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Fantasmas e a evolução de suas formas 1h2661

Alex Mendes fala sobre como surgiram as primeiras imagens de monstros na história da arte mundial 5m3t4

Pra você, como é um fantasma? Qual a forma dele?

Comecei a fazer um curso sobre as Poéticas Visuais do Sobrenatural do Museu de Arte Sacra de São Paulo. Achei interessante conhecer como surgiram as primeiras imagens dos monstros que conhecemos tão bem hoje. A professora de história da arte, Vanessa Bortolucce, fez um recorte – afinal são só 5 aulas – do século XIX até os dias atuais.

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Ilustração de Fantasmagoria, de Robertson

Fantasmas, vampiros, lobisomens e bruxaria são os temas abordados.

No início dos tempos, os fantasmas eram refugiados do purgatório e, muitas vezes, eram retratados como cavalos ou cães, que voltavam para implorar orações para encurtar o sofrimento. No século XVII, eles eram figuras demoníacas fingindo ser seres humanos para enganar os vivos. Xilogravuras representavam esses seres com mortalhas. Amarradas na cabeça, mas não nos pés, afinal, eles precisavam se locomover entre nós.

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Quadro As Mãos Resistem a Ele, 1972

Só a partir do advento da fotografia foi que a representação da forma como uma pessoa desencarnada se apresenta, ganhou a icônica imagem da transparência.

Foi por que esses seres sobrenaturais encontraram nas câmeras e negativos a forma de se comunicar com os vivos? Não, foi por erros técnicos. O tempo errado de exposição fazia surgir espectros e sombras que não deveriam estar ali.

Além disso, um homem ajudou demais na propagação dessa imagem: Étienne-Gaspard Robert (1763–1837), mais conhecido como Robertson. Nascido na Bélgica, ele se formou em física e tinha umas ideias bem malucas. Morando na França, ele chegou a sugerir ao governo a criação de uma arma de guerra. Com espelhos, ele iria refletir a luz do sol e queimar navios inimigos. Ninguém o levou a sério. Então, ele resolveu levar a criatividade para o showbusiness. Criou o Fantasmagoria, um espetáculo que utilizava projeções e luzes para inundar o teatro de fantasmas.

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Primeiro foto de fantasma, 1900

Pessoas um pouco menos antigas podem ter uma ideia do que era ao se lembrar da Monga, aquela mulher que se transformava em gorila nos parques temáticos até os anos 90.

Em 1900, uma foto trouxe a imagem do fantasma que parecia coberto por lençol. É de um autor desconhecido e faz parte de um álbum de espectros, parte do acervo de uma biblioteca de Manchester, na Inglaterra.

Conforme a ciência foi avançando, o ocultismo foi andando no paralelo, já que sempre precisamos acreditar que algo sobrenatural – pro bem ou pro mal – nos rege, nos rodeia, nos ameaça.
Quase que uma competição. Se uma foto tem um erro técnico, é, na verdade, um fantasma que quis estar junto da família naquela reunião de fim de ano. Se um quadro traz uma figura sinistra, ela está acompanhada de uma história terrível.

Foi o que aconteceu com a obra “As mãos resistem a ele”, de Bill Stoneham. O quadro, pintado em 1972, mostra um menino ao lado de uma boneca. Eles estão na frente de uma porta onde muitas mãos—com aparência fantasmagórica — tocam o vidro. O brinquedo segura um objeto estranho.

No entanto, nos anos 2000, a pintura acabou num leilão do e-Bay (o OLX norte-americano). Os vendedores asseguravam que o quadro era amaldiçoado e lendas urbanas começaram a surgir.
Em uma delas, o que a boneca segurava na mão era, na verdade, uma arma. E, com ela, incentivava o garoto a deixar o quadro à noite para matar pessoas, Entre as vítimas, um dono de galeria e um casal de idosos que tinha adquirido a obra. Além disso, relatos de pessoas sofrendo desmaios, provocando gritos em crianças e causando mau funcionamento em equipamentos tecnológicos instalados nas proximidades aumentaram o poder da pintura.

E seu valor. O quadro que ficou conhecido como a ‘pintura assombrada do e-Bay” acabou sendo arrematada por muitas vezes o seu verdadeiro valor.

O autor, em entrevista, se surpreendeu com a história toda. Disse que o menino era retrato dele mesmo. E a arma com a boneca não ava de uma bateria velha com alguns fios.

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Por que isso tudo acontece? Porque o medo dá prazer. O medo de mentirinha, aquele que a gente sabe que vai ar assim que fecharmos um livro, dermos stop na reprodução de um filme ou quando desviamos o olhar de um quadro.

Pensando bem, medo é uma arte. A arte de imaginar coisas que ficam cada vez mais assustadoras com a força de nossa imaginação.

Todo mundo é capaz de criar seus próprios fantasmas. Nós, do entretenimento do terror, apenas damos uma forcinha, afinal, como dizia Robertson sobre seus espetáculos de Fantasmagoria:

“Só fico satisfeito se meus espectadores, tremendo e estremecendo, levantam as mãos e cobrem os olhos com medo de fantasmas e demônios correndo em sua direção.”

E convenhamos que é preciso esforço na renovação do visual: ninguém mais se assusta com a figura coberta com um lençol transparente.

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Este conteúdo reflete, apenas, a opinião do colunista Toda Sexta é 13, e não configura o pensamento editorial do Primeira Página.

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