Efeito pandemia: educação enfrenta evasão e aprendizado prejudicado na volta às aulas w5ah
Muitos jovens trocaram o ensino pelo emprego 1n4u72
A pandemia provocou – mais ainda – um antigo problema na educação brasileira: a evasão escolar. Em Mato Grosso do Sul, o desafio é fazer cada estudante, principalmente do Ensino Médio, ter consciência da importância do papel da escola na vida de cada um deles.
O assunto veio à tona no Primeira Página, pois esta quinta-feira (3) foi dia do retorno 100% presencial de 190 mil alunos da rede estadual e 109 mil do município de Campo Grande.

A volta às aulas ocorre depois de dois anos em que o ensino aconteceu de forma remota ou híbrida, devido a covid-19. Dessa forma, pais, alunos e professores tiveram que se adaptar às pressas para enfrentar uma situação inédita.
Conforme dados da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), metade dos estudantes do mundo – mais de 850 milhões de crianças e adolescentes – ficaram sem aulas. O número revela o quanto a educação foi afetada durante a pandemia.
De acordo com a secretária da SED (Secretaria de Estado de Educação), Maria Cecilia Amendola, diretores, coordenadores, secretários e professores confirmaram que a perda de aprendizagem dos estudantes foi grande em escolas sul-mato-grossenses.
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“Principalmente em matemática. Português também, mas matemática foi muito maior”, revelou Amendola durante entrevista ao vivo para o Bom Dia MS da TV Morena.
Para resolver essa deficiência no aprendizado dos estudantes, o Estado desenvolveu um projeto de recomposição de aprendizagem.
“O Estado não teve condição de oferecer com igualdade todos os conteúdos que deveriam ser feitos. Alguns [alunos] tinham televisão, outros não tinham. Uns tinham internet, outros não tinham. Então, nós organizamos uma recomposição por objeto de conhecimento em todas as áreas e a escola vai se organizar por grupo de alunos (…) a escola tem liberdade de se organizar de maneiras diferentes”, explicou Amendola.
Evasão escolar 3b6u6o
Já em relação à evasão escolar, a secretária garantiu que a SED está identificando os estudantes que não foram mais às escolas. Um dos motivos, segundo ela, é porque os jovens que estudavam durante o dia trocaram o ensino pelo emprego.
“Nós estamos indo atrás dos estudantes e sabemos que acumulavam trabalho (…) nós estamos indo buscar e abrindo cursos à noite. E a legislação nos permite que 30% do ensino noturno no ensino médio possa ter à distância. Então nós estamos usando dessa legalidade e indo atrás dos estudantes”, afirmou.
“Não só indo atrás dos que não se matricularam, mas nós fizemos um acordo de cooperação com o Ministério Público e com o Conselho Tutelar: fizemos uma plataforma que se o aluno faltar durante 5 dias, a escola é alertada, e a escola pode ir atrás. Se isso ar de 15 dias, a plataforma nos alerta e a gente encaminha pro Conselho Tutelar que, não dando conta, a pro Ministério Público”, completa.

A secretária ainda reforça que reconhecem o desejo dos estudantes em querer garantir a renda vinda dos empregos, mas alerta que eles estando na sala de aula é muito importante também.
“Três anos de estudo impactam muito na vida futura profissional desse aluno. Então, a gente quer ir atrás, conscientizar da importância do papel da escola na vida de cada jovem”, finalizou.
Soluções para evitar a evasão escolar 646x2u
No Brasil, existe um grupo que estuda o Ensino Remoto. Nele, um dos pesquisadores é o professor doutor da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), Djanires Neto, que confirma a defasagem no ensino. Além disso, estuda soluções para compensar o tempo perdido dos estudantes durante a pandemia.
“Grupos de estudos entre os próprios estudantes podem ser uma medida assertiva para recuperar o conteúdo. Lembrando o educador Paulo Freire: ‘Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender’”, declara Djanires.
O professor doutor elencou 8 soluções para compensar o tempo perdido dos estudantes durante a pandemia. Confira:
- Considerar que as questões socioemocionais dos estudantes e dos professores que foram afetados diretamente pelas perdas provocadas na pandemia, como: aumento dos níveis de estresse e ansiedade, levando ao aumento da evasão escolar;
- Instituições de ensino devem promover a biossegurança para tornar o ambiente mais seguro para a comunidade escolar, assim como a acadêmica;
- Professores e equipes pedagógicas precisam fazer o planejamento pedagógico considerando as questões das mesmas e socioemocionais dos estudantes;
- Professores precisam incentivar o nivelamento do conteúdo não aplicado plenamente pelo ensino remoto, mas deve ser realizado de forma gradativa;
- Com o distanciamento social provocado nas pessoas geraram expectativas da aproximação e os professores devem sempre observar e proporcionar momento de pausas para compartilhar experiências;
- Professores e equipe pedagógica precisam exercitar mais a escuta ativa ou escuta interessada no estudante para gerar mais empatia e engajamento no processo de ensino e aprendizagem;
- Formar uma rede de cooperação (professores, estudantes, equipe pedagógica e famílias) para o acompanhamento dos próximos desafios impostos pelo ensino brasileiro que incluem ainda as tecnologias digitais de informação e comunicação;
- Estudantes precisam estar mais abertos às oportunidades geradas com o retorno do presencial, inclusive, de dar um tempo de retomada na forma de aprender, inclusive, de socialização com colegas e professores;