Fé moveu Banho de São João em meio ao fogo que castiga Pantanal 4t404w
Banho de São João em Corumbá, reconhecido como patrimônio imaterial nacional pelo IPHAN 2n5ia
Corumbá, a 413 km de Campo Grande, viveu o auge da celebração junina mais grandiosa, o tradicional Banho de São João, que atraiu milhares de pessoas ao Porto Geral, no domingo (23).

Apesar do encanto da tradição festivas, o cenário não podia ignorar a preocupação com os incêndios que assolam o Pantanal.
Desde as primeiras horas da manhã do domingo, o Porto Geral se encheu de vida com a chegada dos fiéis, que traziam consigo os andores, cada um representando uma bênção alcançada.

Um desses andores era dedicado à saúde de João Arthur, um menino de 8 anos, cuja promessa foi feita quando ele ainda era um bebê. Hoje, ele orgulhosamente ajuda a carregar o andor, expressando sua fé.
“Isso tudo é um presente para mim”, contou o menino.
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A tradição do Banho de São João começa nas casas, com grupos de amigos e familiares reunidos ao redor dos andores montados em altares.
A jornada de um desses andores, parte do bairro Centro América até a Ladeira Cunha e Cruz, no centro da cidade.

É lá que acontece o testemunho vivo da devoção que atravessa gerações.
À medida que a tarde avançava, as ruas e a prainha do Porto Geral ficam repletas de festeiros, que levaram seus andores para dentro do Rio Paraguai, onde lavaram o santo em um ato simbólico de renovação.
Segundo a crença local, as águas do rio se transformam na noite de 23 de junho, proporcionando um momento de purificação e renovação espiritual.

Para Alfredo Ferraz, servidor público, o Banho de São João é um momento de renovar votos e agradecimentos a São João.
“É um momento de renovação da nossa fé através das águas sagradas do Rio Paraguai, onde lavamos nossa alma, corpo e mente. Fazemos nossos pedidos, nossos agradecimentos e renovamos nossos votos para o próximo ano”, afirma o devoto.

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Mas enquanto a festa celebrava suas tradições coloridas, o cinza da fumaça das queimadas no Pantanal era uma sombra presente. Este ano, a festa junina, que atrai turistas de todo o Brasil para a capital do Pantanal, foi marcada pela preocupação com os incêndios florestais.

Apenas em junho, foram registrados 1.672 focos de incêndio, sendo a maioria em Mato Grosso do Sul, com 1.200 deles em Corumbá.
Os esforços para combater as chamas são intensos. O Corpo de Bombeiros, com o auxílio de tecnologia avançada e aeronaves especializadas, como as do GOA e da CGPA, têm trabalhado incansavelmente.
Além disso, a Força Nacional de Segurança mobilizou cerca de 100 homens para reforçar o combate às queimadas, destacando a gravidade da situação e a necessidade de medidas urgentes.

Assim, enquanto os festejos de São João continuam a iluminar a cidade com sua tradição e alegria, a comunidade de Corumbá também se une na esperança de que as águas que lavam São João tragam não apenas renovação espiritual, mas também um futuro mais seguro e protegido para o Pantanal e sua incomparável biodiversidade.
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O famoso Banho de São João em Corumbá, reconhecido como patrimônio imaterial nacional pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) no Livro de Registro das Celebrações, sendo uma manifestação cultural de caráter religioso praticada há muitos anos tanto em Corumbá quanto em Ladário.
Os devotos festeiros, em suas casas ou comunidades, honram o santo de diversas formas, incluindo praticantes de diferentes religiões.
Por meio de promessas feitas, graças alcançadas ou costumes familiares, católicos, umbandistas, candomblecistas e kardecistas realizam novenas, missas, rezas, giras e festas para agradecer e pedir bençãos e proteção.
Anualmente, desde a Antiguidade, a comunidade católica celebra a vida e os feitos de São João Batista em 24 de junho. Apesar da data oficial no calendário da Igreja Católica ser nesta segunda-feira (24), a festa é tradicionalmente realizada na noite da véspera, 23 de junho.

O costume é em decorrência da tradição cristã de celebrar o nascimento de São João Batista, que, segundo a Bíblia, foi marcado há exatos seis meses antes do nascimento de Jesus.
A prática católica geralmente homenageia os santos na data de sua morte. João Batista, assim como Maria, foi considerado purificado do pecado antes mesmo de nascer.
Em vida, São João Batista tornou-se conhecido por ser o primeiro a reconhecer Jesus Cristo como profeta e por batizá-lo nas águas do rio Jordão. Esse ritual, posteriormente, tornou-se um dos pilares fundamentais do cristianismo.
Assim como Cristo, João Batista foi executado a mando do rei Herodes da Galileia, sob a acusação de liderar uma revolução por meio de suas pregações religiosas.