Tour por centro histórico resgata memórias e carinho por Campo Grande 20314z

Campão a Pé foi criado pelo professor, historiador e arquiteto João Santos; percurso a pelos principais prédios e locais históricos de Campo Grande, sendo uma verdadeira declaração de amor pela cidade 307341

Numa manhã de sábado, pouco depois das 9 horas da manhã, o tour começa. Bem ali, no ponto de encontro, em frente ao prédio centenário do Exército Brasileiro, na principal avenida de Campo Grande, um grupo heterogêneo olha em direção ao céu.

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Sesc Cultura é o ponto de partida do Campão a Pé; prédio completou 100 anos e começou como sede do Exército (Foto: Naiane Mesquita)

O tom sob tom impressiona. De um lado um azul pálido, levemente descascado, mostra os detalhes do Sesc Cultura, que já foi Quartel General da 9ª RM da década de 30. Do outro, um céu de brigadeiro, repleto de um azul profundo, indicando um dia claro, quente e propício aos 3,8 km de tour do Campão Cultural. (Leve protetor solar!).

Quem conta os detalhes do prédio, que carrega elementos do Ecletismo e da Arquitetura Militar “falante”, é o professor, arquiteto, historiador e produtor cultural, João Santos. Entusiasta, ele relembra que ainda veremos mais obras desse estilo ao longo do trajeto, que ainda visita Manoel de Barros, casas no estilo modernista, edifícios da década de 40 e antigos hotéis em processo de tombamento.

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João durante o percurso, apontando os detalhes dos prédios, que contam muito sobre a história de Campo Grande (Foto: Naiane Mesquita)

Caminho que uma média de 300 pessoas já percorreu. “O projeto iniciou em 2018 e de lá para cá já recebemos entre estudantes, moradores e eventuais turistas, uma média de 300 pessoas. Sendo que os primeiros anos foram mais com acadêmicos e alunos”, relembra João.

Faz um ano que ele decidiu abrir para o público e há dois meses com patrocínio do FIC (Fundo de Investimentos Culturais), da FCMS (Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul).

“Quando eu criei o percurso com os alunos foi uma forma de eu ocupar a rua para vivenciar no dia a dia e experienciar o patrimônio cultural e toda a carga de memória, de história, de afetividade, de muitas relações que atravessam as pessoas e que as pessoas são atravessadas pela própria cidade. Buscando que meu aluno tivesse esse contato para além da sala de aula, para além da teoria”, relembra João.

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Casa modernista construída em 1957; não é possível ver completamente porque a empresa sediada no local lacrou os portões (Foto: Naiane Mesquita)

Talvez por isso, o percurso vai além do óbvio. João mostra edifícios, mas também relembra os raizeiros que ficavam nas calçadas de Campo Grande, as indígenas que vendiam os cajus e outras frutos da época, em frente aos comércios. Coisa que impressionou o guia paranaense logo de cara, e que está na memória de infância desta repórter campo-grandense.

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“Atuo com patrimônio cultural tem 15 anos, 16 anos quase e o que eu percebo é o distanciamento. Quando a gente tem discussão sobre patrimônio há o distanciamento do cidadão para com o patrimônio, as pessoas geralmente não se envolvem, desconhecem ou simplesmente não tem nenhum tipo de relação com o patrimônio. A ideia era que o cidadão, o morador de Campo Grande pudesse reconhecer esse patrimônio e reconhecer essa cidade, reconhecer o nosso centro histórico, perceber os edifícios e perceber nossa cidade”, pontua João.

Tudo isso, para, João, que Campo Grande também receba carinho. “A pé você tem outras percepções espaciais e você consegue perceber coisas que no carro você não percebe. Tudo isso para ver se a gente consiga ter um pouco mais de consciência cultural, consciência de que os espaços estão aqui e são palco do nosso dia a dia e merecem nosso respeito e a nossa atenção. E, principalmente, a gente poder ter um pouco mais carinho pela cidade. A gente critica muito a cidade, mas tem hora que a cidade pede um carinho e o carinho que a gente pode dar para ela é conhecer”, frisa.

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de Humberto Espíndola na antiga Casa da Memória de Arnaldo Estevão de Figueiredo (prefeito de Campo Grande), onde hoje funciona uma Autoescola (Foto: Naiane Mesquita)

Para Adriano Fernandes, jornalista do Primeira Página, e que também fez o tour, fugir do óbvio é uma grata surpresa. “O eio permite conhecer um pouco mais da história de Campo Grande, ando por alguns dos endereços arquitetônicos menos “óbvios” do Centro da Cidade. Surpreende saber, por exemplo, que a primeira casa modernista da Capital, cuja concepção data de 1957, hoje tem a fachada coberta por um imenso portão metálico, que tenta esconder toda a sua personalidade. Conhecida como a residência Koei Yamaki, o casarão chama atenção por suas linhas retas e pastilhas de cerâmica minúsculas, traços que dão um ar de simplicidade, mas ao mesmo tempo, sofisticação, numa época em que os ornamentos ainda imperavam em grande parte das residências”, pontua.

Nem um pouco por coincidência, o tour proposto por João termina no Mercadão Municipal de Campo Grande. Importante polo cultural e turístico da cidade, que mistura cheiros, sabores e vivências. Lá, ele conta toda essa trajetória e a importância das feiras, dos povos originários e dos imigrantes japoneses para a construção do que carinhosamente chamamos de Cidade Morena.

Quem quiser, ainda dá tempo de participar do Campão a Pé. Ainda há quatro sábados disponíveis, clique aqui para saber mais ou siga a página do projeto. O tour é gratuito.

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