Caminho da esperança: venezuelanos buscam 'refúgio' em Cuiabá 6v3b2e
A crise econômica e social a partir de meados da década de 2010 que ocasionou a intensificação do fluxo venezuelano para o Brasil e outros países da região 4z5l49
Cuiabá, cidade com fluxo migratório tão intenso que tem até apelido para quem vem de fora (‘pau rodado’), viu uma mudança no perfil de seus imigrantes nos últimos anos. Após receber milhares de haitianos, a capital mato-grossense agora é a esperança de vida melhor para cidadãos da Venezuela.
Enquanto desastres naturais e um surto de cólera entre 2010 e 2012 foram marcos históricos para a imigração haitiana, foi a crise econômica e social a partir de meados da década de 2010 que ocasionou a intensificação do fluxo venezuelano para o Brasil e outros países da região.

Não há números precisos sobre quantos venezuelanos vivem em Cuiabá. Porém, dados da Polícia Federal dão uma dimensão sobre esse quantitativo. Em três anos, 3.188 procuraram a sede da PF na cidade para regularizar a documentação. Foram 666 em 2019, 462 em 2020 e 2.060 em 2021.
Venezuelanos e haitianos 3926e
O perfil dos imigrantes dos dois países é diferente, analisa o coordenador da Pastoral do Migrante em Cuiabá, padre Valdecir Mayer Molinari.
“As mulheres haitianas vieram quando os companheiros haitianos já estavam estabelecidos. Com os venezuelanos, não. Muitas mulheres vêm sem os companheiros, somente com os filhos, por exemplo, para tentar uma vida melhor”, disse.
Em uma das semanas de dezembro, por exemplo, quatro mulheres chegaram à pastoral em busca de acolhimento. Cada uma com três filhos.
“Uma boa parte dessas que chegam com bebês são vindas do Peru. Depois de tentarem a vida lá, elas vêm para Mato Grosso. Chegamos a ter 18 bebês de uma só vez na casa”, contou.
A formação educacional de venezuelanos e haitianos é diferente também, analisa o religioso.
“Na Venezuela, a educação é gratuita, a maioria tem estudo. No Haiti, a educação é privada. Não vimos, por exemplo, analfabetismo entre venezuelanos”, disse o padre.
“Boa parte dos que vêm já são formados. Nos nossos cursos de empreendedorismo, descobrimos que muitos que eram profissionais não encontraram espaço na própria área. São engenheiros civis, bancários, médicos, enfermeiros”, exemplificou.

A Pastoral do Migrante, em Cuiabá, é um dos locais mais procurados por quem vem de fora do país. A instituição atua em diferentes eixos, como acolhida e cursos de qualificação em parceria com demais instituições, ajuda para obter documentação a fim de regularização da situação dos imigrantes no Brasil, e contato direto com empresas para conseguir emprego.
A casa tem capacidade para atender até 70 pessoas, mas reduziu esse número para 40 por causa da pandemia. A maioria atualmente é de venezuelanos, porém há pessoas de demais países como Cuba e Colômbia.
Com o auxílio de doações, a pastoral já ajudou mais de 800 famílias venezuelanas com cestas básicas em Cuiabá. Mensalmente, são distribuídas cerca de 200.
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A Secretaria de Assistência Social de Cuiabá afirma que as famílias de venezuelanos que vêm à cidade em busca de melhores condições têm perfil para inscrição no CadÚnico para inclusão em programas sociais do Governo Federal como o Auxílio Brasil (antigo Bolsa Família), Minha Casa, Minha Vida, Tarifa Social de Energia Elétrica, entre outros.
A pasta diz que faz abordagens diárias nas principais ruas e avenidas para orientar os venezuelanos sobre os programas e serviços da secretaria, e que convida as famílias a conhecer os serviços das 14 CRAs (Unidades de Centro de Referência de Assistência Social) e os dois Creas (Centros Especializados em Assistência Social) municipais.
Somente no ano ado, durante essas abordagens, foram identificados 70 adultos e 56 crianças vindos da Venezuela.
Histórias para contar o461c
Migrar é um direito humano e todo imigrante tem uma história para contar. O Primeira Página ouviu algumas delas. Em comum, o desejo de uma vida melhor e feliz. Você confere esses depoimentos a partir desta quinta-feira (27).
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