"Era tudo mato": histórias de quem viu bairro nascer ou parar no tempo 2t2w1t

Esta é a primeira reportagem sobre Planejamento Urbano que vai desenhar o desafio de fazer a cidade crescer de forma ordenada, sustentável e de olho nas futuras gerações 3s2ax

Campo Grande tem 74 bairros, o Amambaí é o mais antigo de todos, e é de lá que vem a frase que já virou até meme nas redes sociais: “quando eu cheguei, isso aqui era tudo mato”, reproduz o corretor de imóveis Marcus Vinícius Rodrigues da Luz.

Apaixonada pelo bairro Amambaí, família tem segunda geração até empreendendo no local (Vídeo: Reprodução/TV Morena)

Ele e a esposa Sandra Maria Ferreira sustentam o título de primeiros moradores, desde que se mudaram para o bairro na década de 1970. “Aqui não tinha nada, para você ir ao Centro, ava por pinguela. Para ir pela Cândido Mariano, era uma pontezinha de madeira”, recorda Marcus.

Foi a rodoviária antiga e o fortalecimento do Centro de Campo Grande que aceleraram o desenvolvimento da região e que abriu caminho para, que décadas depois, depois a filha do casal empreendesse na mesma região onde cresceu.

Nas lembranças de infância, a empresária Mari Glei Ferreira da Luz tem a imagem de ir e vir da escola a pé, de um bairro tranquilo, que dava liberdade para andar na rua ao mesmo tempo em que já estava desenvolvido.

“Tenho um apego emocional por este canto. Estamos num bairro que cresceu muito, que é onde eu fui criada, me casei. Não quero sair do Bairro Amambaí”, narra Mari. Em 2005, ela fez da região também seu endereço de trabalho, e numa distância de 1 minuto de carro, deixa a casa para começar o expediente.

São histórias assim que mostram o quanto a cidade significa para a população e que o crescimento de determinadas regiões não quer dizer, necessariamente, a chegada de urbanização e infraestrutura. Esta é a primeira de cinco reportagens sobre Planejamento Urbano que vão desenhar o desafio de fazer a cidade crescer de forma ordenada, sustentável e de olho nas futuras gerações.

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Contrastes 5u813

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No Portal da Lagoa, primeiros moradores falam que bairro parou. (Foto: Wilson Bisol)

Do Amambaí ao Portal da Lagoa, a distância geográfica de pouco mais de nove quilômetros é desproporcional ao contraste entre os dois bairros. Se a frase que inicia a matéria é repetida pelo aposentado Antônio Francisco de Araújo, de que quando chegou tudo era “braqueara”, falar do desenvolvimento da região é bem diferente.

O Portal da Lagoa é um dos bairros mais novos de Campo Grande. Antônio e a família são residentes há 23 anos. De transformações, só mesmo a chegada de construções de casas, mas nada de asfalto e muito pouco de infraestrutura.

“Não tinha uma árvore, não tinha nada. Quando nós viemos para cá, tinha três casas aqui, nem água tinha, a gente pegava no casarão da frente”, recorda o aposentado.

As mudanças esperadas há duas décadas, não têm vindo no mesmo ritmo para este lado da cidade. “Está faltando asfalto, uma escola para as crianças. É vizinho que precisa aterrar, tampando os buracos, além de muitos terrenos”, resume Antônio e a esposa Isabela Araújo.

Campo Grande em números 58383k

  • 123 anos de história
  • Mais de 8 milhões de metros quadrados de área
  • Quase 1 milhão de habitantes
  • Dividida em 7 regiões Segredo, Prosa, Bandeira, Centro, Anhanduízinho, Lagoa e Imbirussú
  • 74 bairros
  • Oitavo perímetro urbano do País

Esquecimento 2b6z4g

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Daiane lê a placa que trouxe de barraco de favela para terreno que conseguiu conquistar. (Foto: Chico Gomes)

Dentro do contraste entre os bairros mais antigo e mais novo, há outro ponto que mostra o quanto no quesito de habitação, a cidade segue esquecendo de seus moradores.

No Bairro Dom Antônio Barbosa, há 24 anos, o diretor de um projeto que atende crianças na região, o Asas do Futuro, precisa pagar do próprio bolso o dinheiro para limpar a fossa. A água na rua, por exemplo, é marca registrada na região.

“Nós moramos num lugar que falta esgoto tem 24 anos, essa água que está aqui nunca seca”, fala o presidente do projeto, Cristiano Lourenço da Silva.

O mesmo sentimento é compartilhado pela dona de casa Daiane de Souza, que até hoje tem na porta de casa a lembrança de um período bem difícil. “Ao entrar, Deus te abençoe. Ao sair, Deus te acompanhe”, diz a placa.

Era esta as boas-vindas que Daiane deixava no barraco onde morou por quatro anos na antiga favela Cidade de Deus. Ela só saiu do barraco depois de uma ação do poder público para acabar com a ocupação.

“Teve um mutirão e dividiu o pessoal. Quem ficou aqui, era porque trabalhava no lixão”, explica. Contemplada com uma casa, hoje ela vive a espera da infraestrutura. “Precisa de asfalto, segurança, educação”, pontua.

Como um fantasma, a região revive a formação de novas favelas, como Diovana Nascimento, que tem ado a vida esperando uma moradia digna. A mãe dela foi uma das contempladas junto de Daiane, mas ela continua vivendo o enredo da espera.

“Precisam olhar mais pra gente, levantar nossos cadastros, a gente está na espera”, declara.

Plano Diretor 5xk6e

SPU TRES BARRAS
Campo Grande vista de cima na região da Três Barras. (Foto: Chico Gomes)

O desafio da istração pública é fazer crescer, por igual, as sete regiões da cidade. Para este trabalho existe o documento chamado plano diretor, que é a principal política pública que uma cidade tem para o desenvolvimento urbano, e que vem sendo discutido para implantação nos bairros.

“Na prática a gente dota essas áreas com serviços públicos básicos como a infraestrutura necessária para que essas pessoas possam ter serviços de saúde, de educação, assistência, transporte coletivo, pavimentação, drenagem e habitação, que é o direito principal do ser humano”, ressalta a diretora-presidente da Planurb (Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano), Berenice Maria Jacob Domingues.

As reportagens vão ao ar todos os dias, às 16h, no Primeira Página, e na manhã seguinte no telejornal Bom Dia MS.

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