Ir ao Centro pra quê se no meu bairro tem tudo? 6re3t
Com bairros cada vez mais estruturados, moradores nem precisam ir ao Centro. Este é o tema da quinta reportagem da série Planejamento Urbano 5t2m4i
Rua da Divisão, Ana Luísa de Souza, avenidas Marquês de Pombal, Bom Pastor e Capibaribe, sabe o que elas têm em comum? São vias dos bairros que se tornaram exemplo de autonomia, e que dependem cada vez menos do Centro da cidade.
Os moradores destas regiões têm supermercado, restaurante, lanchonete, farmácia, banco, lotérica, escola. Infraestrutura e serviços que estão a poucos os, reflexo de uma cidade dinâmica como Campo Grande.
“A gente pode perceber claramente que hoje nós temos pequenas microcidades, e elas acabaram acontecendo nas vias onde correm o transporte público”, explica o engenheiro civil do CREA MS (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Mato Grosso do Sul).
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Comércio no bairro 2u3d2h
São os comércios que fortalecem os bairros, e muitas vezes eles nascem ali, da vontade de empreender dos próprios moradores. Há 15 anos, Iara Freitas se mudou para o Rita Vieira, onde resolveu abrir uma loja de brinquedos e roupas infantis.
No início, tudo funcionou na casa mesmo, num puxadinho em frente à residência, na rua sem asfalto. “A maioria dos clientes não iam na loja por causa da chuva. Era sempre um ‘traz aqui pra mim’, ‘não vou sujar meu carro pisando aí’. É muito ruim ouvir isso, porque é um sonho que você tem”, recorda.
Com a chegada do asfalto e o desenvolvimento do bairro, Iara não teve dúvidas, abriu uma unidade na galeria que surgiu ali pertinho, a poucos minutos de casa. A empresa cresceu, e hoje são três lojas e oito funcionários.
“Com o crescimento do Rita Vieira, vieram muitas empresas pra cá. Isso tornou o bairro muito viável, rentável. Supermercados vieram, colégios também. As pessoas começam a acreditar que você não precisa sair daqui pra comprar alguma coisa. Você pode viver do bairro, e isso é legal, ver o lugar onde você acreditou crescendo e valendo a pena”.
Orgulho de ser do bairro h692b
Na família do empresário Antônio Carlos Corrêa Pinheiro, morar e trabalhar no Nova Lima é motivo de orgulho. O primeiro negócio deles abriu as portas há 32 anos. “Foi através do meu sogro, ele teve a primeira panificadora na região. A primeira vitória nossa foi asfaltar a linha do ônibus, era até surreal”, conta.
Nas lembranças da família, o que ficaram foram história de quedas de bicicleta e das andanças de casa até o ponto de ônibus. “Eu andava quatro quilômetros para chegar no ponto e poder ir para a escola e aquele medo. Além do bairro ser precário, tinha a parte da violência. E hoje, ver o jeito que está assim, a evolução que teve, é muito gratificante”, fala o gerente Vinícius Augusto de Melo Pinheiro.
Depois de 15 anos, a padaria fechou. Com a chegada do asfalto, novos empreendimentos e condomínio, o bairro viveu um boom, e partir para outro segmento foi questão de sobrevivência. A mudança foi radical, e de pães a família ou a vender móveis novos. A loja foi construída no mesmo local da antiga padaria.
“Hoje minha loja é de 340 metros e temos seis funcionários diretos e dois indiretos. Agora estamos fazendo uma ampliação para mais 360 metros. Estou prevendo investimento de meio milhão de reais para ampliação e vamos gerar mais quatro empregos diretos”, afirma Antônio.
O empresário emenda dizendo que, antes, ele e a família eram discriminados. “Você mora no Nova Lima, meu Deus! Hoje, é um orgulho que nós temos, de estar presente no crescimento do bairro”.