Escola de samba de São Paulo vai homenagear indígenas do Pantanal 7336i
Os Guaicurus, indígenas cavaleiros que viveram no Pantanal, estarão presentes no enredo da Barroca Zona Sul; os Kadiwéus, de Mato Grosso do Sul, são os seus descendentes m62v
O enredo da Escola de Samba Barroca Zona Sul, de São Paulo, vai homenagear os Guaicurus, indígenas cavaleiros que viveram no Pantanal brasileiro. Os Kadiwéu, de Mato Grosso do Sul, são os seus descendentes.

Conforme reportagem do SPTV, da TV Globo, dois mil componentes do grupo vai desfilar às 01h25 no dia 17 de fevereiro.
O desafio da Barroca é contar uma história importante e pouco conhecida. Como em Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, São Paulo possui uma via com o nome Guaicurus. Na capital paulista, ela é uma das principais ruas do bairro da Lapa.
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Guaicurus, segundo a reportagem de Mariana Aldano, é o nome de uma população indígena da região do Pantanal. Durante mais de 300 anos eles defenderam o Brasil de muitas tentativas de invasão estrangeira. Hoje, são poucos os registros dessa etnia.

Para a história deles não cair no esquecimento, a Barroca Zona Sul vai transformar a guerra em arte, além de mostrar a força e a importância desses indígenas guerreiros. Pesquisa de imagem: Alex Lacerda, Fábio Lúcio e TV Morena.
“Os Guaicurus, por habitar por muito tempo a região do Pantanal, dominavam muito aquela região. São conhecidos até hoje como índios cavaleiros. Com esse domínio dos animais, principalmente os cavalos, facilitavam muito a locomoção deles. Na Guerra do Paraguai, ajudou muito o Exército Brasileiro”, explica Rodrigo Meiners, carnavalesco da escola de samba.
Guaicurus e Kadiwéu 1466w
Os Kadiwéu, indígenas que vivem numa reserva em Mato Grosso do Sul, são descendente dos Guaicurus e mantém a tradição. Uma delas é a parceria com os cavalos.
A comissão de frente da Escola de Samba Barroco Zona Sul promete mostrar a agilidade e o espírito guerreiro dos Guaicurus.

“A gente tá fazendo um laboratório, um estudo mesmo pra que a gente possa retratar de verdade todo o processo corporal indígena na avenida”, revela Paula Penteado, coreógrafa assistente.
O som indígena da floresta vai conter recursos vocais, com muito movimento e imagem. “Vai ter um momento do canto que só o nosso intérprete vai estar cantando, e toda a ala musical vai fazendo: ‘Uh! Rá! Uh! Rá!”, declara Cacá Camargo, diretor musical.
Os remanescentes dos Guaicurus são reconhecidos pelo talento na arte, pois são habilidosos com a cerâmica. Porém, o que mais representa os Kadiwéu é a beleza das pinturas corporais feitas com jenipapo e e urucum.
“Ela traz as informações necessárias e importantes para você saber, inclusive, dentro da sua própria linhagem familiar, qual o grau de parentesco da pessoa. Seria um grande livro no próprio corpo, na própria identificação”, salienta Daniel Mundukuru, escritor, professor e ativista indígena que ajudou a Barroca construir o Carnaval com respeito às tradições dos povos originários.

“O Carnaval tem que servir pra educar, para combater os racismos e preconceitos que, normalmente, a sociedade vive, e trazer o que essa população tem de bonito, de riqueza”, completa Daniel.
A batalha pela existência é uma das conexões do ado dos Guaicurus com o presente dos Kadiwéu.
Apesar da conquista da reserva indígena em 1984, eles ainda sofrem com as ameaças de grileiros, madeireiros ilegais e o fogo.
Entre 2019 e 2020, incêndios destruíram quase metade do território dos Kadiwéu. O samba da Barroca Zona Sul deixará um belo recado: “Que o pranto da alma apague essa chama”.