De MT, banda indígena de forró quer conquistar o país 1b40d
Cocar na cabeça e microfone na mão. Os professores Joílson Orokomy’i Tapirapé, Iranildo Arowaxeo’i Tapirapé e Mykori Tapirapé, e o técnico de enfermagem Adilson Xaopoko’i Tapirapé, do povo Tapirapé de Mato Grosso, querem conquistar o país cantando músicas autorais em seu idioma tradicional. Juntos, eles formam a banda “Garotos Apyãwa O Batidão Diferente”, que cantam em […] 5o726m
Cocar na cabeça e microfone na mão. Os professores Joílson Orokomy’i Tapirapé, Iranildo Arowaxeo’i Tapirapé e Mykori Tapirapé, e o técnico de enfermagem Adilson Xaopoko’i Tapirapé, do povo Tapirapé de Mato Grosso, querem conquistar o país cantando músicas autorais em seu idioma tradicional.

Juntos, eles formam a banda “Garotos Apyãwa O Batidão Diferente”, que cantam em ritmo de forró a cultura Tapirapé, da terra indígena Urubu Branco, do município de Confresa, a 1.167 km de Cuiabá.
“Falamos nas letras das músicas dos lugares sagrados, do dia a dia na aldeia, da luta e a resistência do nosso povo”, destacou o empresário da banda, Waraxowo’i Maurício Tapirapé.
Valorização da cultura e língua 1k505l
Eles já fizeram mais de 60 canções que, além de fazer a galera dançar nos bailes da aldeia, também têm sido importante para a valorização do idioma tradicional.
“Músicas não indígenas entram em nossa aldeia e as pessoas acabam substituindo algumas palavras do nosso idioma pelo português. A preocupação em fazer as músicas, em nosso idioma, também veio por conta disso”, ressaltou Maurício.
Ele contou que no começo nem todos da aldeia escutavam as canções feitas no idioma Tapirapé, mas, com o ar do tempo, o trabalho foi crescendo e a cada dia mais pessoas se interessaram em ouvir.
“Sendo na língua materna, as pessoas da comunidade aprendem mais rápido as letras. E nosso objetivo é levar essa representatividade do povo, porque o grupo vem com essa preocupação do uso da língua”, reforçou.
Além de conquistar o público local, as músicas também cativaram a população de Confresa. O empresário contou que as canções já tocaram em rádios da região e até de São Paulo.
“Outros lugares também estão acompanhando o nosso trabalho, como no Amazonas A rádio de lá também toca as nossas músicas”.

Professores e cantores 1k6i3x
Dividir o tempo entre a sala de aula e os palcos é desafiador, mas eles lembram que foi na escola que tudo começou.
O professor Joílson Orokomy’i Tapirapé, o idealizador do grupo e um dos vocalistas, disse que seu sonho sempre foi ser cantor, mas ele só sentiu que podia realizar depois de fazer atividades que envolveu o canto com seus alunos.
“Trabalhei com meus alunos, tipo de brincadeira, uma música em sala de aula com o ritmo de forró. E a cada vez que eu fazia as crianças gostavam mais”, lembrou.

O que era brincadeira em sala de aula se tornou algo sério, mas a primeira vez que Joílson subiu aos palcos foi com uma banda de Confresa, que foi fazer um show em sua aldeia. Ele integrou a equipe por um ano, mas depois saiu e foi em busca de jovens da sua comunidade para criar o próprio grupo.
Assim, nasceu em 2018 a banda “Garotos Apyãwa O Batidão Diferente” que, por meio da música, quer ensinar cantando a sua cultura para todo o país.
Em uma de suas canções, a Are A’era Mõ Apyãwa, em tradução “Nós somos Apyãwa – Tapirapé”, por exemplo, eles falam sobre o descobrimento do Brasil. veja a letra abaixo:
ARE A’ERA MÕ APYÃWA / “Nós somos Apyãwa – Tapirapé” 1mu62
Ekwe xipa a’era raka’ẽ itoroo / Então é assim que eles vieram
Wema’emawyma emanyn itoroo / Com a intenção de mentir
Tyroyãra pe awaemao ‘ota / Chegando com barco à vela
Kwapiragytãwa pe awaemao ‘ota / Chegando aqui na nossa terra Brasil
Are a’era mõ ta, tawaxara / Nós somos indígenas
Are a’era mõ Apyãwa / Nós somos Apyãwa “Tapirapé”
A’era mõ arakwaãp arakawo araxeka!!! / E por isso nós sabemos da nossa cultura!!!
