Morto nesta sexta-feira (23), aos 81 anos, o ícone da fotografia mundial Sebastião Salgado viveu o “sonho” de conhecer o Pantanal sul-mato-grossense há 14 anos. O mestre das lentes escolheu as belas paisagens da fauna e flora do bioma para encerrar um dos seus projetos fotográficos mais ambiciosos: Genesis.
Reportagem da TV Morena mostra agem de Sebastião Salgado por Corumbá. (Foto: Reprodução)
A agem de Sebastião Salgado por MS 4e402t
A agem do fotógrafo por Corumbá rendeu até reportagem na TV Morena, exibida em 15 de outubro de 2011, no extinto programa Atualidades.
Durante a expedição Genesis, Sebastião Salgado ou por cerca de 30 países ao longo de oito anos — período em que registrou os locais mais intocados do planeta —, partindo das Ilhas Galápagos, o arquipélago em pleno Oceano Pacífico.
“O Pantanal, para mim, sempre foi um sonho. Eu nunca tive a oportunidade de vir aqui, então, para mim, isso é muito importante. Em Galápagos, eu pude ter uma ideia exata do que Darwin compreendeu quando pensou na teoria da evolução das espécies. E eu tinha muita vontade de terminar no Pantanal, pois o Pantanal é um sonho brasileiro.”
Sebastião Salgado.
Sebastião Salgado dando entrevista para a TV Morena. (Foto: Reprodução)
A viagem pelo Pantanal de Mato Grosso do Sul foi dividida em três etapas. A primeira ou pela Serra do Amolar, seguida da sub-região da Nhecolândia, entre Aquidauana e Miranda, e a terceira etapa incluiu Bonito e Bodoquena.
O fotógrafo esteve acompanhado de biólogos, guias da região e do filho, Juliano Ribeiro Salgado, que transformou a jornada do pai em um documentário. Durante a agem por Corumbá, Sebastião Salgado ainda palestrou para as crianças e adolescentes atendidos pelo Moinho Cultural.
À repórter Nicoli Dichoff, o fotógrafo lembrou a primeira vez que esteve em Mato Grosso do Sul, ainda no período da ditadura:
“Eu já estive uma vez no sul do Mato Grosso do Sul, na cidade de Ponta Porã, numa época muito difícil. Eu não podia entrar no Brasil. Tive alguns problemas com a ditadura. Estava trabalhando no Paraguai e, às vezes, ava em Ponta Porã para tomar uma cervejinha brasileira, telefonar para minha família e voltar para o Paraguai.”
Sebastião Salgado.
Sebastião Salgado palestrando para os alunos do Moinho Cultural. (Foto: Reprodução)
Genesis marcou uma “virada de chave” na carreira do fotógrafo, que ganhou notoriedade mundial retratando as mazelas da humanidade.
“Pela primeira vez na vida, eu fotografei outros animais, pois, até então, eu só havia fotografado um animal: o ser humano.”
Sebastião Salgado.
O resultado de oito anos de viagens foi um projeto fotográfico com mais de 200 imagens em preto e branco, que retratam o que há de mais belo e instigante nas regiões mais remotas do planeta.
Genesis rendeu um livro, dezenas de exposições ao redor do mundo e reforçou a posição de Sebastião Salgado como um defensor do meio ambiente e um dos maiores fotógrafos do mundo.
Fotografia do projeto Genesis. (Foto: Sebastião Salgado)
“O planeta é um só. Nós somos uma só espécie. Eu acho que a gente tem que ter essa verdadeira visão global — a visão geral do planeta, das várias regiões do planeta, dos vários ecossistemas —, respeitando todas as regiões, todas as espécies. O planeta é a nossa casa.”
Sebastião Salgado.
Sebastião Salgado partiu cedo demais nesta sexta-feira (23). A informação foi divulgada pelo Instituto Terra, ONG fundada pelo fotógrafo brasileiro ao lado da esposa.
“Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado de sua companheira de vida, Lélia Deluiz Wanick Salgado, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade. Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora.”