anos de reclusão pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, por motivo fútil, meio cruel e contra menor de 14 anos, além de estupro de vulnerável. Do total, 20 anos são referentes ao homicídio e 12 ao estupro.
Já Stephanie foi condenada a 20 anos de prisão por homicídio qualificado por motivo fútil, meio cruel e contra menor de 14 anos, além de homicídio doloso por omissão. O júri acolheu todas as teses apresentadas pelo Ministério Público e pela assistência de acusação.
Caso Sophia 1mo5z
Sophia viveu por dois anos e sete meses ao lado da mãe e tinha uma irmã, hoje com quase três anos. A menina foi atendida mais de 30 vezes na mesma unidade de saúde que, em 26 de janeiro de 2021, recebeu seu corpo sem vida.
Os inúmeros problemas de saúde refletiam a rotina de violência a que Sophia era submetida por quem deveria protegê-la.
A morte da criança provocou grande comoção pública, especialmente por envolver falhas em órgãos de proteção como o Conselho Tutelar e a própria Justiça, que não conseguiram agir a tempo de evitar o desfecho trágico.