Pesquisadores de MT elaboram produto para reaproveitamento de resíduos sólidos 1x244w
Patente é produzida à base de resíduos agropecuários 4r3q3l
Com o objetivo inicial de conceder uma nova destinação ao lodo de esgoto doméstico, pesquisadores da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso) desenvolveram os Bio-CDots, produtos à base de resíduos sólidos, líquidos e da agroindústria. O material pode ser usado para diferentes finalidades, e pode ajudar a reduzir os poluentes e seus impactos ambientais.
Os estudos foram desenvolvidos pelo Departamento de Química e Instituto de Física da UFMT, com o apoio da Fapemat (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso) e parceria de pesquisadores da UNESP (Universidade Estadual Paulista) e UEL (Universidade Estadual de Londrina).

“Esse projeto começou em 2018, com um aluno que estava ingressando ao mestrado, Bruno Leonel Rossi. Ele tinha formação em engenharia sanitária e nos trouxe esse problema que nós temos hoje com relação à destinação de resíduos, principalmente resíduos sólidos. Na época, ele queria dar destinação ao lodo de esgoto”, relata o professor e coordenador do projeto, Adriano Buzutti de Siqueira.
Atualmente, métodos eficazes para tratamento e reutilização do efluente ainda são complexos e de custo elevado, devido à alta quantidade de resíduo gerada.
Na época, Adriano conta que eles constataram, por meio de pesquisas, que em função das características desses materiais, era possível transformá-los em POCs (pontos quânticos de carbono).
“Ele pode ser denominado de CarbonDots ou CDots. Essas são as nomenclaturas mais cientificas, mas na verdade esses pontos quânticos de carbono estão correlacionados a materiais de carbono como seus similares, o grafite, o diamante, entre outros. Esse produto é produzido hoje a partir de um tratamento químico, com a metodologia desenvolvida no mestrado do Bruno”, afirma o professor.

Com o avanço dos resultados do projeto, denominado ‘Obtenção de pontos quânticos de carbono a partir do lodo de esgoto doméstico’, em 2019 foi realizado o pedido de registro de patente no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial).
Em continuidade à pesquisa, foram iniciados novos experimentos com outros estudantes da instituição, para a produção desse produto a partir de outros resíduos sólidos e líquidos, entre eles resíduos agropecuários.
Nova patente 52523p
Na nova patente desenvolvida pelos pesquisadores da UFMT, os Bio-CDots são obtidos por meio da utilização do efluente suíno in natura.
A utilização de resíduos orgânicos para obtenção dessas partículas é alvo de inúmeras pesquisas, já que são resíduos baratos e amplamente disponíveis. Além disso, o reaproveitamento desse material tem potencial de reduzir os poluentes e seus impactos ambientais.
“Nós temos uma quantidade enorme de CO² que é liberada nessas granjas de suínos. Então, ao utilizarmos esses efluentes, estaremos contribuindo para diminuir a quantidade de carbono que está sendo liberada para o ambiente”, ressalta Butuzzi.
O professor explica que os Bio-CDots não são tóxicos e que a principal propriedade desse material é ele ser luminescente, o que possibilita que ele seja utilizado para diferentes finalidades, como em dispositivos ópticos, lâmpadas e leds, por exemplo; em aplicações biomédicas; como fotossensibilizadores; aceleradores de fotossíntese em plantas; e biossensores.
“Os compostos que produzem os leds, por exemplo, possuem metais com alto índice de toxidade. Os POCs, mesmo provenientes de materiais ricos em microrganismos, como é o caso do lodo, pelo método de transformação que am, nós eliminamos todo e qualquer indício de patógeno que pode estar presente no material. Portanto, esse material não é tóxico e apresenta biocompatibilidade, que já foi testada em laboratório com células humanas. Então ele pode, inclusive, ser utilizado para biomarcadores num exame de ressonância magnética, por exemplo”, destaca Adriano.
Bio-CDots no campo 354j
O projeto ainda realiza pesquisas referentes à utilização do produto no campo.
“Nessa nova etapa nós, em conjunto com os professores da Unesp e da UEL, estaremos colocando ele como matéria prima para melhorar a produtividade de grãos dos cultivares que temos em Mato Grosso. Essa alternativa vai ajudar inclusive na melhoria na produtividade de alimentos sem que haja mais desmatamento, ou seja, sem precisar aumentar a quantidade de terras a serem plantadas”, conclui.