Sindicato diz que vai acionar a Justiça sobre caso de professora punida após críticas a Bolsonaro durante aula em MT 6l5p3g
O Sintrae (Sindicato dos Trabalhadores dos Estabelecimentos de Ensino de Mato Grosso) diz que vai adotar medidas judiciais referentes ao caso da professora do Colégio Notre Dame de Lourdes, em Cuiabá, que foi suspensa após criticar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante uma aula online para estudantes do 3º ano do ensino fundamental. “Existe […] 65a48
O Sintrae (Sindicato dos Trabalhadores dos Estabelecimentos de Ensino de Mato Grosso) diz que vai adotar medidas judiciais referentes ao caso da professora do Colégio Notre Dame de Lourdes, em Cuiabá, que foi suspensa após criticar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante uma aula online para estudantes do 3º ano do ensino fundamental.
“Existe a liberdade de cátedra. Os professores se posicionam dentro de diversos temas. O tema discutido pela professora, no qual causou essa confusão toda, era uma proposta de discutir a demarcação das terras indígenas, uma proposta da escola, que estava discutindo isso com os alunos”, disse Nara Teixeira Souza, presidente do Sintrae.

A sindicalista defendeu ainda o direito dos docentes de expressarem posicionamentos em sala de aula.
“Os professores têm liberdade de dar sua opinião, de colocar as situações todas, que é uma liberdade de ensino. Agora, tem todas as suas responsabilidades também em relação a isso”, falou.
Durante a aula, a educadora fez críticas à gestão de Bolsonaro e teve o áudio gravado pela mãe de um aluno.
“Ele é a favor do desmatamento. Ele é a favor que os garimpeiros façam destruição dentro das terras indígenas. Além da destruição da natureza, está prejudicando o povo indígena. Os garimpeiros e o presidente da república são a favor disso. Temos que começar a pensar o que queremos para o nosso Brasil”, disse a professora.
O áudio foi vazado na terça-feira (31) e, na quinta (2), um helicóptero da Polícia Militar sobrevoou a escola, enquanto um dos tripulantes segurava uma bandeira do Brasil. O ato provocou agitação entre os estudantes que estavam no pátio.
Procurada, a a direção da escola afirma que a suspensão da professora e o sobrevoo não têm relação entre si, e que o ato envolvendo o helicóptero da PM já estava programado como parte das comemorações da Semana da Pátria.
O Ciopaer (Centro Integrado de Operações Aéreas, da Secretaria Estadual de Segurança Pública), por sua vez, divulgou o ofício feito pela escola solicitando a presença do helicóptero. O pedido é de quarta-feira (1º), mas a coordenadora do Notre Dame diz que a solicitação foi feita antes.

“Já estava programado, já tem registro disso acontecendo antes. É uma escola apartidária, não em relação nenhuma. Qual era o meu objetivo? Que as crianças conhecessem um pouquinho das pessoas que servem a pátria. Seja bombeiro, seja Polícia Militar, isso é um trabalho que já acontece nas escolas”, disse Marina Nogarol, coordenadora de Educação Infantil.
O MPMT (Ministério Público de Mato Grosso) instaurou um inquérito para investigar o sobrevoo para saber se a ação foi praticada com algum cunho político ou de intimidação.
A diretora do colégio Notre Dame de Lourdes afirma que a escola não adota o debate político em sala de aula. “Nós temos 50 anos, sou ex-aluna, a escola jamais, jamais tem uma postura político-partidária”, disse irmã Marluce Almeida.
Em nota, a Sesp (Secretaria de Estado de Segurança Pública) informou que, além do sobrevoo, membros do Ciopaer também estiveram na escola, a convite da direção da unidade, para uma palestra sobre o tema “Segurança Pública”.
A secretaria afirma que não coaduna com posicionamentos políticos no âmbito do serviço público e que qualquer excesso cometido por servidores da pasta nesse sentido será motivo de medidas istrativas.