Na favela, "Dia das Mães" expõe a realidade e desafia clichês 4i3x4o

Na comunidade "Alfavela", o dia dia da maternidade é recheado de desafios ainda maiores 356h58

Favela "Alfavela"
Rua Poética no Portal Caiobá (Foto: Maressa Mendonça)

“Para mim é tranquilo. Não tem lado difícil”. A declaração é de uma dona de casa de 31 anos, moradora do “Alfavela”, ao se referir à maternidade. Difícil, para ela, foi ter de viver em situação de rua durante muitos anos. O fato de perder a guarda de duas filhas por não ter um abrigo adequado para oferecer também foi apontado por ela como uma situação complicada, mas ser mãe, não. Esta parte ela gosta e exerce diariamente com a filha de 11 anos.

No “Dia das Mães” a reportagem do Primeira Página mostra o resultado de conversas com algumas moradoras do “Alfavela”, uma comunidade localizada no Portal Caiobá em Campo Grande, que expõem a realidade e desafiam clichês. A dona de casa que abre o texto será chamada de Maria.

Maria mora com a filha pré-adolescente em um dos barracos da “Alfavela” e conta com auxílio de um parente, além de bolsa do Governo Federal para comprar comida e outros itens básicos para elas.

Ela já perdeu a conta de quantas coisas perdeu em decorrência das chuvas que atingiram a favela. Para além dos danos materiais, Maria também contabiliza a separação de duas filhas. As meninas foram retiradas dela ainda bebês porque ela morava em situação de rua.

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Na casa de “Maria”, elas usam lenha para não precisar comprar gás (Foto: Maressa Mendonça)


Depois de um tempo engravidou novamente e, desta vez, está com a filha. “Ela é tudo para mim. É tudo o que eu tenho. Até quando fico doente ela me ajuda. Ela é tudo para mim”, diz, apontando para a menina. Maria se esforça para buscar na memória a parte difícil de ser mãe, mas não encontra. “É tranquilo”, repete mais de uma vez.

Quem também considera a maternidade “tranquila” é Luzinete Ferreira da Silva, de 52 anos. Mãe de três, com idades entre 33 e 23, ela conta sempre ter tido ajuda da avó para cuidar deles. Por isso nem lembra de eles terem dado “trabalho”. Antes de ir morar nesta favela, era vivia em outra comunidade no bairro São Jorge da Lagoa.

“Díficil está sendo agora”, diz Luzinete, sobre os filhos “crescidos e criados”. É que um deles, o único homem, foi diagnosticado com depressão. “Nenhum deles me deu trabalho. Nunca tive nenhum problema, só agora”, diz.

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Filha de Maria mostra ponto por onde água da chuva entra na casa (Foto: Maressa Mendonça)

Saúde, lazer e educação x4j8

Mãe de seis crianças, Tatiane Arruda Rocha, de 27 anos, se diz “abençoada” com tantos filhos, a mais velha com 12 anos e a caçula 36 dias, e com a capacidade de ganhar dinheiro, juntamente com o marido, para sustentá-los. “Meu marido faz sabão e eu faço bombom. Tudo o que a gente sabe que dá dinheiro, a gente faz e vende. A gente ainda volta com encomenda”, diz.

Apesar dessa “facilidade” que eles têm de gerar renda, Tatiane conta que se preocupa com muitas coisas em relação aos filhos morando naquela favela. “Falta segurança, saúde, educação. Não tem escola para criança mais velha e você não acha um projeto para criança”.

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Tatiane Arruda Rocha, de 27 anos, é mãe de seis crianças (Foto: Maressa Mendonça)

Ela afirma que a Rua Poética, onde fica a comunidade “Alfavela”, fica muito escura à tarde e à noite e, por esse motivo, não deixa os filhos brincarem na frente de casa de jeito nenhum.

Quando um deles fica doente voltam as preocupações. Segundo ela, são poucas vagas para pediatra, então é preciso escolher qual filho está precisando mais ou fazer uma peregrinação em busca de outras unidades de saúde.

O fato de a escola mais próxima atender só alunos até o 6º ano também a preocupa. “Depois disso, os pais têm que se virar para achar escola. E não tem uma praça, um projeto aqui no bairro para levar essas crianças”, lamenta.

Com tantas situações adversas, ela confessa sofrer com a situação. “Toda mãe quer dar o melhor para o filho. A gente se sente impotente”, finaliza.

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