Igrejas cuiabanas: 300 anos de fé, história e arquitetura g241f
A primeira igreja de Cuiabá é a Igreja do Senhor Bom Jesus de Cuiabá, fundada em 1723 e reconstruída em 1739 5n5h60
Mais de 30 igrejas estão espalhadas pela região metropolitana de Cuiabá, de góticas a barrocas. A fé está enraizada na rotina e na tradição do cuiabano.
Com mais de 300 anos de existência, a Igreja do Rosário e São Benedito, que fica no Morro da Luz, é um dos cartões-postais da cidade. O local é conhecido do cuiabano pela famosa festa de São Benedito e a lavagem da escadaria.

Segundo o historiador Suelme Fernandes, antigamente nem todos podiam ar os espaços da igreja.
“Normalmente, só os padres poderiam ter o a esse lugar. Cada degrau que se aproximasse desse local sagrado, mais importante você era dentro dessa comunidade”
Construída em 1722 em estilo barroco, o altar-mor é em talha dourada. A igreja guarda suas características originais. Foi tombada pelo patrimônio histórico e artístico nacional em 1975, edificada inicialmente com a técnica da taipa de pilão, ou por várias reformas, incluindo uma que transformou sua fachada entre as décadas de 1920 e 1980, quando foi reformada e a arquitetura colonial resgatada.

O historiador explica por que, apesar da igreja ser uma homenagem à Nossa Senhora do Rosário, ficou conhecida como Igreja São Benedito. “Aqui nós temos São Francisco de um lado, do outro lado nós temos São José de Botas, que era o Santo dos Bandeirantes. A igreja é em homenagem a Nossa Senhora do Rosário só que, curiosamente, ela ficou conhecida como a Igreja São Benedito, porque é a igreja dos escravos negros.”
Pela regra canônica do Vaticano, sempre a primeira igreja construída deve ser a Igreja Matriz. A primeira igreja de Cuiabá é a Igreja do Senhor Bom Jesus de Cuiabá, fundada em 1723 e reconstruída em 1739.
A igreja que completa 300 anos, tem uma curiosidade: ela fica virada para o sol. Nenhuma outra igreja em Cuiabá tem essa característica. A diferença das outras igrejas também está no revestimento artístico, com pastilhas coladas no altar de 20 metros de altura. O é de um famoso artista polonês que não tinha as duas mãos: Arystarch Kaszkurewicz. A montagem demorou 3 anos para ser concluída.

E as belezas das igrejas, se misturam com a superação do povo cuiabano. A aposentada Maria José perdeu a filha e o marido. Hoje ela busca paz com a ajuda da fé. “ Foi difícil. Minha filha mais ainda, né? Foi um pedaço que tirou da gente. Até hoje sinto saudade. Mas é Deus que me dá força, então saio aliviada. Eu saio com meu coração leve, porque eu não venho só por mim. Rezo para todos que precisam, porque o mundo está doente”.

Outra atração da catedral é cripta. É a história de Cuiabá com o livre à população. Ela fica no subsolo da catedral e entre tantos nomes da história de Mato Grosso que estão enterrados lá, estão Dom Francisco de Aquino Corrêa, que foi presidente do Estado de Mato Grosso, Pascoal Moreira Cabral, que foi fundador do Arraial da Forquilha, e também um nome bem conhecido, principalmente pelas ruas de Cuiabá: Miguel Sutil, fundador do Arraial Bom Jesus de Cuiabá.

Não tão longe da catedral, cerca de 600 metros, tem a Igreja Nossa Senhora do Bom Despacho, outro ponto de fé para o cuiabano.

Localizada no Morro do Seminário, Centro de Cuiabá, teve sua construção iniciada em 1918, pelas mãos de Frei Ambrósio Daylé, que deu ao projeto o estilo arquitetônico gótico da Notre Dame de Paris. Ao lado da igreja, está o museu de arte sacra, antigo Seminário da Conceição.

Renan Cunha era jornalista. Ele deixou a profissão para ser padre e conta a história da igreja.
“A devoção a Nossa Senhora do Bom Despacho é uma devoção própria, é para todos, mas principalmente para as mulheres que querem engravidar e para as que estão gestantes. Então, durante a novena você encontra muitas mulheres fazendo pedidos de oração. Durante um período, o santuário acabou fechado, mas a partir de 2008, se tornou também o Santuário Eucarístico. O Papa Bento XVI concedeu a faculdade de ser um Santuário Eucarístico para adoração.”

Hoje são mais de 30 igrejas na região metropolitana de Cuiabá. Igrejas que devem ser fiscalizadas e preservadas.
Amélia Hirata é superintendente do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e conta que essa responsabilidade é compartilhada. “O Iphan trabalha a parte de fiscalização em relação à preservação do patrimônio. Mas, juntamente com o Iphan, a gente também tem a Defesa Civil. Em casos de danos maiores e que a gente pode entender que existe um risco para a população que está naquele entorno daquele imóvel, existe também a atuação da Defesa Civil. O Iphan trabalha muito mais em relação à questão da preservação e daquilo que foi valorado no tombamento, nesse reconhecimento da importância do bem para o coletivo e a defesa civil em relação à proteção.”