Arara-canindé ganha vida em bordado feito em folha transparente 392t1l
Artista sul-mato-grossense Alan Vilar faz bordado de animais em folhas de árvores, pétalas e até favo de mel 3s2b
De longe, o bordado parece flutuar em uma espécie de teia, recém feita por uma aranha dedicada. Mas basta apertar os olhos para perceber que as linhas do bordado construíram uma arara-canindé perfeita em uma folha de magnólia seca, porém, extremamente poética.

O trabalho é feito pelo artista e estudante de design, Alan Vilar, 27 anos. Natural de Ivinhema, ele morou um período em Novo Horizonte do Sul, mas ainda na pré-adolescência mudou-se para Campo Grande. No interior, viveu em fazendas, onde nutriu um carinho especial pela natureza e suas particularidades.

Em 2019, Alan começou os primeiros testes com folhas secas, mas voltadas para a pintura e esculturas em folha. Foi apenas durante a pandemia, que ele viu no bordado uma nova possibilidade artística.
“Eu nunca tinha bordado na vida. Vi que existia um movimento das redes sociais em relação ao bordado mesmo, de forma mais artística, estava vendo as pessoas bordando no tecido e usando bastidor como se fosse moldura. Isso me chamou a atenção, porque até então na minha cabeça eu via o bordado como algo tradicional, feito em roupa e pano de prato”, relembra.
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No início, o bordado surgiu em um tecido da avó e em uma flor de uma camiseta rasgada pelo cachorro – um jeito de esconder o furo. “Isso no primeiro semestre de 2020. Nas férias do meio do ano de 2020, eu fui para o sítio e comecei a fazer o bordado com as folhas secas”, pontua.
O bordado, por incrível que pareça, é feito na folha, respeitando as imperfeições e os detalhes de cada uma. “Eu bordo direto na folha. Faço um esboço no papel para poder posicionar o animal na folha para ver como vai ficar, principalmente quando é encomenda. Envio o desenho para a pessoa que pediu e se ela gostar, eu faço na folha”, explica.

Folha esqueletizada 6v1i4u
No início, Alan comprava folhas esqueletizadas em lojas de decoração. “Mas, eu tive a necessidade de ter formato e tamanhos diferentes, então eu mesmo comecei a esqueletizar. Agora está uma demanda muito grande de encomenda e vou precisar terceirizar algumas coisas. Encontrei um local que vende vários formatos e de várias espécies de folhas. Mas, de vez em quando, eu faço esse processo também”.
As folhas esqueletizadas são folhas que secaram e em que toda a clorofila foi retirada. “São folhas de árvore normais, ela a por esse processo para a retirada da clorofila e fica só o esqueleto. Parece uma renda. A da arara-canindé é de magnólia, mas os últimos trabalhos que eu fiz foram em folha de abacate e folha de cacau”, esclarece.

O preço dos trabalhos varia, sendo que o cliente pode adquirir a partir de R$ 600. Além das folhas, Alan também trabalha com penas, pétalas de rosa e já bordou até em favo de mel.
Para conservar melhor, o ideal é emoldurar as peças. “Normalmente eu já entrego na moldura, com um vidro. Ela já protege bem o trabalho, que deve ficar longe da umidade e de muito sol, o que aumenta a durabilidade. Normalmente as pessoas usam mesmo como peça de decoração pendurada na parede ou em estantes”, indica.

Quem quiser conhecer o trabalho de Alan, pode conferir o perfil dele no Instagram @alan.vilar