“O país está arrasado, o sentimento nas ruas é de profunda tristeza e sofrimento. Ninguém sorri, as pessoas estão assustadas, é muito recente. Ainda temos o agravante da possibilidade de novos tremores. Amanhã pela manhã estou indo para Marraquexe eu já estive lá duas vezes e os prédios que já visitei estão desabados”.
Registro dos hóspedes fora do hostel após tremor de terra (reprodução/redes sociais)
A declaração acima é da advogada sul-mato-grossense Sara Helma Hampel que incluiu Marrocos no roteiro do mochilão que está fazendo por vários países do mundo. Ela também sentiu os efeitos do terremoto de magnitude 6,8 que atingiu o país na sexta-feira e deixou ao menos 1,3 mil mortos.
Sara estava em seu hostel quando escutou um som intenso. “Durante o abalo ouvi um barulho muito intenso e assustador, foi o que mais me marcou, cheguei a pensar que era uma tempestade, mas não tinha vento. O som era da estrutura dos prédios tremendo mesmo”.
Imagens dos hóspedes fora do hostel (Foto: reprodução)
Não demorou até que o barulho assustador do tremor dos prédios fosse substituído pelos gritos de outros hóspedes que desceram correndo as escadas. “Foi aí que me dei conta que estava ando por uma catástrofe natural. Ficamos na rua até quase 3 da manhã, pois não podíamos entrar nos prédios. A instrução era ficar na rua, pois a qualquer momento poderiam ocorrer novos tremores. Foi uma noite de pânico”.
A advogada que já havia ado pela África do Sul, Egito, Israel, Etiópia, nunca tinha acompanhado nenhum terremoto ou desastre natural.
“Levei uns 20 segundos para me dar conta de que estava ando por um. Só entendi quando os tremores não pararam e a intensidade aumentou, o teto chacoalhou, as paredes tremiam, os vidros das janelas pareciam que iriam estourar a qualquer momento e os quadros mexendo sem parar”.
O terremoto de magnitude 6,8 na Escala Richter (considerado forte e capaz de causar grandes estragos) matou mais de mil pessoas e foi sentido em várias partes do país. Ele ocorreu às 19h11 no horário de Brasília (23h11 no horário local).
Seu epicentro foi a 71 km a sudoeste de Marrakech, nas montanhas do Atlas, a uma profundidade de 18,5 km da superfície terrestre. O tremor durou cerca de 15 segundos.
Marrocos está localizado entre as placas tectônicas da África e euroasiática. Isso faz com que o país seja frequentemente atingido por terremotos. Em 2004, por exemplo, pelo menos 628 pessoas morreram e 926 ficaram feridas quando um abalo sísmico sacudiu Alhucemas, no nordeste do país.
“Estou no país há 26 dias, andei por muitas cidades, do norte ao sul. Estou triste em deixar o Marrocos em meio a este caos. O Marrocos é um destino inesquecível, afinal, sobrevivi ao maior terremoto do século do país, estou muito grata por isso. Isso apenas reforçou meu sentimento de que a vida é breve, e que devemos vivê-la ao máximo. Nunca sabemos o dia de amanhã”, disse a advogada.
Sara Helma Hampel em Marrocos, antes do terremoto (Foto: Arquivo Pessoal)