Festa de São Pedro teve concurso de lambadão e prêmio para quem comesse peixe mais rápido 1s703f

Concurso de lambadão e uma prova que premiou em R$ 500 quem fosse capaz de comer oito postas de pintado frito mais rápido. Muita música, comida e sentimento de alívio após dois anos sem poder realizar o evento por conta da pandemia causada pela covid, marcaram a 41ª Festa de São Pedro, realizada nesta quarta-feira (29), no distrito de Bonsucesso em Várzea Grande.

A festança começou logo nas primeiras horas da manhã e, sem hora para acabar, reuniu mais de 5 mil pessoas para celebrar a data religiosa e também o Dia do Pescador. O evento parou a pequena comunidade e movimentou não só a economia local, mas atraiu muita gente que veio de longe prestigiar a festa de santo.

Vencedor da prova do peixe, Vitor Gabriel de Oliveira, 19 anos, trabalha como pintor. Morador da comunidade, ele comeu as ventrechas do pintado em menos dois minutos e venceu os outros 8 concorrentes.

“É a primeira vez que eu participo. Deram uma dica para mim: comer rápido e não tirar as espinhas do peixe, não se importar muito em ficar tirando toda a carne ao redor das espinhas. Nem pensei muito. Só fui comendo. Agora, com esse prêmio de R$ 500 vou fazer um churrasco”, disse ele sorridente.

Bandas tracionais de lambadão cuiabano estiveram no local para animar a festa e, ao vivo e à cores, tocaram os “hinos” da Baixada para a multidão polvorosa. Em meio ao povo que dançava e rodopiava, uma moça dava um verdadeiro show de dança. Lambadeira, ela parecia conhecer todas as músicas e o ritmo era alucinante.

Um tempo depois, ela estava no meio da pista de dança participando do concurso de lambadão. Ganhou! Com seu irmão, a moça na realidade é apenas uma menina de 13 anos, que levou para casa o prêmio de R$ 300 por ter sido a melhor dançarina de lambadão da Festa de São Pedro 2022.

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Naiara Silva, 13 anos, trabalha com o irmão. É a primeira vez que participou do concurso. Não ensaiou e aprendeu a dançar nas festas da família. “Lambadão para nós é cultura. Vamos morrer dançando lambadão. Sempre danço e hoje dancei com minha irmã”, disse Danilo Samuel da Silva, 24 anos, que trabalha como vendedor de cachorro quente.

Tradição familiar 6o3m2b

A Festa de São Pedro nasceu meio que sem querer em 1981, quando Lenir da Silva (já falecida) decidiu que queria comer um peixe no Dia de São Pedro e pediu que os pescadores locais doassem, cada um, dois peixes cada. Ela se propôs a limpar e cozinhar para todos. Assim aconteceu.

Presidente da Associação dos Pescadores de Bonsucesso, Diógenes de Magalhães, 70 anos, contou ao Primeira Página que a festa sempre foi uma união de todos os moradores locais. Desde o primeiro momento, todos sentiram que era algo santo, um evento diferente e que merecia empenho.

“Essa festa nasceu assim: um dia, minha comadre Lenir, que já morreu, disse assim: ‘pessoal, eu estou com vontade de assar um peixe no dia de São Pedro. Nesse tempo tinha muita abundância, e ela pegava dois peixes de cada canoeiro, e éramos umas 15 canoas. Subimos para a casa dela, e com mais umas mulheres limparam os peixes. Vimos que não tínhamos a mandioca, mas o pessoal se uniu e saiu pedindo nos sítios. Quando estávamos terminando de assar o peixe, chegou outras pessoas, inclusive um que era nosso empregador, e ele disse que iríamos fazer no ano seguinte também”, disse ele.

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Stela Santos é a responsável pela comissão organizadora e é neta da dona Lenir. Visivelmente atarefada, ela corria de um lado para o outro atendendo às dezenas de chamados durante a festa. Tudo parecia precisar ar pela decisão de Stela.

Ao portal, ela disse que a festa é uma missão para a família, que tem como objetivo perpetuar a vontade da matriarca. “Minha função é dar continuidade à tradição da minha família, porque foi minha avó que começou a fazer a festa para São Pedro. Ela faleceu e hoje eu continuo com a tradição. Mais de 100 pessoas participam da organização e estimamos que tenham circulado aqui hoje cerca de 10 mil pessoas”.

Sobre as competições com prêmios em dinheiro, Stela contou que há seis anos a família e amigos mais próximos decidiram que seria um atrativo a mais, e que esses concursos iriam animais ainda mais a festa.

“Antes, era só o concurso do lambadão, e pensamos em fazer o concurso do peixe, que é nossa comida tradicional. Eu estou muito agradecida porque a comunidade está fervorosa. Estamos há meses trabalhando para organizar essa festa, a semana toda amos limpando os peixes na beira do rio. É um evento que beneficia toda a comunidade. Tem mais de 10 peixarias que estão participando e diversos vendedores ambulantes que vieram com suas barracas”.

Comida de graça p4e4

Em tempos de alta nos preços dos alimentos, uma festa onde os alimentos são distribuídos de graça é coisa rara. Mas é exatamente assim na festa de São Pedro. A organização conseguiu arrecadar cerca de 2 toneladas de peixes para fazer o evento. Pouco tempo após a missa, que começou às 8h, o espaço na lateral da igreja já estava preparada para receber a população.

A fila para conseguir um prato da iguaria se prolongava da entrada até os fundos do terreno, onde era feito a distribuição da comida.