Espetáculo nesta sexta-feira traz memória esquecida do Pantanal

A proposta da peça, segundo o dramaturgo Vinícius Bulhões, é que as pessoas saiam do teatro com a sensação de que conheceram o que é o Pantanal e, para quem já conhece o local, despertar memórias afetivas

Propondo uma experiência de imersão ao coração do Brasil, a Cia. Vostraz de teatro apresentará nesta sexta-feira (31) o espetáculo “Pantanal – Memória esquecida” em Cuiabá. O dramaturgo Vini Bulhões, que também faz parte do elenco do programa É Bem Mato Grosso, da TV Centro América, contou ao Primeira Página de onde surgiu a inspiração para a peça.

Segundo Vini, o espetáculo é resultado de uma intensa e sensível imersão realizada entre os meses de janeiro, fevereiro e março de 2022, nas regiões de Poconé, Pantanalzinho, Porto Cercado e Transpantaneira, Mimoso, Baia Sai Mariana e Nhecolândia (MS).

A peça traz as memórias de vaqueiros, curandeiros, ribeirinhos, barqueiros e cururueiros que se relacionam com o bioma.

“Após fazer uma gravação ou outra, você começa a ter um relacionamento natural com os personagens. Então, diversas vezes a gente teve a oportunidade de ouvir algumas histórias, de ver as pessoas mais à vontade. Essas histórias são aquelas que não são contadas quando uma câmera está ligada. Essas histórias desse modo de viver, a imagem que essas pessoas têm do Pantanal e a forma com que elas se relacionam, foi o que me encantou”, relata.

A apresentação, com classificação livre, será às 17h no Festival de Teatro Luiz Carlos Ribeiro e a entrada é gratuita.

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Peça teatral fala conta histórias de pessoas que vivem no Pantanal. (Foto: Reprodução)

A proposta da peça, conforme o dramaturgo, é que as pessoas saiam do teatro com a sensação de que conheceram o que é o Pantanal e, para quem já conhece o local, que desperte memórias afetivas do público.

“O espetáculo tem a poesia da dramaturgia que foi escrita; tem os atores em cena representando personagens e tipos dali; tem a projeção audiovisual de imagens do Pantanal e personagens, além da sonoridade: nós tivemos o cuidado de colocar a sonoridade dos animais, dos pássaros, da água”, detalha o repórter.

O Pantanal é reconhecido pela ONU (Organização das Nações Unidas) como a maior planície alagável do mundo porém ao longo dos anos o bioma vem sofrendo o impacto da ação do homem diretamente.

Bulhões explica que o espetáculo é inteiro um desabafo, tanto dos personagens reais, quanto dos que foram criados para a peça, discutindo a importância de se preservar a água.

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O espetáculo foi escrito por Vini Bulhões após ele ar 3 meses de imersão na região. (Foto: Reprodução)

“Escutei muito isso dos pantaneiros ‘o Pantanal de hoje não é como era antigamente’. Tem até uma frase que me marca muito, que um das personagens falou ‘eu lembro do Pantanal quando tudo isso aqui era um mar de água e não tinha essa estrada que divide o Pantanal’ que seria no caso a transpantaneira, uma estrada criada pra facilitar a logística de Poconé até Porto Jofre”, afirma.

Vini Bulhões explica que os personagens viveram uma época em que a única forma de chegar atravessar era cavalo ou de barco, e reúnem histórias que envolvem muito misticismo e respeito à floresta.

“É o lado místico das pessoas que vivem no Pantanal: elas se relacionam com a natureza, têm uma relação de respeito, de medo, em relação à onça pintada, à sucuri, ao Minhocão do Pari, que é um personagem místico que muitas pessoas que vivem no Pantanal dizem que existe, isso sem falar na fé”, relata.

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A fé e o misticismo da região também é retratado no espetáculo. (Foto: Reprodução)

Como exemplo, Vini contou a história do sêo Paulo, que teria sido curado de uma picada de jararaca através de um curandeiro, benzedor.

“Há um tempo atrás as pessoas não iam pra farmácia, elas tomavam garrafada, eram benzidas, eu ouvi histórias por exemplo a do sêo Paulo, e essas histórias que eu ouvi da boca dos personagens a gente coloca dentro do espetáculo”.

“Eu acredito que mostrar o Pantanal na essência é impossível, a sua grandiosidade, as suas características, a pessoa tem que visitar, mas pode ter certeza que quem sair do teatro vai sair com essa experiência sensorial. Vai se sentir como se por um determinado momento se desligasse do cotidiano e realmente se sentisse lá”, conclui o dramaturgo.

A peça “Pantanal: Memórias Esquecidas” é realizada pelo dramaturgo Vini Bulhões, com sonoplastia e composição musical de Beto Carioca, sob revisão dramatúrgica de André Moraes. Eles e Janailson Martins compõem o elenco da obra.

Sob direção de Malcon D Paula, o espetáculo conta com Figurino e Cenário de Eliana Santos e Iluminação de Thiago Rocha. Na produção audiovisual André Moraes e Cláudio Alfonso.

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