Caso Renato Nery: polícia desmente confronto e indicia 4 PMs 2h611p
A investigação aponta que cena de suposto tiroteio após roubo de carro foi forjada e a arma do crime teria sido plantada para encobrir assassinato de advogado s412
Uma reviravolta nas investigações sobre um suposto confronto policial ocorrido menos de uma semana após o assassinato do advogado Renato Nery aponta para uma possível fraude processual e o envolvimento de policiais militares no crime.

A Polícia Civil concluiu que não houve confronto e indiciou 4 policiais militares pelos crimes de homicídio qualificado, fraude processual, duas tentativas de homicídio e porte ilegal de arma.
Os policiais militares indiciados são:
- Jorge Rodrigo Martins
- Leandro Cardoso
- Weckcerlley Benevides de Oliveira
- Wailson Alessandro Medeiros Ramos.
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O suposto confronto ocorreu após o roubo de um carro em Cuiabá por um homem e dois adolescentes. Na versão inicial dos policiais do batalhão de Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam), registrada em boletim de ocorrência, a equipe teria recebido uma denúncia da localização dos suspeitos e realizado a abordagem.
Os PMs alegaram que um dos suspeitos reagiu atirando, levando os policiais a revidarem em legítima defesa. O homem morreu, enquanto os 2 adolescentes conseguiram fugir, um deles baleado. Os policiais afirmaram ter apreendido 2 pistolas com os supostos assaltantes.
Posteriormente, a perícia identificou que uma dessas armas seria a mesma utilizada para ass o advogado Renato Nery.
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No entanto, as investigações da Polícia Civil contradizem essa versão. Segundo a corporação, as provas colhidas durante o inquérito apontam para a inexistência de um confronto.
A Polícia Civil suspeita que, além de o confronto ter sido forjado, a arma utilizada no homicídio de Renato Nery teria sido plantada na cena do suposto confronto para garantir a impunidade do crime anterior.
Com o indiciamento dos quatro policiais militares, o Ministério Público Estadual (MPE), que também acompanha as investigações, poderá oferecer denúncia à Justiça.
Ainda restam dúvidas a serem explicadas sobre a morte de Renato Nery. A Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) identificou que a munição encontrada no corpo da vítima pertencia à Rotam. A Polícia Civil busca agora esclarecer como essa munição chegou às mãos de criminosos.
Outros três policiais militares suspeitos de envolvimento no assassinato do advogado – Heron Teixeira Pena Vieira, Jackson Pereira Barbosa e Ícaro Natan Ferreira – estão presos, assim como o homem apontado como o atirador, Alex Roberto de Queiroz Silva.
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A Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) informou que as investigações sobre a morte do advogado Renato Nery devem ser concluídas em breve.
Relembre o caso c6n5a
O advogado Renato Nery, de 72 anos, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT), foi atingido por sete disparos na manhã de 6 de julho de 2024, ao chegar ao seu escritório, localizado na Avenida Fernando Correa da Costa, no bairro Areão, em Cuiabá.
Imagens de câmeras de segurança registraram o momento em que um homem, já à espera da vítima, efetuou os disparos e fugiu em uma motocicleta vermelha. Nery foi socorrido e ou por cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu no dia seguinte.

As investigações da DHPP indicam que o crime pode estar ligado a disputas por áreas de alto valor imobiliário em Mato Grosso. Renato Nery era reconhecido por sua atuação em processos de regularização fundiária e litígios envolvendo propriedades, o que pode tê-lo tornado alvo de interesses econômicos.
O assassinato de Renato Nery teve grande repercussão nos meios jurídico e político de Mato Grosso. A OAB-MT cobrou rigor nas investigações e manifestou apoio à operação, enfatizando a necessidade de punição dos responsáveis.