Concurso de MS vira polêmica por questão homofóbica e fake news sobre covid 5n1553
Um concurso para professores de ciências/biologia de MS está chamando atenção. Mas o motivo não é a quantidade de inscritos ou a dificuldade da prova, mas, sim, questões classificadas por quem participou da seleção como homofóbicas e fake news. Ao todo, a prova continha 40 questões e o exame foi realizado no último domingo (12). […] 4a6e
Um concurso para professores de ciências/biologia de MS está chamando atenção. Mas o motivo não é a quantidade de inscritos ou a dificuldade da prova, mas, sim, questões classificadas por quem participou da seleção como homofóbicas e fake news.
Ao todo, a prova continha 40 questões e o exame foi realizado no último domingo (12). Após a conclusão, concurseiros fizeram a denúncia sobre duas questões específicas.
Fake news 3o6d47
Uma das questões denunciadas foi classificada pelos concurseiros como sendo fake news, já que cogita a possibilidade de o “vírus da covid-19 ter sido produzido em laboratório”. Para entender o que diz a denúncia, veja a questão:

De acordo com os alunos que entraram em contato com a imprensa para denunciar a pergunta do concurso, a resposta incorreta a ser sinalizada seria a letra B (“O laboratório chinês de Bioengenharia localizado em Wuhan, produziu o vírus da covid-19”), que apresenta uma teoria infundada cientificamente sobre a origem do vírus.
Já que se trata de uma afirmação sem comprovação, essa teoria, considerada “conspiratória” pelos concurseiros, deveria estar marcada como errada. Ao olharem o gabarito preliminar da prova, eles descobriram que isso não aconteceu.
“Em recurso, uma das pessoas que realizou a prova disse: Tem apenas hipótese de origem da Covid-19. É incorreto afirmar que foi um vírus criado em laboratório na China. Não existe comprovação dessa informação, é errado criar esse tipo de especulação e apresentar em uma prova de concurso como uma resposta correta. É como espalhar fake news”, respondeu um denunciante que não quis se identificar.
Homofobia 3b4e45
Já a questão número 35 foi a mais polêmica. Na história apresentada, há gêmeos de família judaica que são circuncisados. Um deles teve o “pênis” parcialmente amputado, o que fez com que a família decidisse por construir uma vagina no lugar do órgão masculino.

Um professor de biologia, que não quis se identificar, informou que o termo aberração cromossômica é utilizado, entretanto, na prova ele foi utilizado apenas como “aberração”. Em todo caso, segundo o especialista, o termo aberração não condiz com o comportamento homossexual.
“Quando trabalhamos com mutações, o termo aberração cromossômica é utilizado, mas em nenhum momento isso deve ser associado ao comportamento homossexual, o que abre brecha para pensamentos homofóbicos, muitas pessoas não sabem que aberração é um termo da biologia”, ressaltou.
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Resposta da empresa que realizou o concurso
A empresa MS concursos se manifestou da seguinte maneira sobre o caso:
“Nossa Empresa tem uma equipe de revisão, composta por professores de língua portuguesa. A questão 34 refere-se a ‘A figura a seguir representa, de forma esquemática, a técnica do DNA recombinante que é uma importante arma biológica para a Engenharia Genética na produção de diferentes proteínas em laboratório.’ Quanto a questão 35, na alternativa D consta: O comportamento homossexual é uma aberração que depende da marcação dos cromossomos sexuais”.
“Para melhor esclarecimento citamos ‘As aberrações cromossômicas são consideradas indicadores biológicos sensíveis ao dano ocorrido no ácido desoxirribonucleico (DNA) (Da Silva, 2001)’. Acreditamos que os ‘que se sentiram desrespeitados com duas questões’ não entenderam que, no contexto da prova, ‘aberração’ não se trata de uma afronta ao homossexual, mas de um termo científico”.
A OAB/MS orienta que os participantes do certame que se sentiram ofendidos podem contar com a orientação da entidade pelo telefone (67) 3318-4700.