Federação de MS cobra punição de médico por fala racista contra árbitro 6l515b
Médico do Costa Rica chamou o árbitro de "neguinho" durante partida do Campeonato Sul-Mato-Grossense 2q2c4s
A FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul) protocolou no TJD (Tribunal de Justiça Desportiva), nesta quarta-feira (13), notícia de infração disciplinar desportiva e pedido de instauração de inquérito para que se apure crime de injúria racial sofrido pelo árbitro Rosalino Francisco Sanca.
O profissional foi chamado de “neguinho” pelo médico do Costa Rica, Marcus Andre dos Santos, durante a partida entre Costa Rica e Operário no último dia 3 de março, no Estádio Laertão, pela 9ª rodada da primeira fase do Campeonato Sul-Mato-Grossense.
Confira o vídeo que mostra o momento da fala racista 591h60
Este foi o segundo caso de racismo no futebol estadual, após o zagueiro da Portuguesa, Vinícius Machado, registrar Boletim de Ocorrência contra um Policial Militar, por falas racistas, durante uma partida da 7ª rodada.
Rosalino atuava como quarto árbitro do jogo e, conforme as regras do esporte, solicitou que um homem, que estava sentado em uma cadeira em frente a área restrita, que fica próxima à porta do vestiário da arbitragem, destinada apenas a pessoas autorizadas, saísse do local.

O homem reclama, mas pega a cadeira e sai do local. É neste momento que o médico do atual campeão estadual faz um comentário discriminatório a respeito do árbitro.
“Ele é confusão esse neguinho aí, ele é confusão. E ele quer confusão”, disse Marcus, em tom de deboche.
O vídeo flagrou o exato momento da fala, e mostra a vítima ao fundo, enquanto Marcus caminha com as mãos para trás.
O árbitro só soube da situação quando ouviu de testemunhas o que tinha acontecido e viu a filmagem.
“Essa ação não é apenas contra o ‘Sanca’, é contra a humanidade e todos os negros no mundo. Este é um caso que chegou diretamente a mim, foi um ataque a toda a comunidade negra. A justiça que quero é uma justiça reeducadora dos valores e princípios africanos”.
Rosalino Francisco Sanca.
Leandro Soares, advogado e representante legal do árbitro, explicou que o boletim de ocorrência já foi registrado e que aguarda a apuração da Polícia Civil Estadual sobre o caso.

No BO, registrado no dia 12 de março, o caso foi tipificado como “injuria qualificada pela raça, cor, etnia ou origem”.
Em nota de repúdio, a diretoria do Costa Rica afirmou estar ciente da gravidade das acusações, que está tomando as providência cabíveis e colaborando com as autoridades responsáveis para que o caso seja esclarecido “o mais rápido possível”.
“Até a apuração total do caso por parte das autoridades, o envolvido no episódio ficará afastado das atividades do clube”.
Costa Rica Futebol Clube.
Diante do ocorrido a FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul) também cobra que o TJD também apure o caso.
Na solicitação feita ao TJD, a Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul pede que se apure o caso e se puna os infratores dentro do que determina o Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) “para que assim, no futebol, acabe definitivamente com qualquer tipo de preconceito em suas modalidades”.
O documento foi assinado pelo vice-presidente da entidade e coordenador de competições, Marco Tavares.
“Nosso repúdio é punir os culpados. Na rodada desse final de semana temos sim uma ação a ser realizada no jogo do Costa Rica. Balões pretos e brancos, crianças vestindo preto e branco”.
Marco Tavares.
O presidente do Sindárbitro-MS, Ernani Tomaz da Silva, também repudiou a atitude e garantiu que a diretoria está prestando “total apoio” ao profissional.
“Esperamos que a polícia civil de Mato Grosso do Sul faça um trabalho eficaz de investigação e que as medidas necessárias sejam tomadas, para que os culpados possam ser punidos com o rigor da lei”.
Ernani Tomaz da Silva.
Ermani disse ainda que, situações como essa são inaceitáveis, ressaltando que “é dever de todos nós lutar pela erradicação do racismo e pela promoção de um ambiente inclusivo no futebol e na sociedade como um todo”.
Caso Portuguesa 3hzu

O outro episódio de racismo ocorreu durante a partida entre Náutico e Portuguesa, pela 7ª rodada do Estadual, no dia 29 de fevereiro. Vinícius Machado, zagueiro da Lusa, disse que foi ofendido por um Policial Militar, durante paralisação da partida.
O jogo foi parado após um princípio de confusão entre atletas dos dois times, ainda no primeiro tempo, por reclamações de um suposto pênalti não marcado para a Portuguesa.
Os ânimos acalmaram, no entanto, policiais militares que faziam a segurança do jogo, entraram em campo, sem a solicitação do árbitro da partida, e foram em direção a dois atletas da Lusa.
O jogadores se “amontoaram” próximos aos PMs e, conforme a assessoria de imprensa da Portuguesa, um dos policiais se referiu ao zagueiro de forma racista.
“De forma intimidadora, utilizando termo racista, segundo relato do jogador, dos colegas em campo e da torcida presentes”.
Portuguesa Futebol Clube.
Após o ocorrido Vinícius Machado, junto ao time jurídico do Clube, formalizou a denúncia de racismo na manhã do dia seguinte.