“Minha condição genética não me limita” diz Laudisséia que tem Transtorno de Espectro Autista 1u2g47
Dia Mundial de Conscientização do Autismo é celebrado neste sábado (2) 236ar
O TEA (Transtorno de Espectro Autista) é um transtorno no neurodesenvolvimento que se refere a uma série de condições caracterizadas por algum grau de comprometimento no comportamento social, na comunicação e na linguagem.
A servidora pública federal, Laudisséia de França Figueiredo, de 48 anos, conta que recebeu o diagnóstico já adulta.

“O laudo veio tardiamente mas graças ao olhar generoso e empático da psicóloga Janaine Silvestre (mestre em autismo) e da psiquiatra Luciana Stalt, doutora em TEA”, explica a servidora.
Na busca pelo diagnóstico e tratamento, a partir de leituras sobre o assunto, ela foi se reconhecendo.
Após ouvir relatos de pessoas próximas de Laudisséia, como as irmãs dela e especialmente a ex-chefe, tão logo a psicóloga entregou o parecer: TEA e TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade).
Ela afirma que descoberta foi libertadora, já que desde pequena, sempre se sentiu diferente dos demais.

“O laudo em adulto é autoconhecimento. Representa oportunidade de buscar auxílio profissional e de como lidar com as nossas dificuldades. Desde pequena, sempre me percebi diferente, não apenas por ser albina, mas por ter comportamentos peculiares e diferentes dos outros. Conforme relato de minha mãe e irmãs, demorei para falar. Quando criança (até hoje de certa forma) sempre gostei de estar em meu mundinho, lendo, sonorizando”, conta.
Segundo Laudisséia, o fato de também apresentar deficiência visual, fez com que ela buscasse ao longo da vida formas de melhor adaptação e resiliência. Na adolescência ela diz ter encontrado no humor e no Clube de Desbravadores, formas de aproximação e socialização com outra pessoas, o que ela define como uma “aproximação distanciada”.
“Sempre me percebendo diferente, inadequada. Para melhor identificação com os pares, os imitava, inclusive nas roupas, fato que gerou recorrentes depressões e tentativa de suicídio. Hoje sinto-me mais leve. A minha condição genética me define, mas não me determina, não me limita e nem me incapacita, apenas representa o ponto de largada de uma longa jornada. Diagnóstico não é destino”, ressalta.
Dia Mundial de Conscientização do Autismo 3q5x2g
Neste sábado (2) é celebrado o “Dia Mundial de Conscientização do Autismo”. O transtorno começa a aparecer no primeiros anos de vida e tende a persistir na adolescência e na idade adulta.

Pessoas que possuem esta condição, possuem uma gama estreita de interesses e atividades que são únicas para o indivíduo e realizadas de forma repetitiva. Elas também podem apresentar outras condições, como epilepsia, depressão, ansiedade e TDAH.
O nível de funcionamento intelectual em indivíduos com TEA varia e é único para cada pessoa, podendo ser do grau leve ao mais grave.
O Espectro Autista na vida adulta 2c4x30
A professora e psicopedagoga, Hiljonan Bispo da Penha Carvalho, por exemplo, percebeu algo de diferente no filho desde muito cedo.
Aos quase 6 anos, Lucas Guilherme da Penha Carvalho, foi diagnosticado com o transtorno. Hoje, ele tem 20 anos e a mãe desabafa que mesmo depois de anos de tratamento e esforços para a inclusão dele, as dificuldades agora são outras.

“Ele terminou o Ensino Médio em 2020 e agora está no processo de Jovem Aprendiz no Senai mas a dificuldade que a gente vive hoje, na fase adulta, é bem delicada. É como se todo o processo que ele tinha feito, com as terapias e a questão da inclusão, fosse interrompido, porque a sociedade não tolera muito a questão do adulto. Quando criança é tudo muito aceitável, tolerável e o adulto a a responder civilmente e criminalmente como adulto mesmo tendo o diagnóstico de autismo. Hoje, a minha luta e de outras mães, é que eles justamente possam ser vistos”, relata a professora.
Nos próximos dias 4 e 5 de abril, haverá das 8h às 18h no Teatro do Cerrado Zulmira Canavarros, o 2º Simpósio sobre Autismo em Mato Grosso, cujo o tema é ”Autismo na inserção entre a saúde e educação no reconhecimento da neurodiversidade”.
Hiljonan destaca a importância do debate sobre o tema.
“Eles precisam ser ouvidos, vistos em termos de educação, curso técnico, especialização, faculdade, trabalho e vida social.
Eles acabam ficando esquecidos. Tudo isso são tentativas para que eles possam fazer parte da sociedade. Para que ele tenha o maior nível de autonomia possível em uma vida adulta e na maioria das vezes não é isso que acontece”, conclui.
FALE COM O PP 6s423v
Para falar com a redação do Primeira Página em Mato Grosso, clique aqui. Curta o nosso Facebook e siga a gente no Instagram.