30 anos depois de explodir em Pantanal, músico de MT compõe 'Volta Chalana' 53e15
A música Chalana, canção de Mário Zan, gravada por cantores como Almir Sater e Sérgio Reis, ganhou o coração dos brasileiros ao fazer parte da primeira versão da novela Pantanal, na década de 1990. Durante muito tempo, um compositor que mora em Mato Grosso ficou refletindo sobre a letra e a história da música. Até que um dia, resolveu compor “Volta Chalana”.

Na visão de Solemar Pereira, de 61 anos, a canção composta por Mário Zan conta a história de um amor que foi embora e nunca mais voltou. E foi sem despedir. Então ele escreveu a continuação. Na versão dele, a pessoa abandonada pede para a chalana voltar.
“Vem chalana, vem trazer o meu amor! Vem chalana vem curar a minha dor”, diz o refrão da música. A pessoa chega a ir às margens do rio na expectativa de que o barco volte, mas quando percebe que não, chora.
A composição é oferecida aos amigos que moram no Pantanal, na Baía de Chacororé. A novela atual é filmada no Pantanal de Mato Grosso do Sul, no município de Aquidauana, mas remete ao bioma como um todo.
Assim como chalana que carrega vida, pessoas e muitas histórias, Solemar tem uma vida cheia de eventos inusitados e curiosos.
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Ele cresceu sem a presença constante dos pais, teve que trabalhar na infância e só conseguiu estudar até a 4ª série primária porque teve trabalhar para garantir o sustento. Aprendeu a tocar “de ouvido” [não teve aulas] e sempre com violão emprestado.
Nasceu no interior de Goiás, mas se mudou para Minas Gerais ainda criança. Saiu de casa muito novo e aos 18 anos se mudou para Mato Grosso, fazendo dupla com um amigo. Viajou de carona, em cima de um caminhão que carregava cimento.

Em Jaciara, conheceu Maria do Carmo, mais conhecida como Carmem, com quem se casou. Sem muita grana, eles foram morar em uma edícula no fundo da casa dos pais dela. Um belo dia, Carmem aparece correndo para chamar o marido para ver o artista que estava sentado na sala da casa dos pais dela: José Rico, da dupla com Milionário.
Coincidentemente, Zé Rico era parente de Carmem e, por algum tempo, foram os pais dela que cuidaram do pai do cantor conhecido nacionalmente. “Me deu uma tremedeira ao ver um dos meus ídolos bem na minha frente”, confessou.

A partir daí, começou uma longa história de amizade e parceria musical. A dupla cantou muitas músicas compostas por Solemar e ele, inclusive, fez parte da banda por algum tempo. Essa parceria também teve muitas idas e vindas e, nesse meio tempo, Solemar participou de outras duplas, outras bandas, tocou muitos bailes, percorreu várias cidades do Brasil e compôs muitas canções.
Ele até tem uma composição feita especialmente para o Roberto Carlos e que nunca foi cantada por outro artista simplesmente porque Solemar não conseguiu entregá-la ao “Rei” e a música é dele e de mais ninguém.
“Quando o Solemar faz uma música para um cantor, ele pensa na personalidade da pessoa, no estilo, na voz, a canção é para aquela pessoa. E ele faz letra e melodia”, contou Carmem.
Aliás, ela é a grande parceira dele. Sempre o acompanhou em todas as tentativas de seguir um carreira próspera e sólida. É grande incentivadora do talento do marido e sempre sonhou junto com ele.
“Nós sempre estivemos juntos em todas as situações e eu sempre quis acompanhá-lo, ajudá-lo, estar ao lado dele”, declarou ela.
Voltando à Chalana, neste ano em que a Rede Globo exibe um remake da novela Pantanal, Solemar soltou a voz e cantou também a sequência da música que tem tudo a ver com o folhetim.