Faixas que aparecem em peões de “Pantanal” também dão cor a bolsas e agendas em MS 3h416e
Parte da cultura sul-mato-grossense, as faixas pantaneiras estão presentes na cintura dos peões da novela Pantanal e, agora, também em artigos de decoração e moda feitos por mãos talentosas de artesãs do estado. Na lista há bolsas, carteiras, agendas e até roupas que oferecem um pouquinho da tradição pantaneira para além da vida no campo.

“Na novela tem faixas feitas pelas artesãs do Sapicuá Pantaneiro”, conta Claudia de Medeiros, idealizadora do projeto e entusiasta da cultura pantaneira.
Desde 2003, ela ensina mulheres de Mato Grosso do Sul a tecer as faixas, que existem muito antes da Guerra da Tríplice Aliança, também conhecida como Guerra do Paraguai (1864-1870), e permaneceram ao longo dos anos em uso no estado.
No álbum atualizado de Claudia há fotos com a atriz Dira Paes, que vive Filó, na segunda fase da novela “Pantanal”, ao lado de um tear específico para a confecção da faixa utilizada pelos peões para dar sustentação a coluna, nas longas caminhadas para levar o gado de um lado para o outro da planície sul-mato-grossense.
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Segundo ela, o curso para difundir e ensinar a faixa pantaneira já ou por vários locais de MS ao longo de 23 anos. Desde a Associação Amigos de Maria, no bairro Noroeste, em Campo Grande, até artesãs de Rio Verde, Aquidauana e de outros tantos pontos de MS. “As faixas são de vários lugares do estado, onde a gente vem atuando há 23 anos para difundir e fortalecer a faixa paraguaia, também conhecida como faixa pantaneira. O propósito é fortalecer ela como um dos símbolos capazes de gerar renda a mulheres e homens pantaneiros”, frisa.
O trabalho de formiguinha vem dando frutos para muitas artesãs, como é o caso de Selma Brito, do Inspiraê, de Rio Verde de Mato Grosso. Apesar do nome, fica em MS. Não é de hoje que ela confecciona as faixas, mas desde a pandemia, as cores pantaneiras começaram a aparecer em almofadas, jogos americanos, porta-copo, saídas de rio – não praia – e bolsas. “A gente tem feito muita coisa. Como trançamos nossa própria faixa, fazemos uma seleção de cores e espessura, de acordo com o local onde ela será aplicada. Tem faixa com espessura de 4.5 a 5 cm, que é para cinto, por exemplo, podemos torcer a pontinha para ficar bem caracterizada como faixa paraguaia”, explica.

Com seis anos de trajetória como artesã, Selma acredita que a novela trouxe uma visibilidade importante para a faixa. “Desde quando a gente fez o curso, eu falava com a minha sócia, vamos colocar a faixa nos produtos e vai ser um ponto importante da nossa linha. Só que o projeto estava engavetado, até que a gente começou a parar um pouco na pandemia, alavancar outros projetos e aí chegou a hora da faixa. Agora estamos em evidência com uma novela bacana, inclusive, desenvolvemos uma bolsa para a Dira Paes, que ela gostou bastante, tanto é que ela foi flagrada no Rio com a bolsa”, pontua Selma.

Trajetória histórica 5k5d36
Além de difundir a faixa entre artesãs, Claudia desenvolve o projeto “Entre fios e tecelagem: a produção, o uso e as apropriações da Faixa Paraguaia no Pantanal de Mato Grosso do Sul”, que tem por objetivo realizar uma pesquisa cultural e a publicação de um e-book sobre o modo de fazer, o uso da Faixa Paraguaia e do equipamento de tecelagem, o tear, tendo como referência os artesãos da região do Pantanal, em razão de condições históricas que a vinculam à tradição dos peões pantaneiros.
“A origem da faixa no MS se fortalece a partir da cultura paraguaia. Essa origem é pauta de pesquisa para que a gente solicite o registro do modo de fazer da faixa paraguaia ou pantaneira como patrimônio cultural de Mato Grosso do Sul. É um projeto que nós estamos fazendo agora, de buscar a origem, procurando cadastrar todas as artesã que atualmente confeccionam a faixa e que é financiado pelo FIC/MS (Fundo de Investimentos Culturais de Mato Grosso do Sul). Agora 2022, essa pesquisa vai resultar em um livro e em um dossiê para subsidiar esse registro”, afirma Claudia.
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